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ANÁLISE
PIB reage, mas a dor ainda persiste
JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"
A recessão dos Estados Unidos acabou. A confirmação oficial surgiu com a notícia de que
o PIB (Produto Interno Bruto)
do terceiro trimestre cresceu
em ritmo anualizado de 3,5%
-um pouco acima das projeções positivas.
As ações entraram em alta, e
o dólar manteve a queda. Os
números são motivo suficiente
para brecar o recente retorno
da aversão a riscos. Em curto
prazo, a chave para determinar
se o apetite por risco pode retornar dependerá de dados que
devem ser divulgados na semana que vem, o mais importante
dos quais é o nível de emprego
dos Estados Unidos.
Isso fica claro se considerarmos a maneira pela qual a recuperação do PIB foi realizada. A
renda domiciliar disponível na
verdade caiu durante o trimestre, em 3,4%, mas o consumo
subiu, também por 3,4%. Não
se trata de um padrão que possa
ser sustentado por muito tempo, e ele é incompatível com a
necessidade de pagar dívidas
que existe entre as famílias
norte-americanas.
O consumo cresceu em larga
medida devido ao grande aumento dos gastos com bens duráveis, liderado pelas compras
de automóveis.
Subsídios governamentais,
por meio de um programa que
estimulava a troca de veículos
usados por carros zero e se encerrou antes do final do trimestre, fornecem boa parte da explicação para isso.
Enquanto isso, os créditos
tributários a proprietários de
imóveis, que ajudaram a reanimar as atividades no mercado
da habitação, devem ser retirados ainda neste ano. A questão
agora é determinar se o consumo mais elevado poderá ser
sustentado sem apoio governamental.
A esperança é que a recuperação na atividade ajude os
consumidores a ganhar confiança. Mas as pesquisas do
Conference Board sobre a confiança dos consumidores e a
crescente insatisfação com a situação econômica que as pesquisas de opinião política refletem, demonstra que esse efeito
ainda não surgiu.
O motivo provável para isso é
o desemprego, que continua a
subir e solapa a confiança de todos aqueles que são atingidos
por ele.
Os dados de ontem sobre solicitações iniciais de benefícios-desemprego confirmaram
que o ritmo de alta do desemprego se moderou de forma significativa, mas ainda assim
continua a crescer mais rápido
do que em qualquer momento
anterior à crise financeira, nesta década.
Isso explica por que os consumidores não estão se sentindo melhor, ainda que a recessão
tenha acabado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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