São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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ANÁLISE

PIB reage, mas a dor ainda persiste

JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"

A recessão dos Estados Unidos acabou. A confirmação oficial surgiu com a notícia de que o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre cresceu em ritmo anualizado de 3,5% -um pouco acima das projeções positivas.
As ações entraram em alta, e o dólar manteve a queda. Os números são motivo suficiente para brecar o recente retorno da aversão a riscos. Em curto prazo, a chave para determinar se o apetite por risco pode retornar dependerá de dados que devem ser divulgados na semana que vem, o mais importante dos quais é o nível de emprego dos Estados Unidos.
Isso fica claro se considerarmos a maneira pela qual a recuperação do PIB foi realizada. A renda domiciliar disponível na verdade caiu durante o trimestre, em 3,4%, mas o consumo subiu, também por 3,4%. Não se trata de um padrão que possa ser sustentado por muito tempo, e ele é incompatível com a necessidade de pagar dívidas que existe entre as famílias norte-americanas.
O consumo cresceu em larga medida devido ao grande aumento dos gastos com bens duráveis, liderado pelas compras de automóveis.
Subsídios governamentais, por meio de um programa que estimulava a troca de veículos usados por carros zero e se encerrou antes do final do trimestre, fornecem boa parte da explicação para isso.
Enquanto isso, os créditos tributários a proprietários de imóveis, que ajudaram a reanimar as atividades no mercado da habitação, devem ser retirados ainda neste ano. A questão agora é determinar se o consumo mais elevado poderá ser sustentado sem apoio governamental.
A esperança é que a recuperação na atividade ajude os consumidores a ganhar confiança. Mas as pesquisas do Conference Board sobre a confiança dos consumidores e a crescente insatisfação com a situação econômica que as pesquisas de opinião política refletem, demonstra que esse efeito ainda não surgiu.
O motivo provável para isso é o desemprego, que continua a subir e solapa a confiança de todos aqueles que são atingidos por ele.
Os dados de ontem sobre solicitações iniciais de benefícios-desemprego confirmaram que o ritmo de alta do desemprego se moderou de forma significativa, mas ainda assim continua a crescer mais rápido do que em qualquer momento anterior à crise financeira, nesta década.
Isso explica por que os consumidores não estão se sentindo melhor, ainda que a recessão tenha acabado.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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