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Americanos devem voltar a
comprar do Brasil
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o fim da recessão nos
Estados Unidos, as exportações brasileiras para aquele
país devem retomar ritmo,
apontam analistas. Mas dificilmente o Brasil conseguirá
recuperar o mercado que tinha para suas manufaturas.
Neste ano -até setembro-, as vendas externas do
Brasil para os EUA caíram
47% em relação ao mesmo
período de 2008, segundo
dados do Mdic (Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). O
saldo comercial no comércio
também passou a ser negativo, e o país deve registrar em
2009 o primeiro deficit com
os EUA após nove anos.
"A partir de agora, passada
a pior fase nos EUA, as exportações do Brasil para lá
vão ganhar fôlego. Deve haver até um ganho de participação", afirma André Sacconato, analista da Tendências
Consultoria.
A participação dos Estados
Unidos no total das exportações brasileiras caiu de
15,46% em setembro de
2008 para 9,47% no mês passado. "Uma perda dessa magnitude em um ano é inédita.
A expectativa é que possamos voltar a um percentual
entre 12% e 13%", diz.
De acordo com José Augusto Castro, diretor da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), a lógica é
que aumente o volume de exportações para os Estados
Unidos, mas o problema
principal, segundo ele, está
no empobrecimento da pauta de exportações, mais difícil de reverter.
Os dois principais produtos da pauta de exportação
brasileira para os EUA atualmente são petróleo bruto e
café, segundo dados do Mdic.
"Antes, os manufaturados
tinham predominância. Agora, não temos competitividade suficiente nessa classe de
produtos basicamente por
causa do câmbio valorizado.
Por isso, passamos a vender
mais commodities", afirma o
diretor da AEB.
Essa mudança no perfil da
pauta de exportações, segundo ele, deve-se, além do efeito do câmbio, a um fator
ideológico.
"O governo Lula realizou
uma série de missões especiais para incrementar o comércio com a Ásia, a África, o
Oriente Médio e a América
Latina, mas não fez o mesmo
para impulsionar o comércio
com os EUA. Faltou marketing de governo no país que
era o maior parceiro comercial do Brasil", avalia o diretor da AEB.
Para ele, o saldo comercial
do Brasil com os EUA deve se
manter negativo no ano que
vem, a não ser que haja um
processo intenso de valorização das commodities.
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