São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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Americanos devem voltar a comprar do Brasil

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o fim da recessão nos Estados Unidos, as exportações brasileiras para aquele país devem retomar ritmo, apontam analistas. Mas dificilmente o Brasil conseguirá recuperar o mercado que tinha para suas manufaturas.
Neste ano -até setembro-, as vendas externas do Brasil para os EUA caíram 47% em relação ao mesmo período de 2008, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). O saldo comercial no comércio também passou a ser negativo, e o país deve registrar em 2009 o primeiro deficit com os EUA após nove anos.
"A partir de agora, passada a pior fase nos EUA, as exportações do Brasil para lá vão ganhar fôlego. Deve haver até um ganho de participação", afirma André Sacconato, analista da Tendências Consultoria.
A participação dos Estados Unidos no total das exportações brasileiras caiu de 15,46% em setembro de 2008 para 9,47% no mês passado. "Uma perda dessa magnitude em um ano é inédita. A expectativa é que possamos voltar a um percentual entre 12% e 13%", diz.
De acordo com José Augusto Castro, diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a lógica é que aumente o volume de exportações para os Estados Unidos, mas o problema principal, segundo ele, está no empobrecimento da pauta de exportações, mais difícil de reverter.
Os dois principais produtos da pauta de exportação brasileira para os EUA atualmente são petróleo bruto e café, segundo dados do Mdic.
"Antes, os manufaturados tinham predominância. Agora, não temos competitividade suficiente nessa classe de produtos basicamente por causa do câmbio valorizado. Por isso, passamos a vender mais commodities", afirma o diretor da AEB.
Essa mudança no perfil da pauta de exportações, segundo ele, deve-se, além do efeito do câmbio, a um fator ideológico.
"O governo Lula realizou uma série de missões especiais para incrementar o comércio com a Ásia, a África, o Oriente Médio e a América Latina, mas não fez o mesmo para impulsionar o comércio com os EUA. Faltou marketing de governo no país que era o maior parceiro comercial do Brasil", avalia o diretor da AEB.
Para ele, o saldo comercial do Brasil com os EUA deve se manter negativo no ano que vem, a não ser que haja um processo intenso de valorização das commodities.


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