São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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Consumo maior, com pressão sobre inflação, ainda preocupa o BC

Para a instituição, "acomodação da demanda", gerada pela crise, "poderia estar sendo superada"

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central quer mais tempo para avaliar se a recuperação da economia brasileira, que se intensificou nos últimos meses, irá ou não gerar pressões inflacionárias que levem ao aumento dos juros no último ano do governo Lula.
Essa é uma das informações contidas na ata do Copom divulgada ontem. O documento apresenta as justificativas para a decisão tomada na semana passada, quando a instituição decidiu manter a taxa básica de juros da economia inalterada em 8,75% ao ano.
Na ata anterior, divulgada há cerca de 40 dias, o BC ainda tratava o período de desaceleração da economia brasileira -que chegou a entrar em recessão- como uma situação presente. Agora, essa "breve contração" já aparece como coisa do passado. Em relação ao cenário internacional, a recuperação "que parecia ter início" já é vista agora como algo que parece estar se consolidando.
"Depois de uma breve contração, a demanda doméstica passou a mostrar evidências de recuperação, graças aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda", diz ata.
A avaliação é que a "acomodação da demanda" dos consumidores brasileiros, provocada pela crise econômica mundial "poderia estar sendo superada". O aumento da demanda é um dos fatores que mais preocupam o BC, devido aos seus efeitos sobre a inflação.
Em relação à oferta de produtos -o outro lado dessa conta-, a ata mantém a visão de que ainda há espaço para que a indústria se recupere sem chegar ao seu limite e, assim, pressionar os preços.
Por isso, ao falar sobre o futuro da inflação, o BC diz que vai manter uma "posição cautelosa", mas que são pequenas as possibilidades de que a inflação vá ficar acima da meta de 4,5% neste e nos próximos anos.
Embora não indique se irá ou não elevar os juros em 2010 -questão que ainda divide alguns economistas-, o BC usa o exemplo de outras economias para mostrar que a queda dos juros é algo que não faz mais parte da política de combate à crise. "Após um período de flexibilização agressiva, a política monetária, em um número significativo de países, parece ter entrado em fase de estabilidade e, em alguns casos, de remoção de estímulos introduzidos no período mais agudo da contração internacional."

Queda pode continuar
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem que os juros reais, que consideram a taxa nominal e a projeção de inflação para os próximos 12 meses, podem continuar caindo.
"À medida que o Brasil continue com políticas responsáveis de estabilização, certamente há condições de continuar nessa trajetória [de queda] no futuro", disse Meirelles.
Meirelles chamou a atenção para os benefícios de uma economia com inflação dentro da meta estipulada pelo governo federal, o que inclui expansão do crédito e dos investimentos.


Colaborou a Folha Online


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