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Consumo maior, com
pressão sobre inflação,
ainda preocupa o BC
Para a instituição, "acomodação da demanda", gerada pela crise, "poderia estar sendo superada"
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central quer mais
tempo para avaliar se a recuperação da economia brasileira,
que se intensificou nos últimos
meses, irá ou não gerar pressões inflacionárias que levem
ao aumento dos juros no último
ano do governo Lula.
Essa é uma das informações
contidas na ata do Copom divulgada ontem. O documento
apresenta as justificativas para
a decisão tomada na semana
passada, quando a instituição
decidiu manter a taxa básica de
juros da economia inalterada
em 8,75% ao ano.
Na ata anterior, divulgada há
cerca de 40 dias, o BC ainda tratava o período de desaceleração
da economia brasileira -que
chegou a entrar em recessão-
como uma situação presente.
Agora, essa "breve contração"
já aparece como coisa do passado. Em relação ao cenário internacional, a recuperação
"que parecia ter início" já é vista agora como algo que parece
estar se consolidando.
"Depois de uma breve contração, a demanda doméstica
passou a mostrar evidências de
recuperação, graças aos efeitos
de fatores de estímulo, como o
crescimento da renda", diz ata.
A avaliação é que a "acomodação da demanda" dos consumidores brasileiros, provocada
pela crise econômica mundial
"poderia estar sendo superada". O aumento da demanda é
um dos fatores que mais preocupam o BC, devido aos seus
efeitos sobre a inflação.
Em relação à oferta de produtos -o outro lado dessa conta-, a ata mantém a visão de
que ainda há espaço para que a
indústria se recupere sem chegar ao seu limite e, assim, pressionar os preços.
Por isso, ao falar sobre o futuro da inflação, o BC diz que vai
manter uma "posição cautelosa", mas que são pequenas as
possibilidades de que a inflação
vá ficar acima da meta de 4,5%
neste e nos próximos anos.
Embora não indique se irá ou
não elevar os juros em 2010
-questão que ainda divide alguns economistas-, o BC usa o
exemplo de outras economias
para mostrar que a queda dos
juros é algo que não faz mais
parte da política de combate à
crise. "Após um período de flexibilização agressiva, a política
monetária, em um número significativo de países, parece ter
entrado em fase de estabilidade
e, em alguns casos, de remoção
de estímulos introduzidos no
período mais agudo da contração internacional."
Queda pode continuar
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem que
os juros reais, que consideram a
taxa nominal e a projeção de inflação para os próximos 12 meses, podem continuar caindo.
"À medida que o Brasil continue com políticas responsáveis
de estabilização, certamente há
condições de continuar nessa
trajetória [de queda] no futuro", disse Meirelles.
Meirelles chamou a atenção
para os benefícios de uma economia com inflação dentro da
meta estipulada pelo governo
federal, o que inclui expansão
do crédito e dos investimentos.
Colaborou a Folha Online
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