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Verba de anos anteriores cobre 64% do PAC
Maior parte das obras não é financiada com recursos previstos no Orçamento do ano corrente, diz TCU
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório aprovado pelo TCU
(Tribunal de Contas da União)
mostra que, em 2008, 64% das
despesas com projetos do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) foram pagas com
recursos provenientes de restos a pagar, ou seja, aqueles recursos que foram reservados
para quitar contas em exercício
anteriores e, não utilizados,
acabaram sendo transferidos
para os subsequentes.
Portanto, em 2008, apenas
36% do conjunto de programas
prioritários para o governo Lula tiveram suas faturas resgatadas com dotações previstas para aquele ano, conforme o relatório do TCU sobre a execução
orçamentária do PAC relatado
pelo ministro Augusto Nardes e
aprovado anteontem.
A participação dos restos a
pagar na quitação das despesas
vem crescendo ano a ano. Em
2007, quitaram 39% do PAC.
Em meio às críticas do presidente Lula ao TCU, o relatório
aponta que, quando se trata de
projeto do PAC, o governo se
compromete a gastar mais do
que para outros (90% contra
66%). Porém, quando se trata
de liquidação de despesas, o
percentual é praticamente o
mesmo para todas as ações:
cerca de 20%.
Importante: o índice não inclui os restos a pagar. Se incluísse, o PAC levaria vantagem: teria um índice de execução de 37,5% em relação às demais ações governamentais.
Uma das possíveis justificativas para esse quadro, segundo a
Folha apurou com técnicos do
TCU, está na concentração de
empenhos (compromisso de
gasto) no segundo semestre, o
que dificulta a execução orçamentária, além da própria burocracia exigida no processo licitatório que vincula os gastos
públicos.
Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa
do Tesouro Nacional não havia
respondido a pedido de entrevista da Folha.
Campeões
No que diz respeito à distribuição das verbas, os ministérios que mais receberam recursos foram Transportes, Cidades e Integração Nacional. Juntos, ficaram com 91,6% das verbas do PAC.
Chama atenção no relatório
técnico do TCU, sob o aspecto
negativo, o baixo índice de execução apresentado pelo Ministério da Saúde, que recebeu R$
1 bilhão, mas executou apenas
0,6% desse total, percentual
bem inferior à média do PAC,
de 20,8% (sem incluir a ação
dos restos a pagar).
O relatório destaca como positivo o aumento de verbas orçamentárias para o PAC em
2008: R$ 47,8 bilhões, contra
R$ 42 bilhões do ano anterior.
Também registra no relatório o investimento diferenciado feito pelas estatais, que tiveram uma taxa de execução de
82% da dotação prevista.
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