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Aumenta a participação da Europa nas vendas da Vale
China é principal compradora, mas peso nas exportações da empresa caiu de 66% para 55%
Companhia foi responsável por quase 45% do superavit comercial do país no 3º tri; após balanço, ações têm avanço de 8,6% na Bovespa
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da liderança incontestável da China como principal mercado da Vale, a Europa
começa a reagir e a mineradora
já voltou a vender mais minério
de ferro para as siderúrgicas do
continente, que por anos foi o
principal mercado da empresa.
A participação da Europa nas
vendas totais da mineradora
saltou de 8,9% para 15,4% do
segundo para o terceiro trimestre deste ano. Já a da China cedeu de 65,7% para 54,7%, mas o
país ainda corresponde por
mais da metade do faturamento da mineradora.
Tal dependência deve perdurar por um bom tempo, já que o
mercado chinês cresce continuamente. No terceiro trimestre, a Vale bateu recorde de exportação para aquele país, com
vendas de 41 milhões de toneladas -volume 13% maior do que
no trimestre anterior.
Fábio Barbosa, diretor financeiro da Vale, ressaltou ontem a
importância da retomada de
"mercados naturais" da mineradora, como Brasil e Europa.
Para ele, porém, a China deve
se manter mais dinâmica e líder global em crescimento econômico. Na visão dele, a recuperação em curso é uma "tendência de longo prazo" e não há
sinais de reversão, em especial
no caso do país asiático.
"Acreditamos que o futuro
será muito promissor", disse
Barbosa, em teleconferência
para analistas.
Há, porém, no mercado uma
preocupação com a concentração das vendas da Vale para a
China. Isso porque o país não
aceita a política de preço da mineradora, que prevê contratos
de longo prazo com reajustes
anuais únicos que referenciam
todos os negócios da empresa.
Em vigor há 40 anos, o sistema é contestado pela China,
que prefere hoje comprar sem
contrato de longo prazo no
mercado à vista e pagar o preço
de ocasião -seja ele mais alto
em tempos de demanda aquecida ou menor em momentos
de contração da economia.
Hoje a Vale vende para a China no mercado à vista e não
conseguiu emplacar a redução
de preço de 27% do minério de
ferro prevista para 2009 e fixada nos contratos com siderúrgicas de outros países.
Em alta
De janeiro a setembro, a Vale
lucrou R$ 3 bilhões, 105% mais
do que o segundo trimestre. O
resultado foi, porém, 61% menor do que o alcançado no terceiro trimestre de 2008. Após a
forte queda de quarta-feira, as
ações preferenciais da Vale subiram 8,59%, num dia de alta
quase generalizada da Bovespa.
A Vale foi responsável por
quase 45% do superavit comercial do país no terceiro trimestre. Em resposta ao governo,
Barbosa criticou a possibilidade de taxação das exportações
de minério -proposta aventada pelo Executivo para forçar a
mineradora a investir mais.
Um dia após a divulgação de
seu balanço, a Vale não fez coletiva de imprensa para comentar resultados, como é de costume. Realizou apenas uma conferência com analistas por internet e telefone.
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