São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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Aumenta a participação da Europa nas vendas da Vale

China é principal compradora, mas peso nas exportações da empresa caiu de 66% para 55%

Companhia foi responsável por quase 45% do superavit comercial do país no 3º tri; após balanço, ações têm avanço de 8,6% na Bovespa

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da liderança incontestável da China como principal mercado da Vale, a Europa começa a reagir e a mineradora já voltou a vender mais minério de ferro para as siderúrgicas do continente, que por anos foi o principal mercado da empresa.
A participação da Europa nas vendas totais da mineradora saltou de 8,9% para 15,4% do segundo para o terceiro trimestre deste ano. Já a da China cedeu de 65,7% para 54,7%, mas o país ainda corresponde por mais da metade do faturamento da mineradora.
Tal dependência deve perdurar por um bom tempo, já que o mercado chinês cresce continuamente. No terceiro trimestre, a Vale bateu recorde de exportação para aquele país, com vendas de 41 milhões de toneladas -volume 13% maior do que no trimestre anterior.
Fábio Barbosa, diretor financeiro da Vale, ressaltou ontem a importância da retomada de "mercados naturais" da mineradora, como Brasil e Europa.
Para ele, porém, a China deve se manter mais dinâmica e líder global em crescimento econômico. Na visão dele, a recuperação em curso é uma "tendência de longo prazo" e não há sinais de reversão, em especial no caso do país asiático.
"Acreditamos que o futuro será muito promissor", disse Barbosa, em teleconferência para analistas.
Há, porém, no mercado uma preocupação com a concentração das vendas da Vale para a China. Isso porque o país não aceita a política de preço da mineradora, que prevê contratos de longo prazo com reajustes anuais únicos que referenciam todos os negócios da empresa.
Em vigor há 40 anos, o sistema é contestado pela China, que prefere hoje comprar sem contrato de longo prazo no mercado à vista e pagar o preço de ocasião -seja ele mais alto em tempos de demanda aquecida ou menor em momentos de contração da economia.
Hoje a Vale vende para a China no mercado à vista e não conseguiu emplacar a redução de preço de 27% do minério de ferro prevista para 2009 e fixada nos contratos com siderúrgicas de outros países.

Em alta
De janeiro a setembro, a Vale lucrou R$ 3 bilhões, 105% mais do que o segundo trimestre. O resultado foi, porém, 61% menor do que o alcançado no terceiro trimestre de 2008. Após a forte queda de quarta-feira, as ações preferenciais da Vale subiram 8,59%, num dia de alta quase generalizada da Bovespa.
A Vale foi responsável por quase 45% do superavit comercial do país no terceiro trimestre. Em resposta ao governo, Barbosa criticou a possibilidade de taxação das exportações de minério -proposta aventada pelo Executivo para forçar a mineradora a investir mais.
Um dia após a divulgação de seu balanço, a Vale não fez coletiva de imprensa para comentar resultados, como é de costume. Realizou apenas uma conferência com analistas por internet e telefone.


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