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Sem ver Lula, missão bilionária chinesa cancela visita ao país
Pendências comerciais, como a venda de carne e aviões brasileiros, estavam na pauta de reunião
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Uma missão ao Brasil com 12
ministros chineses, um vice-primeiro-ministro e dirigentes
de 66 grandes empresas foi
cancelada na quarta-feira, segundo o Itamaraty, "por problemas de agenda".
Diplomatas chineses ouvidos
pela Folha apresentam outra
versão. Os chineses esperavam
uma audiência com o presidente Lula em Brasília, rejeitada
porque o presidente irá a Londres receber um prêmio do instituto em relações internacionais Chatham House por promover a "estabilidade na América Latina".
O chineses decidiram cancelar a missão por se sentirem
menosprezados. Diversas pendências comerciais, das barreiras chinesas à entrada de carne
do Brasil às vendas suspensas
de aviões da Embraer, seriam
discutidas na reunião bilateral.
O vice-presidente brasileiro
José Alencar e o vice-premiê
chinês, Wang Qishan, presidiriam a reunião da chamada
Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação).
Instalada oficialmente em
2006, a Cosban se reuniu apenas uma vez, em abril deste
ano, em Pequim. Brasília receberia a segunda reunião.
A missão empresarial paralela à reunião de cúpula estava
sob organização do Conselho
Chinês para Promoção de Investimentos Internacionais,
que se recusou a comentar o
cancelamento.
Construtoras, empresas de
máquinas industriais, trens,
vagões e telecomunicações estavam representadas na missão, a primeira dessa envergadura a ser preparada para um
país latino-americano.
Desencontros
É o segundo grande desencontro bilateral em 2009, ano
em que pela primeira vez a China passou os EUA como maior
parceiro comercial do Brasil.
Em maio, estava programada
uma visita do presidente Lula
de sete dias à China. Ele seria
acompanhado por sete ministros e participaria de fóruns
empresariais em três cidades.
Às vésperas da viagem, o programa encolheu para 48 horas
apenas em Pequim e só três ministros (Relações Exteriores,
Pesca e Comunicação) o acompanharam.
Diplomatas brasileiros ouvidos pela Folha dizem que há
mal-estar por conta de "investimentos chineses no Brasil
prometidos e jamais realizados", pela falta de apoio do governo chinês ao pleito brasileiro por uma vaga no Conselho
de Segurança da ONU e até
uma certa "arrogância" dos
chineses na hora de marcar audiências com os brasileiros.
Grandes reservas
A China tem sido cortejada
por governos de todo mundo
por conta de suas grandes reservas em dólares e pela riqueza de suas estatais. O investimento chinês no exterior cresceu 190% no trimestre passado
em comparação com o mesmo
período de 2008.
Segundo o Ministério do Comércio chinês, as empresas chinesas investiram US$ 20 bilhões no exterior de julho a setembro. Ao longo de 2009, os
chineses investiram US$ 32 bilhões em 112 países.
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