|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCHA LENTA
Expansão no 3º trimestre é de 2,38%, mas, para IBGE, resultado é mais recuperação do que crescimento
PIB ainda aponta economia estagnada
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A economia brasileira cresceu
2,38% no terceiro trimestre deste
ano em relação ao mesmo período do ano passado -o melhor resultado nessa forma de comparação desde o primeiro trimestre de
2001 (3,89%), segundo dados do
PIB (Produto Interno Bruto) divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No acumulado até setembro
deste ano, o PIB -a soma das riquezas produzidas em um determinado período- cresceu apenas 0,94%. Em 12 meses, o crescimento foi ainda menor: 0,52%.
Em relação ao trimestre abril-junho, descontados os fatores sazonais (típicos de cada período), o
crescimento foi de 0,93%, o terceiro resultado positivo seguido nessa forma de comparação.
O resultado do PIB trimestral,
comparado com o mesmo período de 2001, foi maior que o previsto pela maior parte dos especialistas. O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) previa 2%.
O banco Santander, 1,7%.
O coordenador do Grupo de
Acompanhamento Conjuntural
do Ipea, Paulo Levy, disse que o
resultado ficou "dentro do esperado". Ele atribuiu parte da diferença entre a previsão do órgão e
o resultado oficial à revisão de números anteriores feita pelo IBGE,
alterando a base de comparação.
Pequena surpresa
Para o economista, só o resultado da indústria "surpreendeu um
pouco". A indústria, que tem peso
próximo a 35% na composição do
PIB e é a variável que mais influi
nas oscilações, cresceu 2,98% de
julho a setembro. Havia crescido
apenas 0,15% no segundo trimestre e caído 4% no primeiro.
A indústria de transformação,
que representa quase dois terços
do peso total da indústria, cresceu
2,61%. Para Levy, o crescimento
está associado a "fatores transitórios" e não representa uma retomada da economia, até porque o
país terá que frear a recuperação
para controlar a inflação. "É uma
recuperação na qual o país vai
precisar pisar um pouco no freio
se quiser controlar a inflação."
O coordenador da equipe técnica do PIB Trimestral do IBGE,
Roberto Olinto, concorda que
não há retomada do crescimento.
"Há tendência de melhora, mas
não há nenhum fator que indique
melhora expressiva. É muito mais
recuperação [de patamares perdidos" do que crescimento." Ele
lembrou que as taxas anuais continuam oscilando perto de zero.
Olinto disse que, com a renda
do trabalho em queda, fica difícil
crescer. Segundo o IBGE, de janeiro a setembro o rendimento
médio real das pessoas ocupadas
no país caiu 3,73%.
Agropecuária
Na indústria, além da manufatureira, houve crescimento no terceiro trimestre em outros subsetores. A extrativa mineral cresceu
10,83%. Os serviços industriais de
utilidade pública (energia elétrica,
água e esgoto), que vinham com
elevadas taxas negativas por causa do racionamento de energia
em 2001, cresceram 9,76%.
Mesmo a construção civil, que
também vem tendo sucessivos
trimestres negativos, reduziu o
ritmo da queda, passando de menos 9,26% no primeiro trimestre
para menos 5,58% no segundo e
para menos 0,87% no terceiro.
A agropecuária, que vem mantendo crescimento elevado e
constante, cresceu 7,19% no terceiro trimestre em relação ao
mesmo período de 2001. Como
tem peso relativamente baixo no
PIB (cerca de 8%), sua contribuição é menor do que a da indústria.
Já os serviços, que cresceram
1,77%, embora tenham peso elevado (cerca de 60%), oscilam
pouco, tendo geralmente pouca
influência nas variações do PIB.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Bacha prevê "ano medíocre" e alta de 0,5% do PIB em 2003 Índice
|