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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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Impacto de novos projetos é limitado

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nem o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sabem informar quantos empregos foram criados neste ano a partir dos investimentos realizados -e anunciados- pelas empresas.
Levantamento feito pela Folha entre as maiores companhias mostra que pelo menos sete empresas e/ou grupos investiram -ou pretendem investir- cerca de US$ 9,5 bilhões. Parte dessa quantia resultou em 6.292 empregos diretos ou indiretos.

Papel
A VCP (Votorantim Celulose e Papel), que comemorou em agosto a ampliação da unidade de Jacareí (interior de São Paulo) ao lado do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com investimentos da ordem de US$ 500 milhões, não soube detalhar quantos dos 1.090 empregos criados são diretos ou indiretos.
No segundo trimestre, o lucro da companhia cresceu de 656% ante igual período de 2002. Nesse período, as receitas com exportações totalizaram R$ 252 milhões, um aumento de 94%.
A Veracel Celulose, que também anunciou investimentos de US$ 1,25 bilhão para construir até 2005 no sul da Bahia a maior fábrica de celulose branqueada de eucalipto do mundo, estima que a unidade vá empregar 2.000 funcionários após sua conclusão. Em maio, quando anunciado o investimento, a empresa prometeu empregar 12 mil pessoas na fase de construção. Por enquanto, cerca de 2.000 estão trabalhando na construção, segundo a assessoria de imprensa do grupo.
Para analistas e economistas consultados pela Folha, a produção da nova fábrica vai contribuir para o aumento das exportações brasileiras, mas o impacto na cadeia produtiva é pequeno.
"O setor de papel e celulose não é intensivo em mão-de-obra nem tem a capacidade de criar vagas indiretas na cadeia produtiva, como o automobilístico. Os investimentos são importantes, mas são uma gota no oceano para resolver os problemas do mercado de trabalho", diz Sérgio Mendonça, coordenador-técnico do Dieese.

Aço
No setor siderúrgico, o grupo europeu Arcelor anunciou em junho que pretendia investir US$ 1,4 bilhão. O investimento começa na Vega Sul, futura produtora e exportadora de peças para carros, que receberá US$ 400 milhões do total. O grupo pretende também aplicar US$ 1 bilhão na Companhia Siderúrgica de Tubarão a partir de 2006. O objetivo é exportar produtos siderúrgicos para os EUA e para a Europa.
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) investiu US$ 93 milhões de janeiro a setembro, sendo que, entre setembro 2002 e o mesmo mês de 2003, foram contratados 445 funcionários.
De janeiro a novembro deste ano, a Embraer informou que contratou 756 empregados, resultado dos investimentos realizados em 2003. Há oito anos, antes da privatização, a empresa empregava 3.200. Hoje, são 12.803.
Nos nove primeiros meses deste ano, a empresa investiu R$ 371,1 milhões em pesquisa e desenvolvimento -principalmente na nova família de jatos da companhia. Nesse mesmo período, foram aplicados R$ 79,7 milhões em modernização dos processos industriais e de engenharia, máquinas e equipamentos.
"Falar em 1.000 ou 2.000 empregos em uma ou outra fábrica é pouco. A taxa de investimento do país é hoje de cerca de 18% do PIB e precisar estar em 25% para criar emprego", disse Fernando Sarti, economista da Unicamp.
Quinta maior empregadora do país, segundo o ranking da revista "Exame" de 2002, a Petrobras convocou 1.446 pessoas que haviam prestado concurso e investiu R$ 13,14 bilhões de janeiro a novembro. Nos planos da empresa, serão criadas até o final do próximo ano outras 2.500 vagas.
O grupo Telefônica, que reúne dez empresas, fez investimentos de R$ 2,2 bilhões em novos produtos, modernização de linhas e em telefonia fixa e celular, que resultaram em mil novas vagas.
No Estado de São Paulo, a Fundação Seade identificou que, no primeiro semestre deste ano, havia 1.373 projetos de investimento que somavam US$ 7,4 bilhões.
Desse total, 13% seriam usados em modernização e compra de equipamentos, 57% na ampliação de unidades e 30% na instalação de novas fábricas. O número de vagas que seriam criadas não foi detalhado. (CR, EF e FF)


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