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TECNOLOGIA
Eletros vê falta de transparência sobre TV digital
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Eletros (Associação Nacional
de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) acusa falta de
transparência na escolha do modelo brasileiro de televisão digital.
O presidente da entidade, Paulo
Saab, que faz parte do comitê consultivo da TV digital, disse que o
ministro das Comunicações, Hélio Costa, estimulou um debate
paralelo, entre radiodifusores e
universidades, para o desenvolvimento de um sistema de TV digital, do qual o comitê está alijado.
"Estamos preocupados com a
possibilidade de o governo tomar
uma decisão sem ouvir a indústria, e que tome a decisão errada.
Não sabemos que modelo brasileiro é esse", disse o executivo.
Segundo ele, os fabricantes são
contra a criação de um sistema
brasileiro, porque poderia limitar
a capacidade de produção e inviabilizar o modelo de negócios.
"Nossa posição é pela adoção de
sistemas já consagrados."
O lobby estrangeiro reacendeu
com a promessa do governo de
divulgar sua decisão em fevereiro
de 2006, e, também, depois que o
ministro manifestou preferência
pelo sistema japonês, ao declarar,
no Congresso, que os asiáticos teriam sido os únicos a oferecer
isenção de royalties.
Saab disse que a entidade não
tem preferência em relação às tecnologias, porque tem associados
que representam os três processos existentes. Segundo ele, os fabricantes suspeitam que já exista
uma decisão do governo sobre o
sistema a ser implantado. "Nesse
caso, estamos participando de estudos a troco de nada."
Saab diz que, nos últimos dez
anos, a indústria se preparou para
fazer investimentos em TV digital
baseada nos sistemas já consagrados no mercado externo (europeu, norte-americano e japonês).
Disse que o governo Lula já mudou de posição três vezes sobre os
rumos da TV digital. "Primeiro,
foi anunciado que o país teria um
sistema próprio. Depois, foi dito
que o sistema brasileiro estava
descartado. Agora, surgem de novo notícias de que a solução contemplará um sistema brasileiro."
Saab diz que há grande insatisfação no comitê consultivo quanto ao rumo das discussões. "Estávamos trabalhando para a elaboração do relatório técnico, mas
deixou de haver transparência no
processo", acrescentou.
Reação em tom ríspido
O ministro respondeu, em tom
ríspido, as criticas do presidente
da Eletros. Segundo Costa, o executivo defende a implantação do
sistema de TV digital europeu e os
interesses comerciais da Philips.
Costa afirmou que o governo já
investiu R$ 50 milhões em pesquisas do sistema brasileiro de TV
digital e continuará investindo
para obter um sistema de televisão aberta que "atenda à população, e não aos fabricantes".
Disse que o Brasil ainda não decidiu se vai comprar o sistema europeu, japonês ou americano.
Nem de quem comprará o sistema de compressão de áudio. "Temos de definir primeiro as bases
do sistema brasileiro de TV digital, mas é praticamente impossível que a produção não passe pelo
pólo industrial de Manaus."
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