São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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TECNOLOGIA

Eletros vê falta de transparência sobre TV digital

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) acusa falta de transparência na escolha do modelo brasileiro de televisão digital.
O presidente da entidade, Paulo Saab, que faz parte do comitê consultivo da TV digital, disse que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, estimulou um debate paralelo, entre radiodifusores e universidades, para o desenvolvimento de um sistema de TV digital, do qual o comitê está alijado.
"Estamos preocupados com a possibilidade de o governo tomar uma decisão sem ouvir a indústria, e que tome a decisão errada. Não sabemos que modelo brasileiro é esse", disse o executivo.
Segundo ele, os fabricantes são contra a criação de um sistema brasileiro, porque poderia limitar a capacidade de produção e inviabilizar o modelo de negócios. "Nossa posição é pela adoção de sistemas já consagrados."
O lobby estrangeiro reacendeu com a promessa do governo de divulgar sua decisão em fevereiro de 2006, e, também, depois que o ministro manifestou preferência pelo sistema japonês, ao declarar, no Congresso, que os asiáticos teriam sido os únicos a oferecer isenção de royalties.
Saab disse que a entidade não tem preferência em relação às tecnologias, porque tem associados que representam os três processos existentes. Segundo ele, os fabricantes suspeitam que já exista uma decisão do governo sobre o sistema a ser implantado. "Nesse caso, estamos participando de estudos a troco de nada."
Saab diz que, nos últimos dez anos, a indústria se preparou para fazer investimentos em TV digital baseada nos sistemas já consagrados no mercado externo (europeu, norte-americano e japonês).
Disse que o governo Lula já mudou de posição três vezes sobre os rumos da TV digital. "Primeiro, foi anunciado que o país teria um sistema próprio. Depois, foi dito que o sistema brasileiro estava descartado. Agora, surgem de novo notícias de que a solução contemplará um sistema brasileiro."
Saab diz que há grande insatisfação no comitê consultivo quanto ao rumo das discussões. "Estávamos trabalhando para a elaboração do relatório técnico, mas deixou de haver transparência no processo", acrescentou.

Reação em tom ríspido
O ministro respondeu, em tom ríspido, as criticas do presidente da Eletros. Segundo Costa, o executivo defende a implantação do sistema de TV digital europeu e os interesses comerciais da Philips.
Costa afirmou que o governo já investiu R$ 50 milhões em pesquisas do sistema brasileiro de TV digital e continuará investindo para obter um sistema de televisão aberta que "atenda à população, e não aos fabricantes".
Disse que o Brasil ainda não decidiu se vai comprar o sistema europeu, japonês ou americano. Nem de quem comprará o sistema de compressão de áudio. "Temos de definir primeiro as bases do sistema brasileiro de TV digital, mas é praticamente impossível que a produção não passe pelo pólo industrial de Manaus."


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