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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Usiminas corta até 40% dos investimentos
A Usiminas já decidiu cortar
de 30% a 40% o investimento
inicial previsto para o ano que
vem, de R$ 7 bilhões, como reação à crise econômica internacional. Com a maior parte de
suas vendas de aços planos direcionada à indústria automobilística nacional, a siderúrgica
já sente uma forte diminuição
dos pedidos do setor e deu a
partida em um processo de redução da produção.
Segundo o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello
Branco, a crise também afetou
os planos para a nova unidade
de Santana do Paraíso (MG),
que será construída no terreno
ocupado hoje por um aeroporto da Usiminas.
Inicialmente, a empresa planejava começar as obras da unidade para que ela estivesse apta
a usar sua capacidade total de
produção, de 5 milhões de toneladas, em 2011. Agora, a usina será construída para produzir com metade da sua capacidade total em 2011. E, nos anos
seguintes, ela será adequada
para aumentar a produção.
A empresa já tinha divulgado
na semana passada um fato relevante ao mercado informando que antecipou a manutenção de um alto-forno. A paralisação significará um corte de
3% na produção anual da Usiminas e de 10% no primeiro
quadrimestre de 2009.
"O sistema produtivo vinha
operando com overdose de
crescimento. Agora nós vamos
encontrar um novo patamar de
produção em toda a cadeia produtiva", diz Castello Branco.
Segundo ele, a redução do ritmo dos negócios da Usiminas
ainda não chegou nos empregos. Castello Branco prefere esperar os dados econômicos do
primeiro trimestre de 2009 antes de fazer ajustes de pessoal.
Para Castello Branco, há um
pânico no mercado instalado
pela crise, que reduz o grau de
confiança nas projeções econômicas e influencia o comportamento dos executivos. "Tomar
cafezinho na empresa virou pecado. As pessoas sentem culpa
por gastar."
O executivo considera tímida
a atuação do governo contra a
crise. Castello Branco defende
que o governo use as reservas
em moeda estrangeira para capitalizar o BNDES, que distribuiria os recursos às empresas.
"O que aconteceu foi que empresas como Usiminas, Petrobras e Vale, cujos planos vêm
ancorados no crédito externo,
correram para o financiamento
bancário com um canudo largo
e acabou o real. Então faltou
crédito para outras coisas, como para financiar veículos",
afirma o executivo.
Para Castello Branco, o governo brasileiro deveria incentivar o consumo, reduzir os
custos das empresas e manter
as obras do PAC.
Ele sugere ações como programas de renovação de frota
de veículos, redução temporária da alíquota de ICMS para alguns setores e cortes na taxa de
juros para 11% ao ano ao menos
por três meses. "Se a inflação
subir, aumenta a Selic depois."
Castello Branco também critica os entraves para os empreendimentos, principalmente por órgãos ambientais. "A insegurança jurídica dificulta os
investimentos."
Setor de viagens corporativas se retrai até 8% em novembro
Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo,
uma das líderes do setor de viagens, sentiu uma queda de 8,3%
nas viagens corporativas internacionais e de 6,4% nas nacionais em novembro. Em levantamento feito com outras cinco
empresas do setor, Arbaitman
constatou que a expectativa é
que as vendas caiam entre 20%
e 25% em dezembro.
"Todas as empresas estão
cortando gastos com viagens. A
demanda por passagens na primeira classe praticamente não
existe mais. Algumas empresas
estão proibindo expressamente os funcionários de viajar e
até de pegar táxi", afirma.
Segundo ele, a queda na demanda já provocou uma redução nos preços. Uma passagem
para a China na classe econômica pode ser comprada hoje
por US$ 4.800. Há dois meses,
custava US$ 6.000 -uma diferença de US$ 1.200.
A demanda pela organização
de eventos na Maringá Turismo também caiu, mas o impacto foi menor -de 5%. "Se as
vendas caírem, as empresas
têm mais um motivo para fazer
eventos, justamente para vender mais."
Arbaitman ressalta que o
próprio setor hoteleiro já está
entrando em contato com as
agências para se oferecer para
receber eventos. Com a demanda menor, os preços dos aluguéis de espaços para a realização de conferências e feiras
também caíram.
Apesar do resultado negativo, Arbaitman afirma que não
pretende demitir pessoal. Hoje,
a empresa tem 542 funcionários diretos em 83 postos de
serviços. Dois desses postos estão fechados, pois estão localizados dentro de outras empresas que deram férias coletivas a
seus funcionários. Para ocupar
a equipe desses locais, Arbaitman os colocou em treinamento. "Se eu der férias, eles vão
pensar que vão perder o emprego", afirma.
FUMAÇA DE CIGARRO
Quatro empresas de cigarro foram fechadas pela
Receita Federal apenas
neste mês, informa o advogado Anderson Albuquerque. De 28 empresas
do setor de fumo de pequeno e médio porte existentes no Brasil há dois
anos, apenas 5 estão operando -todas com liminar. Segundo ele, as empresas não conseguem sobreviver com a atual forma de recolhimento do
IPI, com uma taxa fixa
baseada no preço do maço
a R$ 1,80. Antes, a tributação era com base nos
preços de cada marca. "Isso favorece as grandes
marcas, que vendem com
preços maiores, e torna
impossível a sobrevivência das pequenas." Como
o setor funciona em regime especial, qualquer
atraso nos impostos permite que as empresas sejam lacradas pela Receita.
SALA DE AULA
Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do Itaú-Unibanco, e o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan farão a
abertura do seminário "A Crise
de Audiência do Ensino Médio", promovido pelo Instituto
Unibanco, em São Paulo, nos
dias 4 e 5 de dezembro. Durante o evento, serão anunciados
os 26 projetos de combate à
evasão escolar das escolas públicas vencedoras do concurso
nacional lançado pela entidade.
Cada escola receberá um aporte financeiro entre R$ 30 mil e
R$ 50 mil no próximo ano.
ESPAÇO
A Nossa Caixa continua em
expansão em São Paulo. Amanhã, depois de uma reforma, o
Posto de Atendimento Bancário da USP, na Cidade Universitária, será reaberto com espaço
interno triplicado. Serão 1.200
m2. Em dezembro, duas agências serão inauguradas em Jacupiranga e Pariquera-Açu, litoral do Estado. As unidades de
Mongaguá e da USP de São
Carlos reabrirão reformadas
em novos endereços.
SUSTENTÁVEL
Chieko Aoki, presidente do
Lidem (Grupo de Mulheres Líderes Empresariais), promove,
em SP, seu 8º Workshop Interativo sobre liderança sustentável. O evento terá palestra de
Antonio Maciel Neto, na terça,
diretor-presidente da Suzano
Papel e Celulose, que vai falar a
líderes femininas e jovens empreendedores do JLIDE (grupo
de jovens líderes) sobre liderança com base no comportamento sustentável.
APOIO
O Sebrae fechou um contrato
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para liberar quase
R$ 300 milhões para a reconstrução das micro e pequenas
empresas de Santa Catarina
que foram afetadas pelas chuvas. A entidade já teve reuniões
com o presidente, com o governador do Estado, Luiz Henrique (PMDB), e com o Ministério do Trabalho para identificar
as vítimas que receberão os recursos e orientar a distribuição
aos empresários quando retornarem aos seus estabelecimentos destruídos.
LIÇÃO DE VIDA
Será lançado o livro
"Aprendi com Meu Chefe"
(Editora Saraiva, 228 pág.),
de Ricardo Galuppo. O autor
aborda a relação com chefes
a partir de conversas com
executivos de grandes empresas. Na lista há histórias
como a do ex-vice-presidente mundial do Citibank Álvaro de Souza, que aprendeu
com Roberto Marinho, das
Organizações Globo. Wa-
shington Olivetto e outros
também falam dos chefes.
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