São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Usiminas corta até 40% dos investimentos

A Usiminas já decidiu cortar de 30% a 40% o investimento inicial previsto para o ano que vem, de R$ 7 bilhões, como reação à crise econômica internacional. Com a maior parte de suas vendas de aços planos direcionada à indústria automobilística nacional, a siderúrgica já sente uma forte diminuição dos pedidos do setor e deu a partida em um processo de redução da produção.
Segundo o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, a crise também afetou os planos para a nova unidade de Santana do Paraíso (MG), que será construída no terreno ocupado hoje por um aeroporto da Usiminas.
Inicialmente, a empresa planejava começar as obras da unidade para que ela estivesse apta a usar sua capacidade total de produção, de 5 milhões de toneladas, em 2011. Agora, a usina será construída para produzir com metade da sua capacidade total em 2011. E, nos anos seguintes, ela será adequada para aumentar a produção.
A empresa já tinha divulgado na semana passada um fato relevante ao mercado informando que antecipou a manutenção de um alto-forno. A paralisação significará um corte de 3% na produção anual da Usiminas e de 10% no primeiro quadrimestre de 2009.
"O sistema produtivo vinha operando com overdose de crescimento. Agora nós vamos encontrar um novo patamar de produção em toda a cadeia produtiva", diz Castello Branco.
Segundo ele, a redução do ritmo dos negócios da Usiminas ainda não chegou nos empregos. Castello Branco prefere esperar os dados econômicos do primeiro trimestre de 2009 antes de fazer ajustes de pessoal.
Para Castello Branco, há um pânico no mercado instalado pela crise, que reduz o grau de confiança nas projeções econômicas e influencia o comportamento dos executivos. "Tomar cafezinho na empresa virou pecado. As pessoas sentem culpa por gastar."
O executivo considera tímida a atuação do governo contra a crise. Castello Branco defende que o governo use as reservas em moeda estrangeira para capitalizar o BNDES, que distribuiria os recursos às empresas.
"O que aconteceu foi que empresas como Usiminas, Petrobras e Vale, cujos planos vêm ancorados no crédito externo, correram para o financiamento bancário com um canudo largo e acabou o real. Então faltou crédito para outras coisas, como para financiar veículos", afirma o executivo.
Para Castello Branco, o governo brasileiro deveria incentivar o consumo, reduzir os custos das empresas e manter as obras do PAC.
Ele sugere ações como programas de renovação de frota de veículos, redução temporária da alíquota de ICMS para alguns setores e cortes na taxa de juros para 11% ao ano ao menos por três meses. "Se a inflação subir, aumenta a Selic depois."
Castello Branco também critica os entraves para os empreendimentos, principalmente por órgãos ambientais. "A insegurança jurídica dificulta os investimentos."

Setor de viagens corporativas se retrai até 8% em novembro

Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo, uma das líderes do setor de viagens, sentiu uma queda de 8,3% nas viagens corporativas internacionais e de 6,4% nas nacionais em novembro. Em levantamento feito com outras cinco empresas do setor, Arbaitman constatou que a expectativa é que as vendas caiam entre 20% e 25% em dezembro.
"Todas as empresas estão cortando gastos com viagens. A demanda por passagens na primeira classe praticamente não existe mais. Algumas empresas estão proibindo expressamente os funcionários de viajar e até de pegar táxi", afirma.
Segundo ele, a queda na demanda já provocou uma redução nos preços. Uma passagem para a China na classe econômica pode ser comprada hoje por US$ 4.800. Há dois meses, custava US$ 6.000 -uma diferença de US$ 1.200.
A demanda pela organização de eventos na Maringá Turismo também caiu, mas o impacto foi menor -de 5%. "Se as vendas caírem, as empresas têm mais um motivo para fazer eventos, justamente para vender mais."
Arbaitman ressalta que o próprio setor hoteleiro já está entrando em contato com as agências para se oferecer para receber eventos. Com a demanda menor, os preços dos aluguéis de espaços para a realização de conferências e feiras também caíram.
Apesar do resultado negativo, Arbaitman afirma que não pretende demitir pessoal. Hoje, a empresa tem 542 funcionários diretos em 83 postos de serviços. Dois desses postos estão fechados, pois estão localizados dentro de outras empresas que deram férias coletivas a seus funcionários. Para ocupar a equipe desses locais, Arbaitman os colocou em treinamento. "Se eu der férias, eles vão pensar que vão perder o emprego", afirma.

FUMAÇA DE CIGARRO

Quatro empresas de cigarro foram fechadas pela Receita Federal apenas neste mês, informa o advogado Anderson Albuquerque. De 28 empresas do setor de fumo de pequeno e médio porte existentes no Brasil há dois anos, apenas 5 estão operando -todas com liminar. Segundo ele, as empresas não conseguem sobreviver com a atual forma de recolhimento do IPI, com uma taxa fixa baseada no preço do maço a R$ 1,80. Antes, a tributação era com base nos preços de cada marca. "Isso favorece as grandes marcas, que vendem com preços maiores, e torna impossível a sobrevivência das pequenas." Como o setor funciona em regime especial, qualquer atraso nos impostos permite que as empresas sejam lacradas pela Receita.

SALA DE AULA
Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do Itaú-Unibanco, e o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan farão a abertura do seminário "A Crise de Audiência do Ensino Médio", promovido pelo Instituto Unibanco, em São Paulo, nos dias 4 e 5 de dezembro. Durante o evento, serão anunciados os 26 projetos de combate à evasão escolar das escolas públicas vencedoras do concurso nacional lançado pela entidade. Cada escola receberá um aporte financeiro entre R$ 30 mil e R$ 50 mil no próximo ano.

ESPAÇO
A Nossa Caixa continua em expansão em São Paulo. Amanhã, depois de uma reforma, o Posto de Atendimento Bancário da USP, na Cidade Universitária, será reaberto com espaço interno triplicado. Serão 1.200 m2. Em dezembro, duas agências serão inauguradas em Jacupiranga e Pariquera-Açu, litoral do Estado. As unidades de Mongaguá e da USP de São Carlos reabrirão reformadas em novos endereços.

SUSTENTÁVEL
Chieko Aoki, presidente do Lidem (Grupo de Mulheres Líderes Empresariais), promove, em SP, seu 8º Workshop Interativo sobre liderança sustentável. O evento terá palestra de Antonio Maciel Neto, na terça, diretor-presidente da Suzano Papel e Celulose, que vai falar a líderes femininas e jovens empreendedores do JLIDE (grupo de jovens líderes) sobre liderança com base no comportamento sustentável.

APOIO
O Sebrae fechou um contrato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para liberar quase R$ 300 milhões para a reconstrução das micro e pequenas empresas de Santa Catarina que foram afetadas pelas chuvas. A entidade já teve reuniões com o presidente, com o governador do Estado, Luiz Henrique (PMDB), e com o Ministério do Trabalho para identificar as vítimas que receberão os recursos e orientar a distribuição aos empresários quando retornarem aos seus estabelecimentos destruídos.

LIÇÃO DE VIDA
Será lançado o livro "Aprendi com Meu Chefe" (Editora Saraiva, 228 pág.), de Ricardo Galuppo. O autor aborda a relação com chefes a partir de conversas com executivos de grandes empresas. Na lista há histórias como a do ex-vice-presidente mundial do Citibank Álvaro de Souza, que aprendeu com Roberto Marinho, das Organizações Globo. Wa- shington Olivetto e outros também falam dos chefes.

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