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Fed começa a "enxugar" economia dos EUA
Após injetar US$ 2,2 tri no mercado, banco central norte-americano vai criar fundo para absorver reservas de bancos
Objetivo é impedir um surto futuro de inflação e acalmar os investidores que temem uma desvalorização ainda mais acentuada do dólar
Chip Somodevilla/France Presse
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Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central norte-americano), que estuda estratégias para evitar um possível surto inflacionário
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Mais de um ano depois de ter
começado a injetar cerca de
US$ 2,2 trilhões na economia
dos EUA, o Fed (banco central
norte-americano) começa a delinear sua estratégia para "enxugar" um possível excesso de
dinheiro no mercado.
O objetivo é evitar um possível surto inflacionário mais à
frente e acalmar investidores
que temem uma desvalorização continuada do dólar nos
próximos meses.
O Fed anunciou que criará
um fundo no qual bancos norte-americanos poderão depositar, como aplicações, o que considerem como excesso de dinheiro em suas reservas.
Ainda não está definido como esse dinheiro será remunerado, mas o ganho para os bancos deverá ser competitivo em
relação às taxas que eles cobram em seus empréstimos diretos a empresas e a consumidores, principalmente nas operações com cartões de crédito.
O objetivo do Fed é retirar
até US$ 1 trilhão de circulação,
começando daqui a alguns meses, à medida que considerar
que a atividade econômica nos
EUA está ganhando força.
Risco inflacionário
Com essa espécie de conta
remunerada onde os bancos
poderão aplicar as suas reservas, o Fed poderá retardar uma
elevação dos juros básicos no
país para conter uma eventual
pressão inflacionária.
O presidente do Fed, Ben
Bernanke, vem repetindo seguidamente que as taxas básicas de juro nos EUA devem permanecer próximas a zero durante um longo período.
Ele afirma também que, até o
momento, não foram detectados riscos inflacionários na
maior economia do mundo.
Mas a maior preocupação do
Fed neste momento é que o excesso de liquidez (dinheiro) no
mercado e uma volta do otimismo em relação ao crescimento
leve os bancos a acelerarem a
concessão generalizada de empréstimos ao consumo, trazendo pressões sobre os preços.
Daí a criação do fundo. Ele
seria acionado para absorver
parte das reservas dos bancos,
impedindo que sejam repassadas integralmente ao consumo
sob a forma de empréstimos.
Dívidas imobiliárias
Desde o último trimestre de
2008, quando a crise de crédito
nos EUA atingiu o seu ápice, o
Fed lançou uma série de programas específicos para ampliar a oferta de dinheiro na
economia americana.
Os programas incluíram desde garantias oficiais para que
empresas lançassem títulos no
mercado de forma a se capitalizar até outros planos bilionários para facilitar o refinanciamento de dívidas imobiliárias.
Só no setor residencial, o Fed
tem mais de US$ 1,2 trilhão
comprometidos com a compra
de papéis remunerados pelo
pagamento de dívidas contraídas por mutuários.
Essas compras tiveram o objetivo inicial de "segurar" os
preços desses papéis quando a
crise explodiu em 2008 e abriu
rombos enormes nos balanços
de instituições financeiras.
Com os juros básicos próximos a zero, essa enxurrada de
dinheiro, estimada em cerca de
US$ 2,2 trilhões, irrigou várias
partes da economia, contribuindo decisivamente para a
retomada da atividade.
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