São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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DIVERSIFICAÇÃO
Indústria gaúcha é o quarto maior produtor de chocolates no Brasil; grupo italiano estuda manter marca
Parmalat compra Neugebauer por R$ 8,3 mi

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

A Parmalat acaba de comprar a fábrica de chocolates Neugebauer, de Porto Alegre (RS), uma das mais antigas empresas do país, com 107 anos de existência.
A Neugebauer pertencia desde 1982 ao grupo Fenícia, controlador das lojas Arapuã, em concordata desde junho. O valor do negócio, cujo contrato foi assinado na segunda-feira, é estimado pelo mercado financeiro em R$ 8,3 milhões.
A assessoria de imprensa da Parmalat confirma que o negócio foi fechado, mas diz que só dará maiores informações em janeiro.
Um comunicado deveria ter sido enviado ontem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informando sobre a concretização da venda. A Neugebauer é uma empresa de capital aberto, embora não tenha suas ações negociadas em Bolsas de Valores. A compra foi feita pela Parmalat Participações.
A Neugebauer tinha um patrimônio de cerca de R$ 6,5 milhões em novembro e prevê um faturamento um pouco inferior a R$ 40 milhões neste ano. Suas vendas são mais fortes no mercado do Rio Grande do Sul, onde detém 18% de participação.
Em termos nacionais, sua fatia é bem menor, em torno de 4,5%, bem distante dos três gigantes que controlam cerca de 90% do mercado brasileiro de chocolates, a Nestlé, a Lacta, a Garoto. Com a compra, a Parmalat entra nesse disputado mercado.
Segundo a Folhaapurou, o presidente da empresa no Brasil, Gianni Grisendi, estuda a possibilidade de manter a marca Neugebauer.
Para a concretização do negócio, foi montada uma operação de engenharia financeira já que a Parmalat, na verdade, não comprou a Neugebauer S/A, a empresa que existe há 107 anos. Foi criada uma outra empresa, a Neugebauer Ltda, que ficou com alguns ativos, como os equipamentos da fábrica e os estoques.
A Neugebauer S/A vai continuar existindo, até porque é proprietária da fábrica em Porto Alegre, que será arrendada à Parmalat.
Os cerca de 450 funcionários serão transferidos para o grupo italiano. As obrigações trabalhistas deste ano ainda serão bancadas pelo grupo Fenícia, que também terá que pagar fornecedores e outras dívidas.
Este não é o primeiro negócio entre os dois grupos. Em março, a Parmalat comprou a outra empresa alimentícia do grupo Fenícia, a Etti, por um valor calculado pelo mercado em R$ 45 milhões.
A venda da Neugebauer é mais um passo dado pela família de Jorge Simeira Jacob no processo de reestruturação do grupo Fenícia, abalado pelo pedido de concordata da Arapuã em junho, que tinha dívidas estimadas em R$ 800 milhões.
A principal iniciativa é uma proposta de troca da dívida por títulos (debêntures), que serão pagos em um prazo máximo de nove anos. Os maiores credores do grupo são fabricantes de eletrodomésticos.



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