São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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AMÉRICA DO SUL
Balanço do país é otimista
Argentina prevê crescer 2% em 99

MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires

O secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Alieto Guadagni, apresentou ontem um balanço moderadamente otimista da economia de seu país -projetando crescimento de 2% para 99.
Segundo o documento divulgado pela secretaria, o país estaria começando a superar a fase recessiva iniciada no último quadrimestre.
A produção industrial, que havia crescido quase 9% em 97, ficará neste ano em 2% -como resultado da crise internacional iniciada em julho, na Rússia. O setor mais afetado foi o de automotores, com perdas de 17% -inferiores, no entanto, às do Brasil.
As exportações argentinas, ainda que se tenham mantido nos mesmos níveis das de 97, sofreram perdas de US$ 3,1 bilhões devido à queda dos preços internacionais -além de perderem mercados na Ásia e no Mercosul. Com isso, o déficit comercial de 98 ficará em torno de US$ 5,5 bilhões.
Já os investimentos estrangeiros cresceram mais de 22% em relação a 97, ampliando a capacidade produtiva em cerca de US$ 14 bilhões. Durante o ano houve 108 inaugurações e ampliações de indústrias, 75% delas no interior -fato que há muitas décadas não ocorria, e que é atribuído à abertura da economia e ao avanço do Mercosul.
Quanto ao sistema financeiro, considerado "a chave para medir com que velocidade a economia sairá da conjuntura negativa", o governo destacou o retorno dos juros aos níveis anteriores à crise.
Em setembro, no ápice da turbulência financeira, as taxas haviam subido para 19% (no Brasil chegaram a quase 50%), e agora se situam em 10,6%.
Outro dado ressaltado pelo secretário diz respeito ao volume de depósitos e créditos, que permaneceu estacionado entre agosto e novembro. Em dezembro, porém, os depósitos aumentaram 1% em relação ao mês passado, superando os US$ 76,7 bilhões.
Já as reservas internacionais da Argentina estão hoje em US$ 26,8 bilhões, US$ 2 bilhões a mais do que em 10 de agosto, logo após o início da crise russa.
² Projeções para 99
Segundo levantamento feito pelo Centro de Estudos para a Produção (CEP) com as principais empresas argentinas, não há uma visão homogênea ou unânime em relação ao cenário econômico de 99 -mesmo entre empresas de um mesmo setor.
No entanto, com base nos dados de dezembro, os técnicos do CEP projetaram crescimento de cerca de 2% para a produção industrial -alavancado pelas empresas de agroquímicos e fibras sintéticas. Ficariam fora desse crescimento, entre outros, o setor de automotores e de têxteis.
A balança comercial teria déficit de US$ 6,1 bilhões a US$ 6,4 bilhões, com exportações em níveis similares aos de 98 e aumento de 2% a 3% das importações. Pelos cálculos do CEP, os preços internacionais cairiam mais 5% em relação a 98. As maiores quedas seriam as do trigo, milho e automóveis.



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