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AMÉRICA DO SUL
Balanço do país é otimista
Argentina prevê crescer 2% em 99
MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires
O secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Alieto Guadagni, apresentou ontem um balanço moderadamente otimista da
economia de seu país -projetando crescimento de 2% para 99.
Segundo o documento divulgado
pela secretaria, o país estaria começando a superar a fase recessiva
iniciada no último quadrimestre.
A produção industrial, que havia
crescido quase 9% em 97, ficará
neste ano em 2% -como resultado da crise internacional iniciada
em julho, na Rússia. O setor mais
afetado foi o de automotores, com
perdas de 17% -inferiores, no entanto, às do Brasil.
As exportações argentinas, ainda
que se tenham mantido nos mesmos níveis das de 97, sofreram perdas de US$ 3,1 bilhões devido à
queda dos preços internacionais
-além de perderem mercados na
Ásia e no Mercosul. Com isso, o
déficit comercial de 98 ficará em
torno de US$ 5,5 bilhões.
Já os investimentos estrangeiros
cresceram mais de 22% em relação
a 97, ampliando a capacidade produtiva em cerca de US$ 14 bilhões.
Durante o ano houve 108 inaugurações e ampliações de indústrias,
75% delas no interior -fato que
há muitas décadas não ocorria, e
que é atribuído à abertura da economia e ao avanço do Mercosul.
Quanto ao sistema financeiro,
considerado "a chave para medir
com que velocidade a economia
sairá da conjuntura negativa", o
governo destacou o retorno dos juros aos níveis anteriores à crise.
Em setembro, no ápice da turbulência financeira, as taxas haviam
subido para 19% (no Brasil chegaram a quase 50%), e agora se situam em 10,6%.
Outro dado ressaltado pelo secretário diz respeito ao volume de
depósitos e créditos, que permaneceu estacionado entre agosto e novembro. Em dezembro, porém, os
depósitos aumentaram 1% em relação ao mês passado, superando
os US$ 76,7 bilhões.
Já as reservas internacionais da
Argentina estão hoje em US$ 26,8
bilhões, US$ 2 bilhões a mais do
que em 10 de agosto, logo após o
início da crise russa.
²
Projeções para 99
Segundo levantamento feito pelo
Centro de Estudos para a Produção (CEP) com as principais empresas argentinas, não há uma visão homogênea ou unânime em
relação ao cenário econômico de
99 -mesmo entre empresas de
um mesmo setor.
No entanto, com base nos dados
de dezembro, os técnicos do CEP
projetaram crescimento de cerca
de 2% para a produção industrial
-alavancado pelas empresas de
agroquímicos e fibras sintéticas.
Ficariam fora desse crescimento,
entre outros, o setor de automotores e de têxteis.
A balança comercial teria déficit
de US$ 6,1 bilhões a US$ 6,4 bilhões, com exportações em níveis
similares aos de 98 e aumento de
2% a 3% das importações. Pelos
cálculos do CEP, os preços internacionais cairiam mais 5% em relação a 98. As maiores quedas seriam
as do trigo, milho e automóveis.
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