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Gasto maior com juros eleva dívida em R$ 32 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida líquida do setor público (União, Estados, municípios e
estatais) cresceu R$ 32,037 bilhões
no ano passado, atingindo R$
913,145 bilhões em dezembro, segundo dados do Banco Central. O
aumento reflete, principalmente,
o crescimento nos gastos com juros por parte do governo. Essas
despesas somaram R$ 145,21 bilhões em 2003.
O tamanho da dívida é um dos
indicadores usados para verificar
a capacidade de um país em continuar honrando seus compromissos. O endividamento do setor público corresponde a 58,2%
do PIB (Produto Interno Bruto).
Quando deu início ao ajuste fiscal, em 1998, a equipe econômica
do então presidente Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002)
dizia que o ideal é que essa proporção chegasse a 46,5% até 2001.
Ao entregar o governo ao seu sucessor, no final de 2002, a relação
estava em 55,5%.
Apesar do crescimento, o resultado do ano passado ficou dentro
dos parâmetros contidos no acordo fechado com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). Pelo
entendimento, a dívida pública
deveria encerrar 2003 em, no máximo, R$ 946 bilhões.
O endividamento cresceu em
2003 porque o governo não conseguiu economizar dinheiro suficiente para pagar os juros que devia no período e foi obrigado a se
endividar ainda mais para honrar
todos os seus compromissos.
O resultado só não foi pior porque a queda do dólar atenuou os
efeitos negativos do aumento dos
juros -cerca de metade da dívida
pública é corrigida pela moeda. A
valorização do real, isoladamente,
teria reduzido o endividamento
em R$ 64,316 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que as despesas com juros devem
cair neste ano. Segundo ele, o déficit nominal -diferença entre receitas e despesas do governo-
deve encerrar o ano num valor
equivalente a 3% do PIB. "É um
número muito bom para os padrões brasileiros", afirma. Em
2003, essa proporção ficou em
5,16%. Confirmada a expectativa,
a relação dívida/PIB deve ficar entre 57% e 58% neste ano.
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