São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

Sem estoque, Fiat amplia hoje sua produção de carros no país

A indústria automobilística começou o ano em ritmo tão acelerado quanto o de dezembro passado. Apesar de tradicionalmente fraco, as previsões são que o setor tenha vendido, neste mês, cerca de 17% a mais do que no ano passado, tornando-se o melhor janeiro da história. Isso reforma a expectativa de que a indústria, neste ano, irá superar o recorde de 1,98 milhão de automóveis vendidos em 1997.
Líder em venda no país em cinco dos últimos seis anos, a Fiat vendeu, em janeiro, 35 mil veículos, 30% a mais do que os 21 mil do mesmo mês de 2006.
O resultado, segundo Cledorvino Belini, presidente da Fiat Brasil e responsável pela América Latina e África do Sul, mostra que a empresa tomou a decisão acertada ao ampliar a produção neste ano com a abertura, a partir de hoje, do terceiro turno na fábrica de Betim (MG). Com o novo turno, a montadora aumentará a produção de 2.200 veículos por dia para 2.500.
Especula-se no mercado, porém, que a Fiat conclui estudos para ampliar os investimentos no Brasil ainda neste ano. Mas Belini não confirma a informação. De Roma, onde participa do lançamento mundial de um novo modelo -o Bravo, substituto do Stilo na Europa, que não será vendido no Brasil-, ele diz que a Fiat mantém o plano de investir R$ 2 bilhões nos próximos dois anos.
No fim de 2006, as vendas subiram tanto no setor que a Fiat deixou de vender cerca de 15 mil veículos. "Faltou carro", diz Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat do Brasil. O estoque da montadora, hoje, tem menos 10 mil carros que o necessário.
Belini aponta duas razões principais para o aquecimento nas vendas desde outubro. Em primeiro lugar, o aumento do crédito proporcionado pela queda de juros e pelo empréstimo consignado. Os juros cobrados nos financiamentos de automóveis estão entre os mais baixos do mercado.
Depois, a demanda reprimida que há no setor. No Brasil, há um carro para cada oito habitantes, enquanto na Argentina a relação é de um para cinco, e, nos EUA, de um para um.
Já em relação às exportações, Belini não mantém o otimismo. A valorização do câmbio é um forte fator para inibir vendas. A Fiat, segundo ele, vende 100 mil veículos por ano para fora do Brasil, mas poderia atingir 150 mil, não fosse o câmbio.
Belini não acha também que PAC será capaz de fazer com que o Brasil comece a crescer a 5% ao ano, como pretende o governo. Ele considerou as medidas tímidas. Para ele, o Brasil só irá mesmo conseguir crescer a 5% ou mais se der partida às reformas estruturais da economia, como a tributária, a previdenciária e a trabalhista.


GUILHERME BARROS viajou a Roma a convite da Fiat

NOVO CARGO
Além de presidir a Anfavea, Rogelio Golfarb passa a dirigir, amanhã, o departamento de assuntos governamentais e relações públicas da Ford na América do Sul. Na posição, Golfarb fica responsável pelas relações com Argentina, Venezuela, Chile e com os andinos (Colômbia, Equador e Peru). "O mundo se organiza em blocos para ser competitivo, e a indústria precisa atuar estrategicamente em região para ter resultados financeiros", diz. Ele afirma que o foco de sua nova gestão deve recair sobre os países com produção -a Argentina e a Venezuela.

INFORMÁTICA
O Banco do Brasil avançou, em 2006, na sua troca de softwares proprietários por softwares de código aberto. A empresa instalou 30 mil matrizes do sistema operacional GNU/Linux (25 mil estações e 5.000 servidores) em suas dependências e cerca de 60 mil cópias do OpenOffice.org em suas estações de trabalho.

TORNEIRA
A Tramontina realizou, no final do ano passado, seu primeiro embarque de pias de cozinha para o Oriente Médio. Elas foram adquiridas pela importadora Mactech, de Dubai. Lá, as pias de uma ou duas cubas fazem parte do projeto de um edifício comercial e residencial chamado Arch Tower, que terá 384 apartamentos.

LEVE OTIMISMO
Os brasileiros estão menos entusiasmados com o desempenho do país neste ano do que estavam em 2006 (veja quadro ao lado). Consulta feita a mil consumidores pela Ipsos Opinion, a pedido do Ciesp, mostra que 17% deles esperam que 2007 seja "muito melhor" do que 2006. No levantamento feito para avaliar 2006, 30% dos entrevistados esperavam um ano "muito melhor". Para 66% das pessoas ouvidas em todas as regiões do país e diferentes classes sociais, 2007 será "um pouco melhor" do que o ano passado. Há um ano, 56% dos brasileiros aguardavam por um ano "um pouco melhor". "A boa notícia é que mais de 80% das pessoas consideram que 2007 será melhor do que 2006, embora sem muito entusiasmo", diz Boris Tabacof, diretor do Ciesp.

EXÓTICO
O 19º Seminário Regional de Política Fiscal, que acontece em Santiago, tem como tema central a condução de boas políticas fiscais em tempos de bonança. A Cepal, o FMI e o Banco Mundial estão preocupados sobre como tratar melhor a sobra de dinheiro. Os brasileiros José Roberto Afonso e Geraldo Biasoto, da Unicamp, devem ser os únicos a falar de falta de recursos. Eles apresentam artigo sobre investimento público. Tentarão explicar por que motivo o Brasil investe tão pouco arrecadando e gastando tanto.

GLOBALIZAÇÃO
A ministra delegada para o comércio exterior da França, Christine Lagarde, fará a conferência "Para uma globalização mais durável, mais leal e mais responsável", na próxima segunda, na Firjan.


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