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EUA se desaceleram mais que o previsto
Crescimento do PIB do quarto trimestre de 2007 é o menor desde 2002, quando o país saía de um período de recessão
Avanço de 2007, de 2,2%, também é o menor em cinco anos; resultado deve elevar pressão para que Senado aprove logo pacote de Bush
DA REDAÇÃO
A economia americana se desacelerou mais que o previsto
no último trimestre do ano passado, aumentando os temores
de recessão na maior economia
do mundo. O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu 0,6% de setembro a
dezembro na taxa anualizada,
depois de avançar 4,9% no trimestre -resultado que havia
sido maior que o previsto.
O avanço do quarto trimestre
de 2007 foi o menor desde o
mesmo período de 2002, quando a economia cresceu 0,2%. A
expectativa entre analistas era
a de um crescimento de 1,2%.
No ano, o PIB dos EUA se expandiu em 2,2% -0,7 ponto
percentual inferior ao de 2006
e o menor avanço desde 2002
(1,6%), quando o país saía de
um período de recessão.
"Uma palavra descreve esse
relatório: estagflação", disse
Ethan Harris, economista-chefe do Lehman Brothers nos
EUA, referindo-se ao termo
usado para inflação alta e baixo
crescimento. "Isso não são exatamente ótimas notícias para a
economia, olhando para a frente." Para Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Economy.com, o resultado "reforça
as chances de recessão".
Vários fatores influenciaram
a expressiva desaceleração nos
últimos três meses do ano passado. A queda nos estoques e a
desaceleração nas exportações,
nos gastos dos consumidores e
nos gastos do governo federal
contribuíram para a menor expansão da economia em relação ao trimestre anterior.
Os investimentos em estoques, por exemplo, contribuíram para a queda de 1,25 ponto
percentual no PIB do quarto
trimestre do ano passado, depois de ajudar no aumento de
0,89 ponto percentual nos três
meses anteriores. A queda dos
estoques está geralmente associada a períodos de recessão e
pode ser um sinal de que as empresas estão pouco otimistas
com as vendas.
O gasto dos consumidores,
que representa mais de 70% do
PIB, contribuiu com 1,37 ponto
percentual do avanço do quarto
trimestre, após colaborar com
2,01 ponto percentual no trimestre anterior. A contribuição dos gastos federais para o
PIB caiu 0,48 ponto percentual
ante o terceiro trimestre, para
0,2 ponto percentual.
Os investimentos no setor
imobiliário, que deu origem à
atual crise americana, provocaram uma queda de 1,18 ponto
percentual no PIB do quarto
trimestre. Nos três meses anteriores, eles já tinham provocado uma redução de 1,08 ponto
percentual no avanço de 4,9%.
A taxa anualizada significa
que, se o resultado do trimestre
se repetir nos nove meses seguintes, esse será o índice final
do período. O PIB americano
ainda sofrerá mais duas revisões até ser divulgado seu resultado definitivo. No terceiro
trimestre, por exemplo, a primeira estimativa apontava
crescimento um ponto percentual inferior ao dado final.
Pacote de estímulo
O resultado deve aumentar
ainda mais a pressão sobre o
Senado para votar rapidamente
o plano do governo George W.
Bush para estimular a economia. Anteontem, a Câmara dos
Representantes votou a medida, que prevê restituição de impostos para contribuintes e
isenção fiscal para empresas na
compra de equipamentos.
O Comitê de Finanças do Senado aprovou ontem um projeto diferente do que havia sido
votado pelos deputados, o que
pode atrasar mais a chegada
das medidas à mesa de Bush. As
medidas ampliam o número de
beneficiados pela restituição,
mas diminuem os valores. A expectativa era que Bush o aprovasse até 15 de fevereiro.
No entanto, alguns economistas já dizem que o plano não
será capaz de impedir a recessão, apenas torná-la mais branda. "É muito improvável que
qualquer coisa que Washington
seja capaz de juntar funcionará
rapidamente para reavivar a
atividade econômica neste
ano", disse Bernard Baumohl,
do Economic Outlook Group.
Com o "The New York Times"
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