São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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EUA se desaceleram mais que o previsto

Crescimento do PIB do quarto trimestre de 2007 é o menor desde 2002, quando o país saía de um período de recessão

Avanço de 2007, de 2,2%, também é o menor em cinco anos; resultado deve elevar pressão para que Senado aprove logo pacote de Bush

DA REDAÇÃO

A economia americana se desacelerou mais que o previsto no último trimestre do ano passado, aumentando os temores de recessão na maior economia do mundo. O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu 0,6% de setembro a dezembro na taxa anualizada, depois de avançar 4,9% no trimestre -resultado que havia sido maior que o previsto.
O avanço do quarto trimestre de 2007 foi o menor desde o mesmo período de 2002, quando a economia cresceu 0,2%. A expectativa entre analistas era a de um crescimento de 1,2%. No ano, o PIB dos EUA se expandiu em 2,2% -0,7 ponto percentual inferior ao de 2006 e o menor avanço desde 2002 (1,6%), quando o país saía de um período de recessão.
"Uma palavra descreve esse relatório: estagflação", disse Ethan Harris, economista-chefe do Lehman Brothers nos EUA, referindo-se ao termo usado para inflação alta e baixo crescimento. "Isso não são exatamente ótimas notícias para a economia, olhando para a frente." Para Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Economy.com, o resultado "reforça as chances de recessão".
Vários fatores influenciaram a expressiva desaceleração nos últimos três meses do ano passado. A queda nos estoques e a desaceleração nas exportações, nos gastos dos consumidores e nos gastos do governo federal contribuíram para a menor expansão da economia em relação ao trimestre anterior.
Os investimentos em estoques, por exemplo, contribuíram para a queda de 1,25 ponto percentual no PIB do quarto trimestre do ano passado, depois de ajudar no aumento de 0,89 ponto percentual nos três meses anteriores. A queda dos estoques está geralmente associada a períodos de recessão e pode ser um sinal de que as empresas estão pouco otimistas com as vendas.
O gasto dos consumidores, que representa mais de 70% do PIB, contribuiu com 1,37 ponto percentual do avanço do quarto trimestre, após colaborar com 2,01 ponto percentual no trimestre anterior. A contribuição dos gastos federais para o PIB caiu 0,48 ponto percentual ante o terceiro trimestre, para 0,2 ponto percentual.
Os investimentos no setor imobiliário, que deu origem à atual crise americana, provocaram uma queda de 1,18 ponto percentual no PIB do quarto trimestre. Nos três meses anteriores, eles já tinham provocado uma redução de 1,08 ponto percentual no avanço de 4,9%.
A taxa anualizada significa que, se o resultado do trimestre se repetir nos nove meses seguintes, esse será o índice final do período. O PIB americano ainda sofrerá mais duas revisões até ser divulgado seu resultado definitivo. No terceiro trimestre, por exemplo, a primeira estimativa apontava crescimento um ponto percentual inferior ao dado final.

Pacote de estímulo
O resultado deve aumentar ainda mais a pressão sobre o Senado para votar rapidamente o plano do governo George W. Bush para estimular a economia. Anteontem, a Câmara dos Representantes votou a medida, que prevê restituição de impostos para contribuintes e isenção fiscal para empresas na compra de equipamentos.
O Comitê de Finanças do Senado aprovou ontem um projeto diferente do que havia sido votado pelos deputados, o que pode atrasar mais a chegada das medidas à mesa de Bush. As medidas ampliam o número de beneficiados pela restituição, mas diminuem os valores. A expectativa era que Bush o aprovasse até 15 de fevereiro.
No entanto, alguns economistas já dizem que o plano não será capaz de impedir a recessão, apenas torná-la mais branda. "É muito improvável que qualquer coisa que Washington seja capaz de juntar funcionará rapidamente para reavivar a atividade econômica neste ano", disse Bernard Baumohl, do Economic Outlook Group.


Com o "The New York Times"

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