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Exportador prevê "período difícil de 60 dias"
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Os exportadores de carne bovina prevêem um "período difícil de 60 dias" devido ao embargo da UE (União Européia)
contra o produto brasileiro.
Essa é a avaliação do ex-ministro Marcus Vinícius Pratini
de Moraes, presidente da Abiec
(Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Pratini vincula a normalização do mercado à missão da
UE que chega ao Brasil em 25
de fevereiro.
Durante 15 dias, os técnicos
devem verificar a auditoria
coordenada pelo governo brasileiro para indicar as fazendas
habilitadas para o fornecimento de carne para o bloco econômico. A visita estava programada inicialmente para março.
O anúncio da decisão européia deixou os negócios em ritmo lento. Os frigoríficos exportadores limitaram as compras.
No início da semana, no
Triângulo Mineiro, o preço da
arroba estava em R$ 73 para o
boi rastreado. Para o gado comum, "sem brinco", em R$ 66.
"Em Goiás, o deságio chegou a
R$ 10", diz Leonardo Alencar,
analista da Scot Consultoria.
Mesmo com esse impacto,
Alencar diz que o mercado tende a trabalhar acima do patamar do começo do ano passado.
Em fevereiro de 2007, a praça
de Barretos (SP) registrou média de R$ 55. "A oferta está muito mais curta neste ano", afirma Cesar de Castro Alves, da
MB Agro Consultoria.
O presidente da Sociedade
Rural Brasileira, Cesário Ramalho, diz que o pecuarista deve manter a calma. Para ele, é
essencial evitar um "efeito manada", que aumente as vendas
de forma desproporcional.
Como bloco econômico, a
União Européia é o principal
mercado em receita para a carne bovina brasileira. No ano
passado, comprou 543,5 mil toneladas do país, 21% do volume
embarcado. Os europeus desembolsaram US$ 1,4 bilhão,
31,7% da receita total dos embarques, de US$ 4,420 bilhões.
Frigoríficos com ações negociadas em Bolsa divulgaram comunicados tentando acalmar o
mercado. Segundo as empresas, é possível redirecionar as
vendas para outras regiões, como o Oriente Médio. As unidades dessas indústrias em outros
países priorizarão os embarques para a Europa. Ontem,
quando a Bovespa subiu 1,28%,
as ações do JBS-Friboi caíram
0,84%, as do Marfrig, 0,83%, e
as do Minerva, 0,12%.
Competitividade
Antenor Nogueira, presidente do Fórum da Pecuária de
Corte da CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do
Brasil), reduz o embargo europeu a "questão comercial". Segundo ele, a decisão visa proteger a produção local.
"O Brasil é muito mais competitivo." Enquanto o boi brasileiro é negociado a R$ 1.200, o
europeu é vendido por 1.352,
o equivalente a R$ 3.556.
"Isso é desculpa para subir o
preço da carne na Europa e não
haver a necessidade de liberar
subsídios", diz Sebastião Guedes, presidente do CNPC (Conselho Nacional da Pecuária de
Corte).
José Vicente Ferraz, diretor
técnico da consultoria
AgraFNP, espera reações dos
próprios europeus. "O consumidor vai sentir no bolso e vai
haver muitos distribuidores de
carne em dificuldades", diz.
Início
Para Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria
Produtora e Exportadora de
Carne Suína), o Sisbov (Serviço
Brasileiro de Rastreabilidade
da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos) pecou desde a
origem, no começo da década.
"Era necessário segmentar o
mercado, com pagamento
maior para o boi rastreado",
diz. Para Camargo Neto, que
também é pecuarista, a indústria resistiu em trabalhar dessa
forma, pelo receio de valorização dos rebanhos rastreados.
"Não houve fiscalização, e o sistema ficou desmoralizado", diz.
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