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Vale tenta convencer Lula a dar aval para a compra da Xstrata
Em conversa com o presidente, Roger Agnelli afirma que comando continuaria nas mãos de brasileiros e que operação fortaleceria empresa contra rivais
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversa ontem por telefone, o presidente da Vale, Roger Agnelli, passou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dados a respeito da negociações
da empresa brasileira para
comprar a mineradora anglo-suíça Xstrata.
Segundo a Folha apurou, Lula ficou de analisar os dados
com seus auxiliares e dar uma
resposta a Agnelli, que deseja
aval político do governo para
realizar a compra. Agnelli argumentou que o controle acionário da Vale continuaria em
mãos de brasileiros e que a
compra é uma forma de a Vale
se fortalecer na competição
global com outros gigantes.
Agnelli tentar vencer resistências de Lula e de ministros
como Dilma Rousseff (Casa Civil) ao negócio. No Palácio do
Planalto, há temor de que a
operação Vale-Xstrata seja o
primeiro passo de uma etapa
para que o controle da maior
empresa privada brasileira venha no futuro a ficar em poder
de estrangeiros. A empresa foi
privatizada em 1997 e, desde
então, só fez crescer.
Para viabilizar a compra, Agnelli precisa do aval político de
Lula porque o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e fundos
de pensão têm participação na
companhia. Mais: Lula tem se
queixado publicamente de que
a Vale investe pouco no país.
Ele teme que a compra da
Xstrata enfraqueça investimentos da Vale no Brasil.
Desde o início das negociações, um auxiliar do presidente
disse que ele pode ser convencido de que o negócio traria benefícios ao país. Na semana
passada, Lula jantou com Agnelli no Rio. Como foi um encontro informal, combinaram
de voltar ao assunto, o que fizeram ontem por telefone.
A Vale já confirmou publicamente interesse na compra da
Xstrata e o início de tratativas
nesse sentido. O valor do negócio seria de US$ 90 bilhões
-US$ 30 bilhões dos quais a
serem quitados com a oferta de
ações preferenciais da Vale. No
mercado, estima-se o valor da
companhia brasileira em US$
120 bilhões.
Segundo integrantes do governo, o Palácio do Planalto poderia tentar inviabilizar a compra da Xstrata por meio do
BNDESPar, subsidiária do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que tem participações
em empresas, e pela Previ (fundo de pensão dos funcionários
do Banco do Brasil). BNDESPar e Previ têm participação na
Vale e representantes no Conselho de Administração.
Ainda que a Vale consiga realizar o negócio contrariando o
governo, essa hipótese não é de
interesse de Agnelli, um dos
grandes executivos brasileiros
que têm excelente trânsito na
cúpula do governo petista. O
aval de Lula fortaleceria as negociações que a Vale tem de fazer com bancos estrangeiros
para viabilizar a compra.
A Vale é controlada por Previ
(fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil),
Bradesco, BNDES e pela japonesa Mitsui. Analistas afirmam
que o negócio pode ser bom para a Vale, em razão da diversificação de ativos. A Xstrata opera
com cobre, carvão, níquel e zinco, por exemplo. A empresa
atua em países como Argentina, Canadá, Chile, Colômbia,
República Dominicana, Nova
Caledônia, Peru, Filipinas,
África do Sul, Tanzânia e EUA.
De acordo com dados da Xstrata, a companhia emprega 50
mil pessoas no mundo.
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