São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Governo prepara ofensiva para tentar reduzir "spread"

Taxa pode ter ranking por banco; CEF e BB cortarão juro

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo prepara uma nova ofensiva para tentar estimular a concorrência e forçar a queda do "spread" dos bancos (valor cobrado a mais para repassar o dinheiro captado aos clientes) no setor privado.
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil deverão anunciar nos próximos dias uma nova rodada de corte dos juros e nos "spreads" de algumas operações de crédito. Outra medida, ainda em debate e que tem gerado polêmica na equipe econômica, prevê a divulgação de um ranking dos bancos por "spread", como já ocorre hoje com as tarifas.
A Folha apurou, porém, que não há consenso sobre a proposta, considerada "declaração de guerra" ao sistema financeiro por parte do governo. A eficácia também é questionada.
Técnicos ouvidos pela Folha alegam que um banco pode ser produtivo, ter um "spread" pequeno, mas praticar uma taxa mais alta que a concorrência. Com isso, a divulgação da lista não levaria a nada. O mais importante para o consumidor, argumentam, é o custo final. Outra corrente, porém, acredita que a ideia seria importante para elevar a concorrência.
Por enquanto, está acertado que a Caixa e BB irão promover novas redução em linhas cuja competição é maior e, por isso, podem fazer com que os bancos privados sigam o mesmo caminho. O foco são produtos voltados para as empresas, como empréstimos para capital de giro, mas a queda atingirá também as pessoas físicas.
BB e Caixa fizeram, nos últimos dias, um levantamento detalhado dos "spreads" por produto para mostrar ao grupo encarregado de discutir o tema no governo que as chances de sucesso das duas instituições em liderar uma cruzada se resumem a algumas linhas, em que a demanda é mais sensível à redução nas taxas.
É o caso do crédito direto ao consumidor e do capital de giro. Como têm mais garantias, o risco é menor e fica mais fácil para os bancos cortarem os "spreads".
O detalhamento feito pelos bancos oficiais é uma resposta ao presidente do BC, Henrique Meirelles, tido como o pai da tese dentro do governo de que não adianta reduzir a taxa básica de juros porque os "spreads" dos bancos são altos.


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