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Exportadores fogem da taxação das aplicações e retêm dólares
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Os exportadores brasileiros têm
evitado o fechamento das operações de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio). Uma das principais razões é a inexistência de aplicações que garantam que os reais
recebidos fiquem imunes a novas
eventuais valorizações do dólar.
Quando um exportador fecha
um ACC, recebe antecipadamente
em reais o valor de uma venda futura para o exterior. O banco que
faz a operação se apropria dos dólares imediatamente, pois já adquiriu linha de crédito no exterior.
A entrada de dólares das exportações aumenta a oferta da moeda
norte-americana -isso fará, segundo tem dito a equipe econômica, que a cotação do dólar recue.
Por causa da atual crise, os exportadores estão quase imóveis.
Poucos contratos de câmbio estão
sendo fechados, apesar do maior
movimento nos últimos dias da semana. Falta dólar no mercado e o
real perde valor.
Exportadores que não têm urgência para obter o dinheiro esperam um melhor momento. Deixam para receber apenas quando a
venda for concluída.
A dúvida principal é se o real vai
se desvalorizar mais em relação ao
dólar. Os exportadores temem antecipar a receita de uma venda e
perder dinheiro no curto prazo.
Os exportadores que estão fechando contratos de ACC, mas que
não precisam usar o dinheiro imediatamente, poderiam, em tese,
entrar no mercado financeiro brasileiro e se proteger de eventuais
quedas do real -como se diz no
jargão, fazendo operações de
"hedge" (palavra inglesa que significa garantia).
Se um exportador receber, digamos, o equivalente em reais a US$
100 milhões, poderá aplicar esse
dinheiro em fundos cambiais. Assim, se o real se desvalorizar, a receita da exportação estaria protegida dessa flutuação.
Ocorre que as aplicações financeiras são fortemente taxadas no
Brasil. O Imposto de Renda sobre
o lucro da operação é de 20%.
Dessa forma, o exportador que
internar US$ 100 milhões e lucrar
10% com uma eventual desvalorização do real não terá garantido
proteção integral ao seu dinheiro.
Os 10% de lucro -no exemplo
acima equivaleriam a US$ 10 milhões- que seriam pagos pelo
fundo cambial emagreceriam em
20% (US$ 2 milhões) antes de passarem para a mão do investidor.
Há também a taxação de 0,38%
sobre operações financeiras.
Além disso, as empresas estão
sujeitas a pagar uma alíquota de
8% a título de Contribuição Social
sobre Lucro Líquido. Isso reduz
ainda mais a lucratividade das
operações de "hedge" que exportadores poderiam fazer para se
proteger de uma eventual desvalorização do real.
A desvantagem que os exportadores têm nessas operações é uma
das principais razões para o país
estar sem receber o volume de dólares esperado pelo governo.
Como não há prazo para a crise
terminar, ninguém sabe quando
serão desovados os dólares referentes às exportações. Para os exportadores, a melhor opção financeira é esperar o máximo possível.
O mercado de câmbio está sendo
operado apenas pelo bancos privados, que têm pouco dólar. Como a
demanda é alta, a cotação sobe
continua subindo.
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