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País conta com sistema familiar de proteção contra desemprego
do enviado especial
"Minha família me protege. O
que o governo deve fazer é proteger as empresas."
Dessa forma, Swan Gwan, um
desempregado sul-coreano de 52
anos, definiu sua opinião sobre a
necessidade de se criar um sistema
de proteção aos desempregados
no país. Ele é contra.
Ex-funcionário de uma empresa
eletrônica, Gwan está tentando há
quatro meses encontrar nova colocação num dos recém criados centros de emprego do governo, chamados "Seul Manpower Banks".
Ele ainda não conseguiu achar
uma vaga como a que queria e decidiu que irá esperar quanto tempo for necessário. Já lhe ofereceram serviços temporários de contabilidade e até de faxina. Rejeitou.
Sente que o país está se recuperando e que, em breve, um emprego
semelhante ao que tinha lhe será
oferecido.
"Se tivéssemos dado dinheiro
apenas para os desempregados, os
empregos não voltariam. Quem
cria emprego é a empresa."
Gwan mora numa pequena casa
num subúrbio de Seul. Como quase toda família sul-coreana, a sua
também cresce num ambiente
moldado pela filosofia confucionista, a milenar doutrina chinesa
que define as relações humanas em
função da família e do Estado. Isso
significa que pelo menos três gerações da família de Gwan moram
sob o mesmo teto. "Faço questão
que meus pais e meus filhos morem comigo. Dividimos as despesas e vivemos em harmonia."
Com cerca de 1,7 milhão de desempregados (1,5 milhão a mais do
que antes da crise asiática), só agora o país está instituindo um seguro-desemprego.
"A situação é grave porque os desempregados têm vergonha de pedir dinheiro ao governo", disse H.
Lee, do Ministério do Trabalho
sul-coreano. "Alguns escondem
dos vizinhos que perderam o emprego. Levantam cedo e vestem
terno e gravata, como se ainda tivessem empregos. Rodam pela cidade durante todo o dia e retornam à noite. Fazem isso durante
meses", disse ele.
O desemprego é grave, mas segundo Lee, não tanto quanto em
países como a Indonésia. "Aqui, a
família serve como um colchão para o desempregado. Além disso, a
poupança das famílias é alta. Eles
têm como se segurar durante um
tempo."
A rede de proteção social na Coréia do Sul não é tão frágil quanto
nos outros países asiáticos. Um desempregado sul-coreano ganha do
governo metade de seu salário durante os seis meses posteriores à
demissão. Além disso, recebe gratuitamente cursos de reciclagem.
Mas o maior instrumento para
combater o desemprego no país
são os recursos que o governo joga
nas empresas que desistem de demitir. Em alguns casos, salários no
setor privado são pagos diretamente pelo governo durante meses. Até o ano passado, esse sistema só funcionava para empresas
com mais de dez empregados. No
entanto, com o colapso de 20 mil
pequenas e micro empresas, o governo reviu o programa.
Em outubro do ano passado, a
Hyundai tentou demitir 1.600 empregados considerados ociosos.
Apesar de forçar os conglomerados a se reestruturarem, o governo
pediu que as demissões não ocorressem e conseguiu manter os empregos.
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