São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÁTICA
Empresa alegaria não-cumprimento de ordem judicial pelo presidente do Cade
Kaiser estudou pedir prisão de Gesner

da Sucursal de Brasília

A derrota iminente na sessão do Cade sobre a fusão da AmBev levou a direção da cervejaria Kaiser a tentar duas jogadas de desespero para interromper o julgamento e ganhar tempo.
As idéias partiram da assessoria jurídica da empresa. A primeira era alugar um jatinho para trazer um oficial de Justiça de São José dos Campos (SP) para Brasília com uma liminar que adiaria o julgamento.
A segunda era conseguir um mandado de prisão para o presidente do Cade, Gesner Oliveira, alegando que ele se recusou a cumprir uma ordem judicial. Com a ausência do presidente, a sessão seria encerrada.
Mas uma derrota judicial invalidou as duas tentativas, que não chegaram a ser postas em prática. Ontem, advogados da empresa confirmaram que um jatinho chegou a ser alugado em São José, mas não levantou vôo. E também admitiram que tentaram um mandado de prisão contra Oliveira, sem sucesso.
A confusão jurídica teve início pouco depois das 15h de anteontem, quando advogados da Kaiser chegaram ao Cade com a notícia de que o juiz Jadiael Galvão Miranda, de São José dos Campos, havia concedido uma liminar que adiava o julgamento.
O mandado foi enviado para o Hotel Naoum, em Brasília, e de lá levado ao Cade, onde chegou às 16h30. Mas o procurador-geral do Cade, Amauri Serralvo, não paralisou a sessão, alegando que o fax havia sido enviado do escritório de um advogado, por isso não podia averiguar sua veracidade. Nesse momento, Pandolpho e sua assessoria jurídica tiveram as idéias de alugar o avião e tentar prender Oliveira.
Dois fatos jogaram água no chope da Kaiser. O próprio juiz de São José enviou a liminar por fax para a Justiça Federal de Brasília. Um oficial de Justiça chegou com a liminar às 19h05 no Cade, mas, novamente Serralvo mandou a sessão prosseguir. A liminar foi cassada às 18h39.
O segundo: Oliveira e os demais conselheiros do Cade já tinham habeas-corpus (garantia constitucional que protege o direito de ir e vir) preventivo que impediria a tentativa de prisão. Além disso, a liminar já fora derrubada e motivo que poderia gerar o pedido de prisão não existia mais. (OTÁVIO CABRAL)


Texto Anterior: Consumidores vão ganhar, diz relatora
Próximo Texto: Repercussão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.