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BC não descarta acordo com o FMI
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, não descartou totalmente ontem a extensão
do acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), que
acaba no final deste ano. Disse
que as chances são remotas e que
o país poderia recorrer, ao final
do atual programa, a uma linha de
crédito que não pressupõe metas
a serem cumpridas.
"A nossa previsão é que não haverá necessidade de renovar o
acordo com o FMI", disse. "A
princípio, acho pouquíssimo provável. Sempre é difícil falar que é
impossível, não se fala isso em
economia. Mas acho remoto",
afirmou, ao ser questionado sobre
o assunto em entrevista a jornalistas estrangeiros.
Em depoimento à Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado,
o ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) reiterou a intenção do
governo de não renovar o acordo.
"Estamos trabalhando para que
este seja o último de uma longa
série de acordos com o Fundo."
Palocci disse que o Brasil faz um
trabalho institucional para convencer o organismo a adotar uma
modalidade de "acordo preventivo", pelo qual países que praticam
políticas econômicas corretas
possam recorrer ao FMI em caso
de choques externos.
Meirelles disse que o Brasil poderia buscar uma linha de caráter
preventivo, a exemplo do que o
México teria feito recentemente.
O dinheiro só seria sacado pelo
país em caso de necessidade.
Segundo a Folha apurou, no entanto, essa modalidade de empréstimo a que Meirelles se referiu foi extinta em novembro do
ano passado porque nenhum país
chegou a usar o mecanismo, nem
mesmo o México.
Chamada de Linha de Crédito
de Contingência, a CCL (sigla em
inglês) só poderia ser utilizada
por economias consideradas
exemplares, com baixa relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto), por exemplo.
Estariam enquadrados nessa situação países como Nova Zelândia e Chile. Mas nenhum dos dois
recorreu ao mecanismo. O México teria considerado a hipótese,
mas não chegou a buscar efetivamente a linha.
A relação dívida/PIB do Brasil é
de 58% hoje, considerada bastante alta pelo mercado financeiro.
Segundo Meirelles, o Brasil "está no caminho do crescimento sobre bases sólidas". Disse que o
Banco Central está um ano adiantado em relação aos planos de formação de reservas internacionais.
No começo de 2003, a projeção
era chegar ao final daquele ano
com aproximadamente US$ 14
bilhões (pelo conceito de reservas
líquidas, descontados os empréstimos do Fundo).
Colaborou a Sucursal de Brasília
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