São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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BC não descarta acordo com o FMI

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não descartou totalmente ontem a extensão do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que acaba no final deste ano. Disse que as chances são remotas e que o país poderia recorrer, ao final do atual programa, a uma linha de crédito que não pressupõe metas a serem cumpridas.
"A nossa previsão é que não haverá necessidade de renovar o acordo com o FMI", disse. "A princípio, acho pouquíssimo provável. Sempre é difícil falar que é impossível, não se fala isso em economia. Mas acho remoto", afirmou, ao ser questionado sobre o assunto em entrevista a jornalistas estrangeiros.
Em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) reiterou a intenção do governo de não renovar o acordo. "Estamos trabalhando para que este seja o último de uma longa série de acordos com o Fundo."
Palocci disse que o Brasil faz um trabalho institucional para convencer o organismo a adotar uma modalidade de "acordo preventivo", pelo qual países que praticam políticas econômicas corretas possam recorrer ao FMI em caso de choques externos.
Meirelles disse que o Brasil poderia buscar uma linha de caráter preventivo, a exemplo do que o México teria feito recentemente. O dinheiro só seria sacado pelo país em caso de necessidade.
Segundo a Folha apurou, no entanto, essa modalidade de empréstimo a que Meirelles se referiu foi extinta em novembro do ano passado porque nenhum país chegou a usar o mecanismo, nem mesmo o México.
Chamada de Linha de Crédito de Contingência, a CCL (sigla em inglês) só poderia ser utilizada por economias consideradas exemplares, com baixa relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto), por exemplo.
Estariam enquadrados nessa situação países como Nova Zelândia e Chile. Mas nenhum dos dois recorreu ao mecanismo. O México teria considerado a hipótese, mas não chegou a buscar efetivamente a linha.
A relação dívida/PIB do Brasil é de 58% hoje, considerada bastante alta pelo mercado financeiro.
Segundo Meirelles, o Brasil "está no caminho do crescimento sobre bases sólidas". Disse que o Banco Central está um ano adiantado em relação aos planos de formação de reservas internacionais.
No começo de 2003, a projeção era chegar ao final daquele ano com aproximadamente US$ 14 bilhões (pelo conceito de reservas líquidas, descontados os empréstimos do Fundo).


Colaborou a Sucursal de Brasília


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