São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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AGENDA POSITIVA

Presidente afirma que não faltarão recursos para financiar projetos que contribuam para o desenvolvimento

Lula diz ter "pressa" para ver o país crescer

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na semana em que o governo se esforça para emplacar uma agenda positiva na área econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter "pressa" e "urgência" para ver o crescimento do país.
"Nós temos pressa, temos urgência, porque nós, que acreditamos no desenvolvimento do Brasil, sabemos que a energia é condição sine qua non para que o Brasil possa retomar o seu crescimento", disse Lula ontem durante a cerimônia de assinatura do decreto que regulamenta o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa).
Lula assegurou que a economia vai entrar em ascensão a partir deste ano. Ele disse aos empresários presentes à cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, que não faltará dinheiro para financiar projetos da iniciativa privada capazes de contribuir para o crescimento econômico.
"O governo não vai deixar de adotar nenhuma medida para que o Brasil tenha um desenvolvimento sustentável, e que os empresários e a sociedade brasileira acreditem que nós não estamos brincando ou fazendo insinuações quando afirmamos que a economia vai ter um desenvolvimento sustentável. E ele será crescente daqui para a frente."
Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a economia sofreu retração de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em relação a 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Projetos sim, idéias não
Em seu discurso, Lula convidou os empresários a apresentar projetos para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Não faltará dinheiro para o financiamento de projetos neste país. Agora é preciso ter projeto, porque não dá para financiar idéias. Idéias a gente manda para a universidade fazer pesquisa. O BNDES e outras instituições trabalham com projetos concretos."
Lula afirmou que muitos projetos empresariais não saíram do papel porque os governos passados não informaram claramente à iniciativa privada sobre a importância e a necessidade de cumprir a lei ambiental.
"Durante muito tempo se preferiu enganar o empresário, deixá-lo na fila de espera, criando uma expectativa, quando seria mais honesto dizer que tal ou qual projeto não vai sair porque fere todas as normas de proteção ambiental do Brasil."
Lula enfatizou que seu governo aboliu a "lei do jeitinho", que, segundo ele, deixava instituições como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no "caos". O órgão tem o poder de vetar empreendimentos que desrespeitem a lei ambiental do país.
"Era preciso adotar sempre a política do jeitinho, ou seja, quem é amigo do rei espera o resultado do caos, onde estão várias instituições brasileiras que têm que dar pareceres extremamente importantes." Lula disse ainda que "todo mundo descarrega em cima do Ibama" e que, por isso, o órgão "parece mãe de juiz de futebol".
Lula usou o Ibama para fazer uma espécie de desabafo. Segundo ele, virou prática culpar o órgão por todos os projetos que não receberam licença ambiental. Ao tratar do assunto, por exemplo, lembrou que as pessoas costumam transferir responsabilidades para ocultar seus erros.
"Tanto na economia como na nossa vida privada, é sempre importante a gente tentar encontrar alguém para jogar a culpa, até de erros que nós mesmos cometemos em algum momento."


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