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EFEITO COLATERAL
PIB do país somou R$ 1,938 trilhão em 2005; se considerado o PIB per capita, posição mundial cai para 72ª
Dólar fraco eleva Brasil a 11ª maior economia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Depois de perder posições nos
últimos anos, a desvalorização do
dólar fez a economia brasileira
avançar no ranking das maiores
do mundo. Com um PIB estimado em R$ 1,938 trilhão (ou US$
796 bilhões) pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil subiu da 15ª para a 11ª
posição mundial.
A ressalva é que o crescimento
ocorreu apenas porque o real se
valorizou ante o dólar, e não porque a economia brasileira teve desempenho melhor do que a dos
demais países. Pelo contrário, o
PIB brasileiro subiu 2,3%, contra
uma expansão média de 4,3% da
economia mundial, estimada pelo
FMI. No quarto trimestre de 2004,
o PIB totalizou R$ 521,9 bilhões.
Considerando um dólar médio
de R$ 2,43 no ano passado, o PIB
brasileiro conseguiu ultrapassar
Índia, Austrália e Holanda. Deixou ainda o México para trás e
voltou a ser a maior economia da
América Latina, segundo o ranking elaborado pela Austin Rating, a partir das estimativas do
FMI para o PIB de 155 países. Por
esse critério, os países de maior
PIB são EUA, Japão e Alemanha.
O economista-chefe da Austin
Rating, Alex Agostini, recorda,
porém, que o crescimento brasileiro no ano passado foi um dos
menores das Américas e que o
país só avançou no ranking do
PIB por causa da valorização do
real de 12,4% ante o dólar no acumulado de 2005.
Para Guilherme Maia, da Tendências, não fosse a valorização
do moeda local o país teria até
perdido posições. Já o economista
Fábio Giambiagi, do Ipea, relativiza a importância dos rankings,
pois eles comparam economias
muitos diferentes entre si, com
moedas distintas e padrões de poder de consumo discrepantes.
O ranking não considera a PPP
(Paridade de Poder de Compra),
medida usada para comparar o
tamanho de diferentes economias
e o poder de compra de cada país,
levando em conta os preços relativos dos diferentes países.
PIB per capita
Pelos dados do IBGE divulgados
ontem, o PIB per capita (que varia
de acordo com o tamanho da economia e da população) somou R$
10.520 -US$ 4.321. Na comparação com 2004, o PIB per capita subiu apenas 0,8% -menos do que
a alta de 3,4% registrada de 2003
para 2004. O desempenho nem
sequer se aproxima do crescimento vegetativo da população
-cerca de 2% ao ano.
No ranking per capita elaborado pela Austin Ratings, o Brasil
está em 72º lugar, atrás de países
como Argentina (71º), Panamá
(70º) e Costa Rica (69º). Com relativamente pouca população e renda elevada, Luxemburgo, Noruega e Suíça lideram o ranking de
renda per capita.
Perdas e ganhos
Os dados do IBGE mostram ainda uma perda expressiva de peso
da agricultura na economia brasileira -de 10,1% em 2004 para
8,4% em 2005. O motivo foi a crise
no campo detonada pela estiagem
prolongada do início de 2005, que
reduziu a produção das lavouras,
além da redução das cotações das
principais commodities agrícolas.
Os preços dos produtos agropecuários tiveram forte queda em
2005 (9,3%), o que provocou a
contração do PIB em valores do
setor -R$ 145,8 bilhões em 2005.
Em volume, o PIB da agropecuária avançou só 0,8%, abaixo da
média e menos do que os demais
setores. Com isso, a agricultura,
que ganhava peso na economia
do país desde 2001, perdeu espaço
para a indústria -cuja participação na economia saltou de 38,9%
para 40%- e serviços -de
55,6% para 57%.
O PIB da indústria somou R$
590,6 bilhões. Já o dos serviços foi
estimado em R$ 985,3 bilhões. Já
sob a forma de impostos sobre
produtos, a economia movimentou R$ 209,1 bilhões.
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