São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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EFEITO COLATERAL

PIB do país somou R$ 1,938 trilhão em 2005; se considerado o PIB per capita, posição mundial cai para 72ª

Dólar fraco eleva Brasil a 11ª maior economia

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Depois de perder posições nos últimos anos, a desvalorização do dólar fez a economia brasileira avançar no ranking das maiores do mundo. Com um PIB estimado em R$ 1,938 trilhão (ou US$ 796 bilhões) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil subiu da 15ª para a 11ª posição mundial.
A ressalva é que o crescimento ocorreu apenas porque o real se valorizou ante o dólar, e não porque a economia brasileira teve desempenho melhor do que a dos demais países. Pelo contrário, o PIB brasileiro subiu 2,3%, contra uma expansão média de 4,3% da economia mundial, estimada pelo FMI. No quarto trimestre de 2004, o PIB totalizou R$ 521,9 bilhões.
Considerando um dólar médio de R$ 2,43 no ano passado, o PIB brasileiro conseguiu ultrapassar Índia, Austrália e Holanda. Deixou ainda o México para trás e voltou a ser a maior economia da América Latina, segundo o ranking elaborado pela Austin Rating, a partir das estimativas do FMI para o PIB de 155 países. Por esse critério, os países de maior PIB são EUA, Japão e Alemanha.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, recorda, porém, que o crescimento brasileiro no ano passado foi um dos menores das Américas e que o país só avançou no ranking do PIB por causa da valorização do real de 12,4% ante o dólar no acumulado de 2005.
Para Guilherme Maia, da Tendências, não fosse a valorização do moeda local o país teria até perdido posições. Já o economista Fábio Giambiagi, do Ipea, relativiza a importância dos rankings, pois eles comparam economias muitos diferentes entre si, com moedas distintas e padrões de poder de consumo discrepantes.
O ranking não considera a PPP (Paridade de Poder de Compra), medida usada para comparar o tamanho de diferentes economias e o poder de compra de cada país, levando em conta os preços relativos dos diferentes países.

PIB per capita
Pelos dados do IBGE divulgados ontem, o PIB per capita (que varia de acordo com o tamanho da economia e da população) somou R$ 10.520 -US$ 4.321. Na comparação com 2004, o PIB per capita subiu apenas 0,8% -menos do que a alta de 3,4% registrada de 2003 para 2004. O desempenho nem sequer se aproxima do crescimento vegetativo da população -cerca de 2% ao ano.
No ranking per capita elaborado pela Austin Ratings, o Brasil está em 72º lugar, atrás de países como Argentina (71º), Panamá (70º) e Costa Rica (69º). Com relativamente pouca população e renda elevada, Luxemburgo, Noruega e Suíça lideram o ranking de renda per capita.

Perdas e ganhos
Os dados do IBGE mostram ainda uma perda expressiva de peso da agricultura na economia brasileira -de 10,1% em 2004 para 8,4% em 2005. O motivo foi a crise no campo detonada pela estiagem prolongada do início de 2005, que reduziu a produção das lavouras, além da redução das cotações das principais commodities agrícolas.
Os preços dos produtos agropecuários tiveram forte queda em 2005 (9,3%), o que provocou a contração do PIB em valores do setor -R$ 145,8 bilhões em 2005.
Em volume, o PIB da agropecuária avançou só 0,8%, abaixo da média e menos do que os demais setores. Com isso, a agricultura, que ganhava peso na economia do país desde 2001, perdeu espaço para a indústria -cuja participação na economia saltou de 38,9% para 40%- e serviços -de 55,6% para 57%.
O PIB da indústria somou R$ 590,6 bilhões. Já o dos serviços foi estimado em R$ 985,3 bilhões. Já sob a forma de impostos sobre produtos, a economia movimentou R$ 209,1 bilhões.


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