|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exportação de manufaturados sente a crise
EUA compraram menos calçados, motores para carros e autopeças do Brasil, segundo números de 2007
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
As indústrias que exportam
produtos manufaturados, especialmente para os EUA, devem ficar mais atentas e acompanhar "de perto" a intensidade da crise econômica norte-americana. Isso significa até
colocar o "pé no freio" da produção e dos investimentos, segundo economistas e especialistas em comércio exterior.
A crise na maior economia do
mundo, que pode durar de dois
trimestres a dois anos, como
prevêem os economistas, já
tem efeito no país: os EUA
compraram menos do Brasil
calçados, motores para carros e
autopeças, como mostram números de 2007 ante 2006.
"Quem exporta produtos
manufaturados já sente, sim, os
efeitos da crise nos Estados
Unidos, como é o caso das indústrias de calçados, de motores para carros e de autopeças.
Mas há também o efeito indireto. A crise atinge ainda os exportadores de commodities,
que vão do Brasil para os Estados Unidos e para o mundo. Todos os exportadores devem ficar atentos neste momento",
diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, associação de exportadores do país.
"Com a taxa de câmbio do jeito que está, desfavorável às exportações, e com cotações de
commodities em queda, vai ficar cada vez mais difícil exportar. Essa crise deve durar no
mínimo até 2009. Por isso, as
empresas precisam sempre rever seus planos", diz.
Caio Megale, economista da
consultoria Mauá, prevê que o
PIB norte-americano deve registrar queda no primeiro e segundo trimestres deste ano
-na comparação com os trimestres anteriores- sem os
efeitos sazonais. Neste ano, porém, o PIB deve crescer 1% sobre 2007. "O PIB não crescerá
mais do que 2,5% antes do final
de 2009, mas deve haver recuperação gradual a partir do segundo semestre deste ano."
Ele diz que o impacto direto e
indireto nas empresas brasileiras depende da intensidade da
crise e que é possível dizer que
nos últimos 12 meses o volume
das exportações brasileiras para os EUA caiu cerca de 10%.
"Existe ainda a possibilidade
de direcionar as exportações
para outros mercados. A redução de compra dos EUA está
sendo suprida pelo comércio
entre outros países. Mas, se o
empresário entender que a crise é intensa, pode colocar um
pé no freio dos investimentos."
Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores,
também prevê recuperação da
economia norte-americana a
partir do segundo semestre
deste ano. No cenário que ele
chama de básico, o PIB dos
EUA deve crescer 1,3% neste
ano e 2% em 2009. Se a crise for
mais acentuada, os números
são 0,5% e zero, respectivamente. "O PIB pode ser negativo em algum trimestre, mas
não no ano. A recessão deverá
ser branda e a recuperação da
economia não será demorada."
Para ele, "os preços das commodities não vão derreter". A
queda nos cotações já era esperada, "pois os preços tão elevados das commodities nos últimos meses estavam fora do
normal." A LCA não alterou a
projeção de crescimento do
PIB para o Brasil -5%, considerando o cenário básico, e de
3,7%, considerando uma crise
mais acentuada nos EUA.
Quanto ao efeito nas empresas, diz: "Quem exporta para os
EUA sofrerá mais. Já a indústria de construção civil e de
bens de consumo duráveis podem não sentir tanto. Ninguém
está imune em relação ao que
acontece nos EUA, mas o fato
de os mercados estarem mais
diversificados, haver aumento
da demanda interna e reservas
internacionais maiores diminui o impacto de uma crise
maior no Brasil".
Texto Anterior: Número de importadoras cresce mais rápido em 2008 Próximo Texto: Maiores grupos ampliam em 50% compras de estrangeiros Índice
|