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Investidores esperam fala de Bernanke nos EUA
Saem nesta semana dados
sobre indústria e serviços
DA REPORTAGEM LOCAL
Em tempos de elevada incerteza, cada indicador econômico
ou notícia veiculada afetam
bastante o humor dos investidores. Tem sido assim nas últimas semanas e, segundo especialistas, as informações divulgadas continuarão determinando o comportamento do
mercado nos próximos dias.
"Ou seja, ainda há muita volatilidade à frente", diz Alessandra
Ribeiro, analista da Tendências
Consultoria.
Os índices de atividade do setor industrial e do setor de serviços, medidos pelo instituto
ISM, estão entre os principais
dados a respeito da economia
dos EUA a serem divulgados
nesta semana, juntamente com
a taxa de desemprego.
O indicador referente à atividade manufatureira sai amanhã. A estimativa da maior parte dos economistas é a de que
em março ele tenha caído para
47,5 pontos, contra 48,3 pontos
no mês anterior.
Na quinta-feira, sai o índice
do segmento de serviços. Espera-se que ele tenha recuado para 48,5 pontos neste mês. Em
fevereiro, estava em 49,3 pontos. Pontuações acima de 50
pontos indicam uma expansão
da atividade e, abaixo, retração.
"Os números já estavam ruins
há um mês e agora devem piorar", comenta Alessandra.
O relatório acerca do nível de
emprego será divulgado na sexta-feira. Em fevereiro, a taxa de
desemprego tinha ficado em
4,8% e a previsão é de um avanço para 5% em março. "O consenso entre os economistas é
de que tenha havido uma redução de 50 mil postos de trabalho no período, o que mostra o
rápido enfraquecimento do
mercado de trabalho."
Na quarta-feira, o presidente
do Fed (Federal Reserve, banco
central norte-americano), Ben
Bernanke, fala sobre as perspectivas para a economia americana diante de um comitê do
Congresso. Como a última reunião do comitê de política monetária da instituição aconteceu há apenas duas semanas,
não se espera que ele vá dizer
muitas novidades.
"Bernanke deve ressaltar que
há fortes riscos para a atividade, diante da contração do setor
imobiliário e da falta de crédito.
No entanto, vai tirar um pouco
o peso da taxa de juros, pois a
política monetária não resolve
tudo", opina a analista da Tendências. Mesmo assim, os investidores ainda esperam um
corte de juros adicional de 0,25
ponto percentual -o que levaria a taxa básica dos EUA para
2% ao ano- no próximo encontro do Fed, no final de abril.
Os investidores também estarão atentos aos grandes bancos e instituições financeiras. O
americano Bear Stearns quase
quebrou e ainda há temores de
que outros também estejam em
situação complicada devido às
perdas com a crise hipotecária.
A Bolsa de Valores de São
Paulo tem sofrido menos com
os solavancos na Bolsa de Nova
York, porém o pessimismo em
Wall Street prejudica a sua capacidade de recuperação. Embora tenha avançado 2,48% na
semana passada, ainda acumula queda de 5,38% em 2008. De
acordo com a avaliação de especialistas, o mau humor igualmente deve segurar o dólar comercial acima de R$ 1,70.
Quanto à economia brasileira, os números mais esperados
são os referentes à produção industrial de fevereiro, que saem
na terça. Depois de um crescimento de 1,8% em janeiro, as
previsões são de baixa de 0,6%.
O debate sobre o grau de
aquecimento da atividade doméstica continua. Já está embutido nos preços das ações de
empresas brasileiras uma elevação da taxa de juros, que não
se vislumbra ainda quando poderia ocorrer. A alta afetaria os
ganhos das companhias por
frear o consumo e aumentar o
custo de capital.
(DENYSE GODOY)
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