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Passeatas contra demissões unem as centrais no país; em SP, 10 mil protestam
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA
Superando dissensos, as
maiores centrais sindicais do
país se uniram ontem, em
uma série de manifestações
pelo país, contra as demissões
motivadas pela crise econômica. As mobilizações ocorreram em pelo menos 19 Estados e no Distrito Federal e
contaram com a participação
de representantes de movimentos estudantis e sociais.
Segundo organizadores, o
objetivo era chamar a atenção
para os 730 mil cortes de empregos que ocorreram no
Brasil desde o agravamento
da crise, em outubro, e pressionar o governo a reduzir juros. Entre os alvos dos protestos, que ocorreram em frente
a federações de indústrias e
órgãos públicos, havia mineradoras e montadoras.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Arthur Henrique, diz
que parte do empresariado
está sendo irresponsável ao
demitir. Para ele, há setores
que não estão em crise, mas
que demitem para reduzir
custos. "Este é um momento
em que se precisa ter responsabilidade, principalmente
com a manutenção dos empregos, porque isso é o que
mantém a renda, o consumo e
a economia aquecida", diz.
Em São Paulo, a passeata
começou na av. Paulista e seguiu até a Bolsa de Valores.
Segundo a polícia, cujo método de contagem se baseia na
extensão do ato e nos níveis
de concentração dos manifestantes, havia, no auge, 10 mil
pessoas. Segundo os organizadores, chegaram a participar 30 mil -o número, segundo a CUT, é baseado em
informes prévios dos sindicatos e medido "no olho".
Também em São Paulo,
membros do MTST (Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto) bloquearam parte
da rodovia Régis Bittencourt
(zona oeste). Segundo a organização, o protesto reuniu
400 manifestantes -para a
PM, foram 100-, que pediam
construção de moradias.
Em alguns Estados, os manifestantes aproveitaram para fazer críticas a problemas
locais. No Paraná, protestaram contra deputados que
não aprovaram uma proposta
de emenda constitucional
que dava benefícios fiscais às
empresas que não demitissem. No Espírito Santo, o alvo
foi a possível venda do banco
estatal. Em Santa Catarina e
no Rio Grande do Sul, as críticas foram feitas aos governos.
Para diretores de centrais,
grande vitória de ontem foi a
união por pautas conjuntas.
"O importante, para nós, é a
possibilidade de uma resposta unitária do sindicalismo,
quando os trabalhadores colocam a posição de que a crise
não pode ser paga por eles",
diz Ivan Gonzalez, da CSA
(Confederação Sindical das
Américas), à qual pertencem
CUT, Força Sindical e UGT.
Hoje e amanhã, haverá atos
na Argentina e no Uruguai.
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