São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009

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BC reduz para 1,2% previsão do PIB e sinaliza juro menor

Estimativa para o crescimento no ano é mais pessimista que a da Fazenda, que prevê 2%

Órgão sinaliza novas reduções da Selic ao prever que, mesmo que taxa caia para 9,75%, inflação ficará abaixo do centro da meta

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu de 3,2% para 1,2% sua projeção para o crescimento da economia neste ano, abaixo dos 2% estimados pelo Ministério da Fazenda e incluídos no Orçamento da União. Essa desaceleração, por sua vez, deve permitir que a inflação fique abaixo das metas fixadas pelo governo.
O cenário traçado pelo BC reforça a expectativa de que os juros voltem a cair na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), daqui a um mês. Ontem, foi publicada mais uma edição do Relatório de Inflação, documento divulgado a cada três meses com projeções da instituição para a economia.
Segundo o documento, mesmo que a taxa Selic se estabilize ao redor de 9,75% ao ano, a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficaria em 4,1% em 2009 e em 4,4% em 2010 -em ambos os casos, portanto, abaixo dos 4,5% perseguidos pelo governo.
No ano passado, a inflação ficou em 5,9%. Neste ano, a expectativa é que a desaceleração da economia, combinada a fatores como a queda na inflação mundial, ajude a conter os preços praticados no Brasil. Para o BC, o desaquecimento da economia brasileira só não deve ser mais intenso por causa da ação do governo.
"Em momentos de desaceleração, em geral o gasto público tem esse efeito. Não só no Brasil, mas em todo lugar ele é menos sensível aos ciclos econômicos", diz o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, referindo-se não apenas ao efeito esperado no nível de atividade dos investimentos públicos, mas também a medidas como aumento no salário mínimo e manutenção de programas sociais.
O diretor do BC também minimizou a diferença em relação aos 2% de crescimento esperados pela Fazenda para este ano. "Projeções econômicas não necessariamente precisam ser iguais. São feitas em diferentes momentos a partir de diferentes informações. De toda forma, a projeção certa a gente só vai conhecer no final do ano."
A projeção de 1,2% para o crescimento da economia, apesar de inferior à do Ministério da Fazenda, está acima da estimativa média do mercado. Segundo pesquisa feita na sexta-feira passada pelo próprio BC com bancos e empresas de consultoria, a expectativa para 2009 é de estagnação -variação zero para o PIB.
Para o economista-chefe da Concórdia Corretora, Elson Teles, a nova projeção do BC é um pouco otimista, mas não chega a surpreender. "Não podia ser nada muito diferente do que vinha se falando no governo, como a Fazenda e o Ipea [instituto ligado ao Ministério do Planejamento] projetando 2%", afirma, ressaltando que também faz parte do papel do BC não fazer uma projeção muito pessimista, que pudesse deixar empresários e consumidores ainda mais preocupados com os efeitos da crise.
Teles afirma que o documento divulgado ontem reforça a expectativa de que a taxa Selic continue em queda, mas não dá muitas pistas sobre o tamanho do corte. "O cenário é muito incerto, vai ser preciso acompanhar os indicadores que vão ser divulgados até lá [a próxima reunião do Copom]. O que deu para ficar claro é que a inflação, hoje, é uma preocupação menor", diz, referindo-se às novas projeções do BC para o IPCA.


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