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BC reduz para 1,2% previsão do PIB e sinaliza juro menor
Estimativa para o crescimento no ano é mais pessimista que a da Fazenda, que prevê 2%
Órgão sinaliza novas
reduções da Selic ao prever
que, mesmo que taxa caia
para 9,75%, inflação ficará
abaixo do centro da meta
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu de
3,2% para 1,2% sua projeção
para o crescimento da economia neste ano, abaixo dos 2%
estimados pelo Ministério da
Fazenda e incluídos no Orçamento da União. Essa desaceleração, por sua vez, deve permitir que a inflação fique abaixo
das metas fixadas pelo governo.
O cenário traçado pelo BC reforça a expectativa de que os juros voltem a cair na próxima
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária), daqui a um
mês. Ontem, foi publicada mais
uma edição do Relatório de Inflação, documento divulgado a
cada três meses com projeções
da instituição para a economia.
Segundo o documento, mesmo que a taxa Selic se estabilize
ao redor de 9,75% ao ano, a alta
do IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) ficaria em
4,1% em 2009 e em 4,4% em
2010 -em ambos os casos, portanto, abaixo dos 4,5% perseguidos pelo governo.
No ano passado, a inflação ficou em 5,9%. Neste ano, a expectativa é que a desaceleração
da economia, combinada a fatores como a queda na inflação
mundial, ajude a conter os preços praticados no Brasil. Para o
BC, o desaquecimento da economia brasileira só não deve
ser mais intenso por causa da
ação do governo.
"Em momentos de desaceleração, em geral o gasto público
tem esse efeito. Não só no Brasil, mas em todo lugar ele é menos sensível aos ciclos econômicos", diz o diretor de Política
Econômica do BC, Mário Mesquita, referindo-se não apenas
ao efeito esperado no nível de
atividade dos investimentos
públicos, mas também a medidas como aumento no salário
mínimo e manutenção de programas sociais.
O diretor do BC também minimizou a diferença em relação
aos 2% de crescimento esperados pela Fazenda para este ano.
"Projeções econômicas não necessariamente precisam ser
iguais. São feitas em diferentes
momentos a partir de diferentes informações. De toda forma, a projeção certa a gente só
vai conhecer no final do ano."
A projeção de 1,2% para o
crescimento da economia, apesar de inferior à do Ministério
da Fazenda, está acima da estimativa média do mercado. Segundo pesquisa feita na sexta-feira passada pelo próprio BC
com bancos e empresas de consultoria, a expectativa para
2009 é de estagnação -variação zero para o PIB.
Para o economista-chefe da
Concórdia Corretora, Elson
Teles, a nova projeção do BC é
um pouco otimista, mas não
chega a surpreender. "Não podia ser nada muito diferente do
que vinha se falando no governo, como a Fazenda e o Ipea
[instituto ligado ao Ministério
do Planejamento] projetando
2%", afirma, ressaltando que
também faz parte do papel do
BC não fazer uma projeção
muito pessimista, que pudesse
deixar empresários e consumidores ainda mais preocupados
com os efeitos da crise.
Teles afirma que o documento divulgado ontem reforça a
expectativa de que a taxa Selic
continue em queda, mas não dá
muitas pistas sobre o tamanho
do corte. "O cenário é muito incerto, vai ser preciso acompanhar os indicadores que vão ser
divulgados até lá [a próxima
reunião do Copom]. O que deu
para ficar claro é que a inflação,
hoje, é uma preocupação menor", diz, referindo-se às novas
projeções do BC para o IPCA.
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