São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009

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Com nova capitalização, BID poderá triplicar seu capital

Assembleia anual assume meta de ampliar recursos de US$ 100 bi para US$ 280 bi

Se a capitalização for aprovada, o Brasil destinará cerca de US$ 770 mi ao BID em quatro anos; os EUA destinarão quase US$ 2 bi

TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A MEDELLÍN

Diante da crise de crédito, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) poderá triplicar sua atuação na América Latina e Caribe nos próximos anos. A assembleia anual de governadores do banco terminou ontem com o compromisso assumido pelos 48 países-membros de buscar aumentar o capital, hoje de US$ 100 bilhões.
Os representantes, no entanto, não fecharam questão sobre o tamanho do aporte, que dependerá de contribuições de todos os países. A proposta que conta com maior apoio, porém, é a que prevê o aumento de capital da ordem de mais US$ 180 bilhões. A maioria dos países tem de submeter a proposta aos respectivos Congressos.
Com a capitalização, o Brasil deve destinar cerca de US$ 770 milhões ao BID em quatro anos. Já os EUA, o maior sócio, deverão aportar quase US$ 2 bilhões. Nos EUA, a capitalização do BID encontra resistência na oposição do presidente Barack Obama no Congresso.
Ontem, o BID divulgou seu relatório anual. O Brasil foi o país que mais tomou dinheiro do BID em 2008 -US$ 3,3 bilhões, do total de US$ 12 bilhões em desembolsos-, seguido por Argentina (US$ 1,19 bilhão), México (US$ 1,09 bilhão) e Colômbia (US$ 1,07 bilhão).
O BID teve perdas contábeis de US$ 1,9 bilhão devido a ativos vinculados a hipotecas imobiliárias e terminou 2008 com prejuízo de US$ 972 milhões. Para este ano, o banco pretende desembolsar US$ 18 bilhões. A demanda por financiamentos, no entanto, passa de US$ 30 bilhões. Só as empresas brasileiras têm propostas que chegam a US$ 400 milhões, a maioria de obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a capitalização do BID deverá ser acompanhada de reformas nos padrões de governança, transparência e direcionamento de recursos. O Brasil propõe que 10% dos desembolsos sejam para empresas privadas.
Luis Alberto Moreno, presidente do BID, afirma que o banco trabalha para viabilizar a capitalização em um ano. Em 1995, o banco fez um aumento de capital que demorou três anos para ser implementado. "Não estamos em condições de esperar tanto tempo."


O jornalista TONI SCIARRETTA viajou a convite do BID


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