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Com nova capitalização, BID poderá triplicar seu capital
Assembleia anual assume meta de ampliar recursos de US$ 100 bi para US$ 280 bi
Se a capitalização for aprovada, o Brasil destinará cerca de US$ 770 mi ao BID em quatro anos; os EUA destinarão quase US$ 2 bi
TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A MEDELLÍN
Diante da crise de crédito, o
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) poderá triplicar sua atuação na América
Latina e Caribe nos próximos
anos. A assembleia anual de governadores do banco terminou
ontem com o compromisso assumido pelos 48 países-membros de buscar aumentar o capital, hoje de US$ 100 bilhões.
Os representantes, no entanto, não fecharam questão sobre
o tamanho do aporte, que dependerá de contribuições de
todos os países. A proposta que
conta com maior apoio, porém,
é a que prevê o aumento de capital da ordem de mais US$ 180
bilhões. A maioria dos países
tem de submeter a proposta
aos respectivos Congressos.
Com a capitalização, o Brasil
deve destinar cerca de US$ 770
milhões ao BID em quatro
anos. Já os EUA, o maior sócio,
deverão aportar quase US$ 2
bilhões. Nos EUA, a capitalização do BID encontra resistência na oposição do presidente
Barack Obama no Congresso.
Ontem, o BID divulgou seu
relatório anual. O Brasil foi o
país que mais tomou dinheiro
do BID em 2008 -US$ 3,3 bilhões, do total de US$ 12 bilhões em desembolsos-, seguido por Argentina (US$ 1,19 bilhão), México (US$ 1,09 bilhão)
e Colômbia (US$ 1,07 bilhão).
O BID teve perdas contábeis
de US$ 1,9 bilhão devido a ativos vinculados a hipotecas imobiliárias e terminou 2008 com
prejuízo de US$ 972 milhões.
Para este ano, o banco pretende desembolsar US$ 18 bilhões. A demanda por financiamentos, no entanto, passa de
US$ 30 bilhões. Só as empresas
brasileiras têm propostas que
chegam a US$ 400 milhões, a
maioria de obras do Programa
de Aceleração do Crescimento.
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a capitalização do BID deverá ser
acompanhada de reformas nos
padrões de governança, transparência e direcionamento de
recursos. O Brasil propõe que
10% dos desembolsos sejam
para empresas privadas.
Luis Alberto Moreno, presidente do BID, afirma que o
banco trabalha para viabilizar a
capitalização em um ano. Em
1995, o banco fez um aumento
de capital que demorou três
anos para ser implementado.
"Não estamos em condições de
esperar tanto tempo."
O jornalista TONI SCIARRETTA
viajou a convite do BID
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