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FUNDOS
Diretores eleitos do fundo de pensão vão associar intervenção, aguardada a partir de hoje, à figura de Ricardo Sérgio
Intervenção na Previ pode afetar campanha de Serra
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A intervenção do governo federal na Previ (Caixa de Previdência
dos Funcionários do Banco do Brasil), aguardada a partir de hoje, pode virar um problema político para o presidente Fernando
Henrique Cardoso e para a candidatura de José Serra.
Os diretores e conselheiros eleitos pelos funcionários querem associar a intervenção à figura de
Ricardo Sérgio de Oliveira, o ex-diretor do BB e tesoureiro de
campanhas eleitorais de José Serra e de FHC acusado de usar a
Previ para favorecer empresários
na privatização da Vale do Rio
Doce e do sistema Telebrás.
A Previ pode sofrer intervenção
por não ter adaptado seu estatuto
à lei complementar 108, que disciplina os fundos de pensão estatais. O prazo para encaminhar o
novo estatuto à SPC (Secretaria de
Previdência Complementar) terminou ontem. Equipe da SPC ficou de plantão em Brasília para
receber os estatutos que faltavam.
Sem consenso entre os representantes eleitos e os nomeados, a
Previ não conseguiu aprovar seu
novo estatuto. Diante do impasse,
e do risco iminente da intervenção, os dirigentes eleitos enviaram à SPC uma proposta apresentada por eles que havia sido rejeitada pelo Conselho Deliberativo e
pela diretoria executiva.
Nos últimos dias, à medida em
que se agravava a crise na Previ, os
três diretores eleitos tomaram
providências para transformar a
intervenção em fato político: reuniram cópias de contratos, de relatórios e de auditorias sobre negócios que deram prejuízo à Previ
no período em que Ricardo Sérgio de Oliveira foi diretor do Banco do Brasil (de 1995 a 98) e influenciou decisões de investimentos do fundo de pensão.
Foram reunidas também cópias
de acordos de acionistas assinados naquele período vistos hoje
como prejudiciais. A documentação forma um dossiê que deverá
ser entregue ao Congresso e a organizações da sociedade civil.
Magic Park
Entre os casos que compõem o
dossiê está a construção do Magic
Park, junto ao santuário de Aparecida, em São Paulo. A Previ gastou R$ 40 milhões no empreendimento, que vale R$ 3,1 milhões.
O investimento foi feito em
1997. O fundo era presidido por
Jair Bilachi e tinha João Bosco
Madeiro como diretor técnico. Os
dois, mais Ricardo Sérgio, são alvo de inquéritos que investigam a
privatização da Telebrás.
A pretensão dos diretores é que
o governo recue da intervenção
para evitar prejuízos à candidatura de José Serra.
"Vamos fazer um escândalo.
Pretendemos que nossas denúncias repercutam no exterior", afirmou Gerardo Santiago, diretor
suplente de Planejamento.
Desde dezembro de 97, a gestão
da Previ é compartilhada por representantes eleitos e por indicados pelo BB. Na diretoria executiva, há três eleitos e três nomeados.
A lei 108 impõe o voto paritário
nos conselhos e determina que a
diretoria seja nomeada pelo Conselho Deliberativo, cujo presidente -nomeado pelo BB- passa a ter voto de minerva.
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