São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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FUNDOS

Diretores eleitos do fundo de pensão vão associar intervenção, aguardada a partir de hoje, à figura de Ricardo Sérgio

Intervenção na Previ pode afetar campanha de Serra

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A intervenção do governo federal na Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), aguardada a partir de hoje, pode virar um problema político para o presidente Fernando Henrique Cardoso e para a candidatura de José Serra.
Os diretores e conselheiros eleitos pelos funcionários querem associar a intervenção à figura de Ricardo Sérgio de Oliveira, o ex-diretor do BB e tesoureiro de campanhas eleitorais de José Serra e de FHC acusado de usar a Previ para favorecer empresários na privatização da Vale do Rio Doce e do sistema Telebrás.
A Previ pode sofrer intervenção por não ter adaptado seu estatuto à lei complementar 108, que disciplina os fundos de pensão estatais. O prazo para encaminhar o novo estatuto à SPC (Secretaria de Previdência Complementar) terminou ontem. Equipe da SPC ficou de plantão em Brasília para receber os estatutos que faltavam.
Sem consenso entre os representantes eleitos e os nomeados, a Previ não conseguiu aprovar seu novo estatuto. Diante do impasse, e do risco iminente da intervenção, os dirigentes eleitos enviaram à SPC uma proposta apresentada por eles que havia sido rejeitada pelo Conselho Deliberativo e pela diretoria executiva.
Nos últimos dias, à medida em que se agravava a crise na Previ, os três diretores eleitos tomaram providências para transformar a intervenção em fato político: reuniram cópias de contratos, de relatórios e de auditorias sobre negócios que deram prejuízo à Previ no período em que Ricardo Sérgio de Oliveira foi diretor do Banco do Brasil (de 1995 a 98) e influenciou decisões de investimentos do fundo de pensão.
Foram reunidas também cópias de acordos de acionistas assinados naquele período vistos hoje como prejudiciais. A documentação forma um dossiê que deverá ser entregue ao Congresso e a organizações da sociedade civil.

Magic Park
Entre os casos que compõem o dossiê está a construção do Magic Park, junto ao santuário de Aparecida, em São Paulo. A Previ gastou R$ 40 milhões no empreendimento, que vale R$ 3,1 milhões.
O investimento foi feito em 1997. O fundo era presidido por Jair Bilachi e tinha João Bosco Madeiro como diretor técnico. Os dois, mais Ricardo Sérgio, são alvo de inquéritos que investigam a privatização da Telebrás.
A pretensão dos diretores é que o governo recue da intervenção para evitar prejuízos à candidatura de José Serra.
"Vamos fazer um escândalo. Pretendemos que nossas denúncias repercutam no exterior", afirmou Gerardo Santiago, diretor suplente de Planejamento.
Desde dezembro de 97, a gestão da Previ é compartilhada por representantes eleitos e por indicados pelo BB. Na diretoria executiva, há três eleitos e três nomeados.
A lei 108 impõe o voto paritário nos conselhos e determina que a diretoria seja nomeada pelo Conselho Deliberativo, cujo presidente -nomeado pelo BB- passa a ter voto de minerva.



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