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Para conselheiros de Lula, é cedo para julgar crescimento
VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Conselheiros do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) ouvidos pela Folha
entre quinta-feira e ontem dizem
que a queda de 0,1% do PIB no
primeiro trimestre deste ano em
relação ao trimestre anterior era
esperada, mas que ainda é cedo
para julgar esse resultado.
A Folha ouviu o ministro Tarso
Genro e 10 dos 82 membros do
conselho, entre representantes
tanto do setor econômico (da indústria, do comércio e do setor financeiro), quanto personalidades
da cultura, das entidades de classe
e até do setor religioso. Seguem
abaixo trechos das entrevistas.
JOSEPH COURI, presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena
Indústria):
"Os patamares de juros aplicados hoje no Brasil só são viáveis
para quem produz e vende cocaína. O único jeito de termos mais
emprego e produção é com crescimento do mercado interno, aumento do poder aquisitivo. Estamos esquecendo nosso mercado
interno, o que é um crime."
COSETTE ALVES, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca
Brasileira:
"O governo diz que está rearrumando a casa para poder implantar a política de crescimento. É
uma pena, mas com essa taxa de
juros eu não esperava coisa diferente. É preocupante, mas é o que
se esperava diante da taxa de juros."
DRÁUZIO VARELLA, médico:
"A variação não foi tão brusca.
Se as reformas forem bem encaminhadas no Congresso, poderemos esperar recuperação. Mas leva tempo para surtir efeito."
JOÃO RESENDE LIMA, presidente da
Cobap (Confederação Brasileira
de Aposentados e Pensionistas):
"Seria preciso abrir a economia,
baixar os juros, mas o governo fica nessa situação de "não é agora,
não é agora...". É preciso gerar empregos. Não adianta ter uma inflação baixa com o povo morrendo
de fome."
LUIZ GONZAGA BELLUZZO, economista:
"Com a política macroeconômica que está aí, só pode haver recessão. No conselho, teremos que
discutir essa questão [do crescimento] de maneira diferente. Teremos que ter clareza de que o
prosseguimento dessa política
não é capaz de fazer com que o
país cresça."
ALCEU NIECKARZ, bispo evangélico:
"Embora haja esses altos e baixo, comuns em qualquer sistema
de governo, minha visão é otimista. O governo não está caminhando como um barco à deriva. No
momento tem dificuldades, mas é
possível uma reação. Creio que as
reformas da Previdência e tributária precisam ser aprovadas."
CLÁUDIO SOARES DE OLIVEIRA
FERREIRA, representante da Ordem dos Advogados do Brasil em
Pernambuco:
"Era o esperado. Mas ficou praticamente estável, não dá pra dizer que foi uma queda expressiva.
Espantoso seria se tivesse havido
algum crescimento. Mas acho que
serve de meio de fiscalização para
que se faça o país retomar o crescimento, que é o que todo mundo
quer."
LUIS OTÁVIO GOMES, presidente da
Confederação Nacional das Associações Comerciais:
"Entendemos que o BC tem que
cuidar da nossa moeda, mas os índices de inflação indicam queda.
É hora de o BC ser menos conservador e começar a sinalizar para o
mercado uma queda na taxa de
juros. Ou se muda essa política
econômica conservadora exagerada do Banco Central ou não vamos ter nem crescimento econômico nem desenvolvimento social, o que é grave."
GLACI THEREZINHA ZANCAN, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência:
"Em ciência e tecnologia, os investimentos só dão retorno cinco
anos depois. As variações do primeiro trimestre deste ano ainda
são reflexo do trimestre anterior."
TARSO GENRO, ministro coordenador do conselho de Desenvolvimento Econômico e Social:
"A avaliação que eu faço é que
nós vivemos em uma situação
herdada. O país não pode ser jogado em um processo recessivo.
Não é esta a intenção do presidente Lula, não é esta a intenção do
ministro da Fazenda. O governo
tem que agir com sobriedade e
parcimônia para não fazer uma
transição com taxas de crescimento que não sejam sustentáveis."
JOÃO FELÍCIO, presidente da CUT:
"Se o Produto Interno Bruto
não cresce, mais gente entra na linha da miséria. É necessário rapidamente uma redução dos juros.
A redução não pode ficar para
agosto ou setembro. Se ficar, o
ano acabou, porque é preciso um
prazo para que a taxa de juros reduzida reflita na economia.
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