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BNDES deve restringir financiamento para comércio
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) deve fechar a torneira de
recursos para a expansão do comércio, especialmente dos shoppings, nos próximos anos. Esta é a
única forma de financiamento
usada pelo setor -que não é visto
como prioridade pelo banco no
momento. A Abrasce, entidade
que representa os shoppings, diz
que irá tentar reverter a situação.
Com a entrada do novo governo, está sendo reexaminada a política de distribuição de recursos
do banco. Além da geração de
empregos e da necessidade de financiamento, o BNDES leva em
conta o retorno da aplicação.
No caso do varejo, as expectativas são ruins. Não há previsão de
aumento na renda e no consumo
da população. Com isso, reduz-se
a capacidade de geração de caixa
dos shoppings e, portanto, de pagamento das dívidas.
Até porque só o aluguel de lojas
e as luvas (espécie de comissão
paga ao empreendedor pelo ponto) não contribuem de forma considerável para a receita no início
da operação dos shoppings.
Por conta desse cenário delicado, e da necessidade de o banco liberar recursos para outros setores
(como petroquímica e automobilístico), o varejo será atingido.
"Os novos projetos de shoppings devem levar em conta o peso do endividamento no início da
operação, de modo que o encargo
decorrente do endividamento
não comprometa o fluxo de caixa", informa relatório do banco
sobre o setor obtido pela Folha.
"Não há má administração, o
que há é uma dificuldade de geração de caixa que existe por causa
da competição acirrada e da estagnação do comércio", diz Sérgio
Eduardo da Rosa, gerente da área
industrial do BNDES.
A Folha apurou que houve casos em que a geração de recursos
de shoppings lançados não teria
coberto os custos de financiamento de algumas obras.
O shopping Internacional Guarulhos teve dificuldade de arcar
com as parcelas de financiamento
do BNDES em 2001. Foi preciso
que o banco alongasse os prazos
de financiamento e reduzisse o
spread (diferença entre os juros
pagos pelo banco ao captar recursos no mercado, e o que ele recebe
ao emprestar dinheiro).
A Abrasce informa saber do interesse do banco em reduzir a sua
disposição para empréstimos.
"Eles são a nossa única fonte de
recursos. E já emprestam muito
pouco", diz Reinaldo Feitosa Rique, da Abrasce. O setor responde
por 0,6% da carteira de operações
de crédito do banco.
Para Rique, o problema está na
forma com que o BNDES "arquiteta" as operações. "A instituição
dá dois anos de carência e seis
anos de prazo de pagamento. É
um período muito curto."
Segundo a Alshop, associação
dos lojistas, em 2002, o setor cresceu 4%, mas, ao tirar dessa conta
os lançamentos, a taxa cai para
2%. Para 2003, o setor espera 6%
de expansão em termos reais.
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