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Cenário de juro alto ainda não abala otimismo na indústria
Índice de confiança medido pela FGV fica estável; demanda interna se mantém forte
Para analistas, no entanto,
tendência é que haja piora
na percepção das empresas
nas próximas análises, à
medida que BC eleve taxa
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A expectativa de novo aumento na taxa de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na
semana que vem, ainda não
abalou o otimismo dos empresários do setor industrial. O ICI
(Índice de Confiança na Indústria), apurado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), manteve-se praticamente inalterado
neste mês em relação a abril,
com ligeira oscilação negativa.
Em maio, o ICI alcançou
119,9 pontos, contra 120,3 pontos em abril, o que representa
retração de 0,3%. Na comparação com maio de 2007, no entanto, houve acréscimo de
1,4%. Esse índice procura medir o sentimento do empresariado quanto à situação atual de
negócios, bem como com relação a expectativas para os próximos seis meses.
O clima de confiança baseia-se no fato de que a indústria
passa por uma situação de "estabilidade em patamar de crescimento", diz o coordenador do
Núcleo de Pesquisas e Análises
Econômicas do Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia) da
FGV, Aloísio Campelo Júnior.
"Aparentemente, o empresariado acredita que o aumento
da taxa de juros será algo mais
suave. E, por outro lado, há notícias positivas, como a conquista do grau de investimento.
Há a impressão de que não é o
fim do mundo", afirma.
Um dos fatores que puxaram
para cima o ICI, a demanda interna mantém-se em alta. Dos
empresários consultados na
sondagem da FGV, 34% responderam que o nível de encomendas está forte, enquanto
8% afirmaram que a demanda
está fraca.
Para Campelo, porém, a principal conclusão da pesquisa é
que a indústria cresce sem os
sinais de "superaquecimento"
do ano passado. O Nível de Utilização de Capacidade subiu de
85,1% em abril para 85,6% em
maio. "Vimos que não teve uma
explosão no nível. Isso demonstra que houve maior investimento na indústria", diz.
Ele menciona que os setores
que antes estavam mais pressionados tiveram redução no
nível de capacidade instalada. É
o caso da indústria metalúrgica,
que passou de 88,6% em abril
para 88,2% em maio.
Expectativas
De acordo com Julio Gomes
de Almeida, consultor do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial), a
tendência é que haja "piora" na
confiança nas próximas análises, em razão da alta dos juros.
"Por enquanto, prevaleceu a
percepção de que o Banco Central deverá proceder com um
ajuste fino, nada radical", diz.
Já para o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos
Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), André Rebelo, a indústria está em fase de "acomodação", após crescimento acelerado em 2007, e agora deve
expandir-se em ritmo menor.
"O problema é o ciclo de alta
dos juros. Essa é uma decisão
que pega na veia da indústria
porque faz adiar o consumo."
Apesar do novo ciclo de alta
da Selic, as condições para o
crescimento da indústria ainda
não sofreram modificação, diz
André Macedo, técnico da
Coordenação da Indústria do
IBGE. Para ele, a produção industrial deve crescer no segundo trimestre a uma taxa semelhante à verificada entre janeiro e março, de 6,3%.
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