São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Setor de máquinas prevê déficit de até US$ 12 bi

MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A indústria de máquinas e equipamentos já espera déficit de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões na balança comercial deste ano, informou ontem o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto. Se a expectativa do setor se confirmar, a diferença entre importações e exportações de máquinas dará um salto entre 122% e 166% ante o déficit de US$ 4,5 bilhões registrado no ano passado.
Enquanto as importações de máquinas e equipamentos cresceram 45,6% nos quatro primeiros meses deste ano, o ritmo de expansão das exportações não chegou a dois dígitos -a alta foi de apenas 8,4%.
Aubert Neto atribui o resultado à valorização do real e ao aquecimento do mercado interno. Segundo a Abimaq, o consumo interno de máquinas produzidas no Brasil e importadas atingiu R$ 28,3 bilhões entre janeiro e abril -alta de 39,4% em relação ao primeiro quadrimestre de 2007.
Segundo ele, muitas empresas deixaram de exportar para atender ao mercado interno, mas o câmbio foi o principal fator que influenciou nesse resultado. "A balança comercial do Brasil já dá os primeiros sinais [de déficit], e não é um efeito momentâneo. Se continuarmos assim, os US$ 190 bilhões que o país tem em caixa não vão dar para nada", disse.

Expansão do faturamento
Apesar das críticas à política econômica, a receita das indústrias de máquinas e equipamentos atingiu R$ 23,5 bilhões no primeiro quadrimestre do ano, com aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2007, segundo a Abimaq.
O faturamento de R$ 6,4 bilhões de abril foi o melhor dos últimos 15 meses -altas de 32% ante abril de 2007 e de 2,4% em relação a março. Mas o ciclo de crescimento não deve se repetir, diz o diretor da Abimaq, Carlos Pastoriza. Ele não quis arriscar números, mas disse que as estimativas para este mês são de crescimento tímido ou até de queda na receita.
Segundo ele, a continuidade do dólar desvalorizado, os juros elevados e a concorrência com os produtos importados impedem o setor de continuar a crescer de forma expressiva.

Novos parceiros
Mesmo com a queda de 8,4% nas exportações para os Estados Unidos, o país foi o maior comprador de máquinas brasileiras de janeiro a abril deste ano (US$ 728,2 milhões). Mas a participação do país nas exportações caiu de 25% para 21%.
Segundo Aubert, as perdas nas vendas aos EUA foram compensadas com a maior participação dos países latino-americanos nas exportações brasileiras de máquinas, que subiu de 29% para 35% do total.


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