EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem das dificuldades que tem para remover os "gargalos" e a "burocracia" do governo federal, em pleno crescimento da economia.
O desabafo do presidente, segundo a Folha apurou, ocorreu no Palácio do Planalto, em audiência com representantes de trabalhadores rurais ligados à Unicafes (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) -entidade criada anteontem.
"Está todo mundo batendo em mim, mas é que tem muito gargalo, muita burocracia", teria dito o presidente durante o encontro, segundo relataram alguns participantes da audiência.
Como exemplo dos "gargalos", o presidente Lula mencionou obras paralisadas por causa de embargos ambientais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a lentidão nos repasses das verbas para a agricultura familiar retiradas nos bancos, devido à burocracia com a documentação exigida.
Lula, porém, poupou os servidores públicos, que seriam, na prática, os responsáveis pelos embargos, pelo fato de eles estarem cumprindo a lei. No caso, ele disse que o governo deve procurar o bom senso, num momento em que a economia quer deslanchar.
"É como o segurança ou o capataz que recebe uma ordem do patrão para que ninguém entre na fábrica ou na fazenda. Ele vai cumprir aquilo [a ordem] à risca e ninguém vai entrar mesmo, não adianta", disse.

Brincadeira
Ele ainda fez uma brincadeira, numa referência à sua recente viagem à África. "Pô, o Lulinha só tem um ano e meio de governo, e os caras [oposição] ficam me cobrando. Lá na África tem presidente que está há 30 anos no cargo [no caso, Omar Bongo, do Gabão, há 37 anos no cargo]. Mas, se alguém reclamar por lá, é pau."


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