São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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MERCADO EM TRANSE

Mudanças no cenário eleitoral e compromisso de bancos em manter crédito ao país aliviou analistas

Banco dos EUA volta a recomendar Brasil

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O cenário eleitoral e o compromisso dos maiores bancos privados de manter o nível de seus negócios no país melhoraram a avaliação de alguns analistas de mercado sobre a economia brasileira.
Devido ao crescimento de José Serra (PSDB) nas pesquisas eleitorais divulgadas no último final de semana e à promessa feita por 16 instituições financeiras de manter suas linhas de crédito ao país, o banco de investimentos Goldman Sachs elevou sua recomendação para os papéis da dívida brasileira de "abaixo da média do mercado" para "média do mercado".
O banco citou também, como motivo para a melhora na perspectiva dos títulos, sinais de que Ciro Gomes, segundo colocado nas pesquisas, estaria substituindo algumas de suas idéias de esquerda por um discurso mais centrista.
Usando fundamentação semelhante, relatório do BBV Banco sugere que o crescimento fraco do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre de 2002 não foi uma surpresa e não deveria ser visto como um fato preocupante. O relatório vê com otimismo o desempenho do PIB no segundo semestre do ano, apesar de ainda existir um sentimento negativo dos mercados com relação às incertezas eleitorais e dúvidas sobre a dinâmica da dívida do Brasil -pública e privada.
O banco avalia que os números sobre desemprego estão positivos e a demanda por bens duráveis e não duráveis mostra sinal de crescimento. A instituição estima que o PIB no terceiro trimestre não deverá crescer ou que irá registrar um aumento residual. Para o quarto trimestre, o BBV estima uma recuperação que vá garantir um crescimento do PIB em 2002 de 1,5%.
Menos otimista, o Barclays Capital prevê uma contração do PIB no terceiro trimestre e uma leve recuperação no último trimestre do ano. Para 2002, o banco estima um crescimento na economia de apenas 0,5%.

Garantia de crédito
A maioria das análises viu de forma positiva o compromisso dos bancos internacionais de manter suas linhas ao Brasil -ainda que esse compromisso tenha caráter informal e não tenham sido estipulados prazos.
Na última segunda-feira, dezesseis dos maiores bancos privados mundiais comprometeram-se a manter "o nível geral" de suas linhas de crédito para empresas brasileiras e de seus demais negócios no país. A redução das linhas de crédito para exportação e a dificuldade das empresas brasileiras de renovar (rolar) seus empréstimos externos têm provocado a desvalorização do real e levaram o Brasil a pedir recursos ao FMI.
Pesquisa mensal feita pelo banco JP Morgan com 184 investidores mostra que não só o Brasil foi beneficiado por análises mais favoráveis nessa última semana, mas também toda a América Latina. Segundo esses investidores -que aplicam cerca de US$ 132 bilhões em papéis de países emergentes- o sentimento de aversão ao risco está diminuindo na região.
"O posicionamento desses investidores está mais neutro", analisou Jonathan Bayliss, responsável pela pesquisa do JP Morgan. Segundo ele, os investidores passaram de uma posição no mercado emergente de dívida de ligeiramente abaixo da média para ligeiramente acima da média. A última pesquisa havia sido realizada em 25 de julho passado.


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