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MERCADO EM TRANSE
Mudanças no cenário eleitoral e compromisso de bancos em manter crédito ao país aliviou analistas
Banco dos EUA volta a recomendar Brasil
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O cenário eleitoral e o compromisso dos maiores bancos privados de manter o nível de seus negócios no país melhoraram a avaliação de alguns analistas de mercado sobre a economia brasileira.
Devido ao crescimento de José
Serra (PSDB) nas pesquisas eleitorais divulgadas no último final
de semana e à promessa feita por
16 instituições financeiras
de manter suas linhas de crédito
ao país, o banco de investimentos
Goldman Sachs elevou sua recomendação para os papéis da dívida brasileira de "abaixo da média
do mercado" para "média do
mercado".
O banco citou também, como
motivo para a melhora na perspectiva dos títulos, sinais de que
Ciro Gomes, segundo colocado
nas pesquisas, estaria substituindo algumas de suas idéias de esquerda por um discurso mais
centrista.
Usando fundamentação semelhante, relatório do BBV Banco
sugere que o crescimento fraco do
PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre de
2002 não foi uma surpresa e não
deveria ser visto como um fato
preocupante. O relatório vê com
otimismo o desempenho do PIB
no segundo semestre do ano, apesar de ainda existir um sentimento negativo dos mercados com relação às incertezas eleitorais e dúvidas sobre a dinâmica da dívida
do Brasil -pública e privada.
O banco avalia que os números
sobre desemprego estão positivos
e a demanda por bens duráveis e
não duráveis mostra sinal de crescimento. A instituição estima que
o PIB no terceiro trimestre não
deverá crescer ou que irá registrar
um aumento residual. Para o
quarto trimestre, o BBV estima
uma recuperação que vá garantir
um crescimento do PIB em 2002
de 1,5%.
Menos otimista, o Barclays Capital prevê uma contração do PIB
no terceiro trimestre e uma leve
recuperação no último trimestre
do ano. Para 2002, o banco estima
um crescimento na economia de
apenas 0,5%.
Garantia de crédito
A maioria das análises viu de
forma positiva o compromisso
dos bancos internacionais de
manter suas linhas ao Brasil
-ainda que esse compromisso
tenha caráter informal e não tenham sido estipulados prazos.
Na última segunda-feira, dezesseis dos maiores bancos privados
mundiais comprometeram-se a
manter "o nível geral" de suas linhas de crédito para empresas
brasileiras e de seus demais negócios no país. A redução das linhas
de crédito para exportação e a dificuldade das empresas brasileiras
de renovar (rolar) seus empréstimos externos têm provocado a
desvalorização do real e levaram o
Brasil a pedir recursos ao FMI.
Pesquisa mensal feita pelo banco JP Morgan com 184 investidores mostra que não só o Brasil foi
beneficiado por análises mais favoráveis nessa última semana,
mas também toda a América Latina. Segundo esses investidores
-que aplicam cerca de US$ 132
bilhões em papéis de países emergentes- o sentimento de aversão
ao risco está diminuindo na região.
"O posicionamento desses investidores está mais neutro", analisou Jonathan Bayliss, responsável pela pesquisa do JP Morgan.
Segundo ele, os investidores passaram de uma posição no mercado emergente de dívida de ligeiramente abaixo da média para ligeiramente acima da média. A última pesquisa havia sido realizada em 25 de julho passado.
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