São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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Para Malan, reação à dívida recorde foi exagerada

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou ontem que há ""excessiva preocupação" em relação ao aumento da dívida pública. E sustentou que é preciso ""analisar os números (da dívida) com um pouco mais de serenidade".
As declarações foram feitas um dia depois de o governo anunciar que, em julho, o endividamento do setor público passou a representar 61,9% do PIB (Produto Interno Bruto), o nível mais alto desde 1991, quando se adotou o atual modelo de cálculo da dívida. No mês de junho, a relação estava em 57,9%. Em janeiro de 1995, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu a proporção era de 30% do PIB.
""Vi hoje (ontem) estampada nos jornais excessiva preocupação pela dívida", disse Malan, durante palestra na Faap. ""Esse (o aumento da dívida) é um efeito passageiro, provocado pelo câmbio. A dívida foi cotada pelo fechamento do dólar último dia de julho, com taxa de R$ 3,43. Não há sentido pensar que R$ 3,43 será a taxa que irá prevalecer nos próximos meses. A dívida vai cair."
Somente no mês de julho, a alta do dólar (de 23% em relação a junho) elevou o endividamento do setor público em R$ 69,1 bilhões -para o total de R$ 819,4 bilhões.
De acordo com o ministro, ""é preciso (por parte de analistas) um pouco mais de serenidade" na interpretação dos dados. Citou ainda um relatório preparado pelo diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, que aponta a possibilidade de uma queda na relação da dívida/PIB nos próximos anos, desde que mantidas algumas premissas ("taxas razoáveis de depreciação do câmbio real, crescimento do PIB a níveis razoáveis e manutenção de superávit primário do governo").

Road show
Malan confirmou que integrantes da equipe econômica terão a partir de 9 de setembro reuniões com investidores estrangeiros.
A agenda prevê encontros nas cidades de Londres, Paris, Frankfurt, Amsterdã, Madri e Tóquio.
O objetivo é apresentar a esses investidores um panorama estrutural da economia brasileira e pedir que sejam mantidas as linhas de crédito para o Brasil.
Na última segunda, Malan e o presidente do BC, Armínio Fraga, mantiveram uma reunião na sede do Fed (o BC dos EUA), com representantes dos 16 maiores bancos privados do mundo. Ao final, foi divulgado comunicado no qual os bancos declaravam se comprometer a manter ""o nível geral" de crédito para o Brasil.
Malan deve ir à Europa, embora não tenha sido confirmado pelo governo em quais cidades estará presente. Armínio também deverá participar dos encontros. Ele estará neste período na Europa -no dia 9, tem confirmada presença na reunião do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais), na Basiléia.


Colaborou Vivaldo de Sousa, da Sucursal de Brasília


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