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Para Malan, reação à dívida recorde foi exagerada
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou ontem que há
""excessiva preocupação" em relação ao aumento da dívida pública.
E sustentou que é preciso ""analisar os números (da dívida) com
um pouco mais de serenidade".
As declarações foram feitas um
dia depois de o governo anunciar
que, em julho, o endividamento
do setor público passou a representar 61,9% do PIB (Produto Interno Bruto), o nível mais alto desde 1991, quando se adotou o atual modelo de cálculo da dívida. No mês de junho, a relação estava
em 57,9%. Em janeiro de 1995,
quando o presidente Fernando
Henrique Cardoso assumiu a
proporção era de 30% do PIB.
""Vi hoje (ontem) estampada
nos jornais excessiva preocupação pela dívida", disse Malan, durante palestra na Faap. ""Esse (o
aumento da dívida) é um efeito
passageiro, provocado pelo câmbio. A dívida foi cotada pelo fechamento do dólar último dia de
julho, com taxa de R$ 3,43. Não há
sentido pensar que R$ 3,43 será a
taxa que irá prevalecer nos próximos meses. A dívida vai cair."
Somente no mês de julho, a alta
do dólar (de 23% em relação a junho) elevou o endividamento do
setor público em R$ 69,1 bilhões
-para o total de R$ 819,4 bilhões.
De acordo com o ministro, ""é
preciso (por parte de analistas)
um pouco mais de serenidade" na
interpretação dos dados. Citou
ainda um relatório preparado pelo diretor de Política Econômica
do BC, Ilan Goldfajn, que aponta a
possibilidade de uma queda na
relação da dívida/PIB nos próximos anos, desde que mantidas algumas premissas ("taxas razoáveis de depreciação do câmbio real, crescimento do PIB a níveis
razoáveis e manutenção de superávit primário do governo").
Road show
Malan confirmou que integrantes da equipe econômica terão a
partir de 9 de setembro reuniões
com investidores estrangeiros.
A agenda prevê encontros nas
cidades de Londres, Paris, Frankfurt, Amsterdã, Madri e Tóquio.
O objetivo é apresentar a esses
investidores um panorama estrutural da economia brasileira e pedir que sejam mantidas as linhas
de crédito para o Brasil.
Na última segunda, Malan e o
presidente do BC, Armínio Fraga,
mantiveram uma reunião na sede
do Fed (o BC dos EUA), com representantes dos 16 maiores bancos privados do mundo. Ao final, foi divulgado comunicado no qual os bancos declaravam se
comprometer a manter ""o nível geral" de crédito para o Brasil.
Malan deve ir à Europa, embora não tenha sido confirmado pelo
governo em quais cidades estará presente. Armínio também deverá participar dos encontros. Ele estará neste período na Europa -no dia 9, tem confirmada presença na reunião do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais), na Basiléia.
Colaborou Vivaldo de Sousa, da Sucursal de Brasília
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