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SUPERÁVIT EM TRANSE
Economia para o pagamento de juros em 2002 vai subir de R$ 48,5 bilhões para R$ 50 bilhões
Governo eleva meta para 3,88% do PIB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu aumentar
para 3,88% do PIB (Produto Interno Bruto) o superávit primário
(economia de receita para pagamento de juros) do setor público
neste ano. A meta anterior, elevada há alguns meses e incluída no
novo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) no começo de agosto, estava em 3,75%.
Com isso, a economia da União,
dos Estados, dos municípios e das
estatais para o pagamento de juros em 2002 vai subir de R$ 48,5
bilhões para R$ 50 bilhões, considerando o PIB de R$ 1.297,7 bilhões estimado para este ano. A
elevação da meta foi aprovada ontem pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, antes de viajar
para São Paulo.
Não houve mudança na meta de
superávit fixada para 2003, que
continua em 3,75% do PIB, acertada com o FMI e apoiada pelos
quatro principais candidatos à
Presidência da República.
Apesar do aumento da meta, o
governo estima que não serão necessários novos cortes no Orçamento deste ano. Há uma sobra
de aproximadamente R$ 1,5 bilhão que será usada para garantir
esse novo aperto fiscal.
O uso desse dinheiro havia sido
bloqueado quando o governo
corria o risco de ficar sem a cobrança da CPMF (imposto do
cheque) por alguns meses. Após a
prorrogação da contribuição, sem
interrupção da cobrança, o governo liberou apenas parte dos R$ 5,3
bilhões que havia cortado do Orçamento para prevenir a eventual
perda de receita com a CPMF.
A elevação do superávit foi decidida para tentar compensar a alta
da dívida pública, que em julho
atingiu R$ 819 bilhões, o equivalente a 61,9% do PIB. O governo
avalia que, com essa medida, facilitará a administração do primeiro ano do mandato do sucessor de
FHC.
Segunda mudança
Foi a segunda mudança na meta
do superávit primário para este
ano. Inicialmente, o governo havia fixado a meta em 3,5% do PIB,
número que constava no antigo
acordo com o FMI. Há alguns meses subiu a meta interna para
3,75% do PIB, mas não alterou a
meta negociada com o Fundo
-mudança que ocorreu neste
mês.
A nova meta deverá ser comunicada oficialmente ao FMI na
próxima semana. O governo argumenta que a elevação da meta
para 3,88% do PIB foi uma decisão do governo brasileiro. Ou seja, sem interferência do FMI. Mas,
nas negociações do novo acordo,
os técnicos do Fundo queriam
elevar o superávit para 4% do PIB.
Nas reuniões, os técnicos do governo argumentaram que a meta
de 3,75% seria suficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, que
seria reduzida nos próximos
anos. O superávit de 3,88% do PIB
pode ser incluído no novo acordo
com FMI, que será aprovado pela
diretoria da instituição na próxima semana.
Entre janeiro e julho, o setor público acumulou superávit de R$
32,9 bilhões -equivalente a
4,54% do PIB do período.
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