São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Usina completa um ano sem suprimento regular de gás da Bolívia

Desde agosto de 2007, termelétrica responsável por atender 70% da demanda de Mato Grosso só operou de forma plena durante 35 dias e com óleo diesel

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A usina termelétrica Mario Covas, em Cuiabá, completou na semana passada um ano sem receber suprimentos regulares de gás natural da Bolívia.
Desde o dia 26 de agosto de 2007, a usina, que tem capacidade para gerar 480 megawatts (70% da demanda de Mato Grosso), só operou de forma plena durante 35 dias -e ainda usando óleo diesel.
O fornecimento foi cortado por iniciativa da companhia estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos). À ocasião, a empresa do país vizinho alegou que enfrentava dificuldades de produção e que, por conta disso, teria de priorizar os maiores contratos -como o firmado com a Petrobras, que prevê o envio de 31 milhões de metros cúbicos diários para São Paulo.
O anúncio interrompeu também as negociações que vinham sendo travadas entre a estatal boliviana e a empresa Pantanal Energia, proprietária da termelétrica, desde a nacionalização do setor de hidrocarbonetos empreendida pelo presidente Evo Morales, em maio de 2006.
Para assegurar o funcionamento da usina, a Pantanal aceitou exigências como a redução à metade do fornecimento projetado inicialmente -de 2,2 milhões de metros cúbicos diários para 1,1 milhão de metros cúbicos- e um reajuste de cerca de 300% no preço do gás natural. O cenário, porém, só piorou desde então.
Em janeiro deste ano, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, disse que o país poderia não cumprir a meta da venda de gás para o Brasil. "No final de ano estaremos, produzindo em média 42 milhões de metros cúbicos diários, e essa quantidade não nos permitirá cumprir os contratos com a Argentina e com o Brasil", afirmou o ministro.
Desde agosto, a usina vem recebendo quantidades de gás suficientes apenas para a chamada geração de manutenção dos equipamentos. No primeiro semestre, por conta de uma portaria do Ministério de Minas e Energia, a usina operou durante 35 dias queimando óleo diesel. Desde abril, porém, toda a estrutura está parada.

Negociações
Procurada pela reportagem, a Pantanal Energia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o assunto ainda está em negociação e que, por conta disso, não irá se manifestar. O mesmo disse o chefe do escritório de representação do governo de Mato Grosso em Brasília, Jeferson Castro, que participa das discussões com o governo boliviano.


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