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Critérios são equivocados, diz economista
DA REPORTAGEM LOCAL
"A Fiesp escolhe critérios
errados para sustentar uma
tese equivocada", dispara
Alexandre Schwartsman,
economista-chefe do Grupo
Santander Brasil e ex-diretor
de Assuntos Internacionais
do Banco Central, sobre o estudo da entidade empresarial sobre o fortalecimento
da moeda nacional.
A Fiesp argumenta que o
fluxo financeiro aumentou
nos meses em que a taxa de
câmbio se apreciou, e aponta
correlação entre os fatos.
Para provar que a correlação não é verdadeira, o economista cita exemplos de períodos em que a moeda se
apreciou sem que houvesse
grandes fluxos financeiros.
"Por exemplo, o longo processo de apreciação da moeda que se estendeu de 2004
até a primeira metade de
2006. Na ocasião, a média
dos fluxos financeiros líquidos no período foi negativa.
Nem precisamos recuar tanto. Na primeira metade do
ano passado, quando o dólar
veio de R$ 1,96 para R$ 1,78, o
fluxo financeiro médio foi
negativo novamente."
Para o economista -e colunista da Folha-, a apreciação do real nos últimos
meses tem relação direta
com outro fator: o preço dos
produtos básicos.
Segundo ele, quando os
preços de commodities sobem, o real se aprecia, e
quando os preços caem, o
real se deprecia. Isso poderia
ser observado nos últimos
três anos, e não apenas no último trimestre, período coberto pelo estudo da Fiesp.
"Não quero dizer que não
haja outros determinantes
[para a valorização do real],
incluindo a diferença das taxas de juros. Mas noto que a
diferença da Selic caiu, do
começo do ano para agosto,
de 13,15% para 8,47%, o que
deveria fazer o câmbio se depreciar."
Debate
Coordenador da pesquisa
da Fiesp, Roberto Giannetti
da Fonseca contesta
Schwartsman com o seguinte argumento: "Isso é achismo. É o câmbio que determina o preço de commodity,
principalmente nos produtos em que o Brasil é forte. Os
exportadores repassam o
custo cambial para o preço
dos produtos que exporta".
Giannetti diz ainda que,
embora os juros brasileiros
tenham caído, eles ainda estão muito acima da média
mundial, o que explicaria a
arbitragem dos investidores.
Schwartsman rebate a crítica: "A composição do principal índice de commodities
do mundo, o CRB da Reuters,
tem pouco a ver com as exportações brasileiras. Ela inclui cobre, chumbo, estanho,
zinco, borracha, resina, tecido para sacaria, óleo de soja e
milho, entre outros."
Isso mostraria, segundo
Schwartsman, como os preços globais de commodities
são muito pouco afetados pela taxa de câmbio real/dólar.
"A única conclusão possível é
que são eles que afetam o valor do real."
(MA)
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