|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CVM vê investidor atrás de risco no Brasil
Redução da taxa básica de juros provocará busca por produtos financeiros mais rentáveis, porém mais arriscados
Preocupada, CVM vê falta de informação a investidor; para Fraga, que crê em alta do mercado, aplicador será obrigado a se reeducar
DENYSE GODOY
ENVIADA A CAMPOS DO JORDÃO
A presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
Maria Helena Santana, disse
que a autarquia está "preocupada" com as mudanças que a
queda da taxa básica de juros do
país, a Selic, provocará nas modalidades de investimento disponíveis. Para ela, o investidor
procurará alternativas de
maior risco no mercado.
"Até hoje, as carteiras eram
colocadas em produtos que tinham poucos risco e rentabilidade elevada, devido aos retornos oferecidos pelos títulos públicos", afirmou. "Com a alteração de patamar da Selic, vai haver uma demanda por melhores resultados."
Segundo Santana, os ativos
são regulados e existem de forma legítima no mercado. "Mas
é importante que as aplicações
sejam feitas com mais informação para o investidor", disse,
após proferir palestra no Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais,
realizado em Campos do Jordão (SP).
Para Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e presidente do conselho de administração da BM&FBovespa, o
cenário que se apresenta obrigará os investidores a buscarem mais informações sobre os
instrumentos que adquirem.
"Na verdade, trata-se de uma
evolução para uma situação
mais normal", disse Fraga. "Tivemos, no Brasil, muita dificuldade em sair da fase de inflação
alta, de problemas no balanço
de pagamentos."
De acordo com ele, esse ambiente propiciava um certo
conservadorismo natural. Com
as taxas de juros elevadas, o investidor apenas aplicava seu dinheiro na poupança ou no
overnight. "À medida que seja
necessária outra atitude, com
mais estudos e mais cuidados, o
investidor entrará em um processo de reeducação", afirmou.
"E isso é muito bom."
Santana disse, ainda, que
nesta semana a CVM deve
apresentar a proposta preliminar de uma nova instrução que
determinará às companhias
abertas (que têm ações negociadas em Bolsa de Valores) a
divulgação das suas práticas de
gerenciamento de riscos e das
suas políticas de remuneração
de executivos. As novas regras
entram em vigor em 1º de janeiro de 2010.
Segundo a presidente da
CVM, existem sete novas operações de emissão de ações à espera de aprovação. Porém, na
sua opinião, outros lançamentos ainda dependem de uma
análise de como está o apetite
do mercado após as turbulências que tiveram início em setembro do ano passado. Santana afirmou ser "razoável" não
esperar que o ritmo de aberturas de capital volte ao observado antes da crise.
Apesar das incertezas, Fraga
vislumbra um panorama positivo. "Tudo indica que o investimento no país vai crescer. É
isso que queremos. Sonhamos
com isso por tanto tempo, e esse momento está chegando. Estou muito animado", afirmou.
Texto Anterior: Critérios são equivocados, diz economista Próximo Texto: Derivativos: Para grupo, balcão precisa de regra firme Índice
|