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Agrofolha
Agricultor espera que Lula resolva velhos problemas
Estradas, logística, seguro e crédito são alguns dos temas reclamados pelo setor
Produtores de soja, café e laranja pedem câmbio mais "próximo da realidade'; já setor de açúcar e álcool espera "continuidade"
ROBERTO SAMORA
DA REUTERS
Os produtores de grãos se viram diante de uma grave crise
no governo Luiz Inácio Lula da
Silva e agora integrantes do
agronegócio esperam que o
presidente reeleito tenha
aprendido lições que o levem a
agir para devolver competitividade e crescimento ao setor.
"A nossa expectativa é que o
governo tenha entendido. Obviamente que com a crise foi
dada visibilidade. Mostramos
as razões da crise. Quem sabe
nossas angústias possam ter se
incorporado à equipe do governo", afirmou Homero Pereira,
presidente da Famato (Federação da Agricultura de Mato
Grosso).
Com o fortalecimento do real
diante do dólar durante o governo Lula, o setor agrícola de
Mato Grosso passou do céu ao
inferno, pois o câmbio desfavorável às exportações expôs graves ineficiências como os problemas de infra-estrutura e logística do Centro-Oeste.
"Queremos que o governo
olhe para a agricultura de maneira definitiva, que termine a
BR-163 e a BR-158, que amplie
as ferrovias", disse Rui Prado,
presidente da Aprosoja-MT
(Associação dos Produtores de
Soja de Mato Grosso).
O governo socorreu o setor
com medidas "paliativas", segundo Pereira, como a renegociação de dívidas e o apoio à comercialização da soja. Mas
muito ainda precisa ser feito
para resolver o endividamento,
como a agilização da liberação
de recursos do FAT Giro-Rural,
acrescentou o dirigente.
"Precisamos que as medidas
estruturantes sejam concluídas, que o governo resolva com
obras o problema de logística",
ressaltou Prado, observando
que a "diminuição de custos"
com melhora na infra-estrutura é fundamental para o setor.
Ainda na linha de aumentar a
competitividade, os agricultores afirmaram que o governo
deveria reduzir a burocracia
para a aprovação de agroquímicos, diminuir a carga tributária
sobre combustíveis, implantar
um seguro rural que possa "assegurar a renda" e melhorar as
condições de financiamento a
juros controlados dos grandes
produtores.
"No financiamento, os recursos só cobrem 20% da demanda; 80% da safra tem de ser financiada no mercado, onde o
produtor fica à mercê de juros
desleais", acrescentou Pereira.
Mesmo os setores a que a crise não chegou com tanta força
por causa da alta de preços internacionais querem medidas
do governo para ampliar os
mercados e a competitividade
do agronegócio.
"Esperamos que as negociações internacionais para a Alca
[Área de Livre Comércio das
Américas], com a União Européia, que as conversas para a
(retomada da) Rodada Doha
sejam levadas mais com ênfase
na área comercial do que na política", disse Ademerval Garcia,
presidente da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos).
Garcia, assim como o diretor-executivo do Conselho Nacional do Café, Alberto Portugal,
querem um câmbio mais favorável ao exportador. "Os agricultores dão alimento barato ao
país. Eles deveriam ser recompensados", disse Portugal.
"O que se espera é que seja
estabelecida uma verdade cambial, o que existe hoje é algo fora da realidade", acrescentou o
presidente da Abecitrus.
Entretanto, com o boom do
açúcar e do álcool, o presidente
da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo),
Eduardo Pereira da Carvalho,
afirmou que o setor busca por
continuidade da política governamental.
"A reeleição do presidente
Lula é um renovado voto de
confiança no álcool", afirmou
Carvalho, que está otimista sobre o aumento da mistura do
combustível derivado da cana
na gasolina, um ato que ajudaria a sustentar os preços.
"Nós tivemos uma boa relação com o governo nos últimos
quatro anos e esperamos que
ela continue", disse ele, notando que Lula tem ajudado a promover o álcool no exterior.
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