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Impulsionado pela disparada do dólar, IGP-M tem aumento de 0,98% no mês
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A inflação mensal medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) passou de uma
alta de 0,11% em setembro para
um incremento de 0,98% neste
mês. O aumento acumulado em
12 meses é de 12,23%. O IGP-M
é um dos principais índices
usados para corrigir o aluguel.
Na indústria, a disparada do
dólar, que passou de R$ 1,55 em
agosto para R$ 2,28 no início do
mês, já começou a pressionar
os preços. O minério de ferro,
que avançou 2,92% em setembro, subiu 13,89% neste mês.
Apesar da pressão no atacado, os reajustes das matérias-primas não chegaram ao consumidor e a queda no preço internacional das commodities
amenizou a pressão inflacionária. O IPA (Índice de Preços por
Atacado) subiu 1,24% no mês, e
o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), 0,25%.
A principal contribuição para
a alta da inflação neste mês foi o
reajuste no atacado de preços
de produtos agrícolas voltados
ao mercado interno, como
mandioca, arroz e feijão, com
aumentos de 28,97%, 5,14% e
11,58%, respectivamente.
Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da
Fundação Getulio Vargas, afirma que esses produtos têm
pouca influência do câmbio,
mas que sentiram o efeito da
variação das commodities.
"Se não fosse a retração no
preço das commodities, é possível que os preços agrícolas tivessem subido mais." O índice
geral no atacado dos produtos
agropecuários teve incremento
de 0,48%. Os produtos industriais no atacado subiram
1,52% em outubro, contra alta
de 0,84% no mês anterior.
Quadros afirma que os preços dos alimentos deixaram de
influenciar tão negativamente
o índice de preços. Os consumidores pagaram 0,13% a mais em
outubro pelos produtos alimentícios e a inflação acumulada no ano desses produtos é de
8,45% -alta menor que a do
IGP-M do ano, de 9,53%.
Ele diz que os bens de consumo (avanço de 6,77% em 12 meses) pressionaram a inflação,
mas ressalta a alta nos preços
dos serviços -como consultas
médicas e reparos nas residências-, que subiram 6,2% em 12
meses. "O aumento dos preços
dos serviços não tem relação
com a variação do câmbio, mas
com o excesso de demanda."
O economista da FGV afirma
que a inflação acumulada em 12
meses até dezembro deverá ser
superior a 10% -no ano passado, ficou em 3,83% -, mas que
é difícil fazer previsões em
meio à crise. "Sabemos que haverá retração da economia, mas
quanto o PIB vai se retrair ninguém sabe." Quadros diz que os
efeitos da valorização do dólar
devem se ampliar, porém, afirma que ainda não se pode saber
a intensidade dos repasses.
Júlio Gomes de Almeida, do
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, diz
que o aumento dos preços de
produtos industriais no atacado não deve gerar inflação ao
consumidor pois a demanda está em queda. "Outro motivo para que o repasse não seja feito é
que o grande exagero da desvalorização do real que aconteceu
em outubro não está se repetindo nos dias finais do mês."
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