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Argentina adota nova restrição a importações
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em mais uma medida
protecionista, o governo
argentino incluiu 1.200
produtos na lista dos que
necessitam de licenças automáticas para entrar no
país. Entre as mercadorias
estão roupas, calçados,
equipamentos eletrônicos, pneumáticos, brinquedos e bicicletas.
A norma, editada na
quarta, não faz distinção
sobre a procedência dos
produtos. Ou seja, inclui
também os bens de consumo vindos do Brasil.
O governo afirma que a
medida seria apenas mais
um trâmite de prevenção,
e não uma trava às importações, como as licenças
não-automáticas.
No caso da nova medida,
a licença será dada aos importadores de forma automática, mas permite que a
Secretaria de Indústria tenha um registro atualizado da entrada de produtos
no país e possa detectar
variações nos fluxos.
A partir dessas variações, o governo poderia
então determinar controles adicionais aos produtos, como valores mínimos
de entrada no país.
No ano passado, as licenças automáticas foram
aplicadas sobre US$ 900
milhões dos US$ 8 bilhões
importados em bens de
consumo, ou 11% do total.
Com a nova resolução,
metade das importações
passará a ser controlada.
Com a crise e a desvalorização das moedas vizinhas, a Argentina teme
uma invasão de produtos
estrangeiros no país.
O governo já acrescentou itens à lista de 21 mil
produtos que devem ter
um preço mínimo de entrada no país, para evitar a
prática de dumping.
Entre os novos produtos
que passaram a ser controlados estão mercadorias dos setores têxtil, metal-mecânico e de couro,
que abrangem exportações brasileiras ao país.
Brasil
O secretário-executivo
do Ministério do Desenvolvimento brasileiro,
Ivan Ramalho, disse que
irá discutir o caso na próxima reunião bilateral
com a Argentina, marcada
para o dia 17 de novembro,
em Buenos Aires.
"A nossa expectativa é
que o desdobramento dessas ações não prejudique o
comércio entre o Brasil e a
Argentina. Precisamos
evitar que haja medidas
protecionistas", afirmou.
Alguns dos setores que
mais exportam para a Argentina, como o têxtil e o
de eletroeletrônicos, porém, qualificam como
"inaceitável" uma nova rodada de restrições.
"O Mercosul precisa ser
fonte de progresso, não de
problemas", diz o diretor
superintendente da Abit
(setor têxtil), Fernando
Pimentel.
Para o presidente da
Abinee (eletroeletrônicos), Humberto Barbato,
as medidas podem impor
prejuízos à indústria brasileira. "É lamentável que
a Argentina tome medidas
para frear o comércio bilateral em meio à crise", diz.
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