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Contas do setor público pioram em setembro
Com gastos maiores do governo federal e arrecadação em queda, ajuste fiscal tem resultado mais fraco para o mês em 8 anos
Pela 1ª vez no ano, despesas superaram receita, gerando deficit primário de R$ 5,7 bi; para o BC, resultados devem melhorar neste trimestre
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda na arrecadação e o
aumento nos gastos do governo
federal levaram as contas públicas a registrarem em setembro o pior resultado para o mês
em oito anos. Tanto os números referentes ao mês passado
como os valores acumulados no
ano e em 12 meses mostram
que o governo está cada vez
mais distante de cumprir as
metas de redução da dívida pública em 2009.
No mês passado, pela primeira vez no ano, as despesas do setor público superaram as receitas. O resultado ficou negativo
em R$ 5,7 bilhões, devido ao
mau desempenho do governo
federal. Estados, municípios e
estatais, por outro lado, fecharam o mês com as contas no
azul. Não entram nesse cálculo
os juros não pagos da dívida,
que representam mais R$ 16,6
bilhões em despesas.
Apesar dos dados negativos, a
avaliação do Banco Central,
responsável pela divulgação, é
que o fundo do poço já foi alcançado. A expectativa é que os
números do último trimestre
do ano já mostrem um aumento nas receitas, que devem
acompanhar a recuperação da
economia.
Em relação às despesas, a
instituição diz não haver muito
espaço para queda, devido ao
aumento dos investimentos no
final do ano. "Que vai arrecadar
mais, com certeza, em linha
com um nível de atividade mais
forte. Gastar menos, eu não sei
até que ponto você teria espaço", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco
Central, Altamir Lopes.
Gastos com pessoal
O que preocupa os analistas,
no entanto, são as despesas referentes a pessoal, que aumentaram quase 20% em 2009 e
devem continuar afetando as
contas públicas nos próximos
anos, independentemente do
comportamento da receita.
"É possível que a meta seja
alcançada contabilmente, mas
o fato é que há uma deterioração bastante forte das contas
fiscais, principalmente nos gastos com pessoal e encargos sociais, que são permanentes",
diz o economista Maurício Molan, do Santander.
O governo tem como meta fazer uma economia equivalente
a 2,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) para pagar os juros da
dívida e, dessa forma, reduzir
seu endividamento. Mas esse
resultado pode cair para 1,56%
caso sejam abatidos os investimentos do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e
do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Anteontem, o secretário do Tesouro
Nacional, Arno Augustin, admitiu, pela primeira vez, que terá de usar mão desse artifício
para que a meta seja cumprida.
Nos 12 meses encerrados em
setembro, esse resultado está
em 1,17% do PIB. São R$ 34,6
bilhões, 70% a menos em relação à economia feita no período
imediatamente anterior.
Outro fator que deve contribuir para o cumprimento dessa
meta, de acordo com o Banco
Central, é que o setor público
registrou deficit nos dois últimos meses de 2008, o que ainda pesa nesse indicador. No
acumulado do ano, que exclui
esse efeito, o percentual está
em 1,70%, acima da meta.
Em dezembro, por exemplo,
o governo retirou aproximadamente R$ 15 bilhões (0,5% do
PIB) do caixa para fazer a poupança que está depositada
atualmente no Fundo Soberano do Brasil, despesa que não
irá se repetir neste ano.
Para Molan, o Fundo Soberano pode ser ainda utilizado como um último recurso do governo para alcançar as suas metas neste ano.
"Ele pode usar esse dinheiro
para fazer frente a algumas despesas, embora já tenha sinalizado que deve deixar isso para o
ano que vem."
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