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MERCADO FINANCEIRO
Aplicações que se beneficiam da crise foram bem no ano
Melhores aplicações foram o ouro, 81%, e o dólar, 53%
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
As aplicações que se beneficiam
dos momentos de crise e incerteza
econômica foram as que tiveram
melhor rentabilidade no ano de
2002. Pelo segundo ano consecutivo, o ouro foi a melhor aplicação: rendeu 80,93%.
Segundo Fernando Pinto Ferreira, sócio-diretor da Global Invest, a valorização do ouro deve-se à alta do câmbio (por ser uma
commodity cotada em dólar o
ouro se beneficia da alta da moeda) e também às crises internacionais, pois houve uma procura
maior pelo metal, o que elevou os
preços no mercado externo.
"A possibilidade de uma guerra
contra o Iraque, a economia mundial mais fraca e as turbulências
no mercado interno formaram
uma combinação perfeita para a
alta do ouro", disse Ferreira.
O dólar foi a segunda melhor
aplicação do ano, com valorização de 53,2%. Entretanto, para
Marco Franklin, sócio-diretor da
ARX Capital Management, a volta
das linhas de crédito pode fazer a
cotação se manter ou até mesmo
cair, o que pode trazer perdas para quem continuar com o dinheiro em dólar ou fundos cambiais.
A alta de 25,31% da inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de
Preços ao Mercado) garantiu às
aplicações atreladas a este índice
um bom rendimento. Mas os analistas alertam que os ganhos podem ser menores com a diminuição da inflação e que esses fundos
não garantem que acompanharão
totalmente o IGP-M.
Os fundos de renda fixa, apesar
de não terem tido a maior rentabilidade do ano, continuam a serem vistos como uma fonte segura. "Como o ano terminou com
um patamar de juros muito alto,
pode ser que as aplicações rendam no ano que vem até mais que
em 2002", afirma Ferreira.
A não ser para quem investiu
em ações específicas, o mercado
de capitais foi o pior investimento
do ano. O Ibovespa terminou o
ano com perda de 17,01%.
Para Ferreira, a queda ainda é
fruto da acentuada desvalorização e ajustes que começou em
2000."A Bolsa foi mal esse ano em
quase todos os países. Na Alemanha, por exemplo, a perda foi de
aproximadamente 44%".
Mas para quem decidiu em
março adquirir ações da Vale do
Rio Doce, auferiu nos últimos nove meses um ganho de 67,65%.
Como a empresa é uma grande
exportadora, com os custos em
reais e receitas em dólares, ela foi
diretamente beneficiada com a alta do dólar.
Já para quem preferiu manter as
ações da Petrobras adquiridas em
2000, o ganho foi de apenas
6,61%. "A ação já havia subido
muito nos últimos anos e as incertezas econômicas fizeram o preço
cair rapidamente", disse Ferreira.
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