São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Aplicações que se beneficiam da crise foram bem no ano

Melhores aplicações foram o ouro, 81%, e o dólar, 53%

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

As aplicações que se beneficiam dos momentos de crise e incerteza econômica foram as que tiveram melhor rentabilidade no ano de 2002. Pelo segundo ano consecutivo, o ouro foi a melhor aplicação: rendeu 80,93%.
Segundo Fernando Pinto Ferreira, sócio-diretor da Global Invest, a valorização do ouro deve-se à alta do câmbio (por ser uma commodity cotada em dólar o ouro se beneficia da alta da moeda) e também às crises internacionais, pois houve uma procura maior pelo metal, o que elevou os preços no mercado externo.
"A possibilidade de uma guerra contra o Iraque, a economia mundial mais fraca e as turbulências no mercado interno formaram uma combinação perfeita para a alta do ouro", disse Ferreira.
O dólar foi a segunda melhor aplicação do ano, com valorização de 53,2%. Entretanto, para Marco Franklin, sócio-diretor da ARX Capital Management, a volta das linhas de crédito pode fazer a cotação se manter ou até mesmo cair, o que pode trazer perdas para quem continuar com o dinheiro em dólar ou fundos cambiais.
A alta de 25,31% da inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) garantiu às aplicações atreladas a este índice um bom rendimento. Mas os analistas alertam que os ganhos podem ser menores com a diminuição da inflação e que esses fundos não garantem que acompanharão totalmente o IGP-M.
Os fundos de renda fixa, apesar de não terem tido a maior rentabilidade do ano, continuam a serem vistos como uma fonte segura. "Como o ano terminou com um patamar de juros muito alto, pode ser que as aplicações rendam no ano que vem até mais que em 2002", afirma Ferreira.
A não ser para quem investiu em ações específicas, o mercado de capitais foi o pior investimento do ano. O Ibovespa terminou o ano com perda de 17,01%.
Para Ferreira, a queda ainda é fruto da acentuada desvalorização e ajustes que começou em 2000."A Bolsa foi mal esse ano em quase todos os países. Na Alemanha, por exemplo, a perda foi de aproximadamente 44%".
Mas para quem decidiu em março adquirir ações da Vale do Rio Doce, auferiu nos últimos nove meses um ganho de 67,65%.
Como a empresa é uma grande exportadora, com os custos em reais e receitas em dólares, ela foi diretamente beneficiada com a alta do dólar.
Já para quem preferiu manter as ações da Petrobras adquiridas em 2000, o ganho foi de apenas 6,61%. "A ação já havia subido muito nos últimos anos e as incertezas econômicas fizeram o preço cair rapidamente", disse Ferreira.


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