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TARIFAS
Reajuste, que deveria ser anunciado hoje, foi adiado, segundo a Aneel
PT "barra" alta de seguro antiapagão
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O reajuste do seguro anti-racionamento, que deveria ser anunciado até hoje para vigorar em janeiro, foi adiado. A informação
foi divulgada ontem pela futura
ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, e posteriormente
confirmada pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
A CBEE (Comercializadora
Brasileira de Energia Emergencial), empresa estatal responsável
pelo seguro, havia pedido aumento de 14%. O seguro, que vem discriminado na conta de energia como "encargo de capacidade
emergencial", deveria passar dos
atuais R$ 0,0057 para R$ 0,0065
por kWh consumido no mês.
O dinheiro pago pelo consumidor como seguro anti-racionamento serve para financiar o aluguel de 58 usinas termelétricas,
com capacidade de gerar até 2.153
MW em caso de risco de falta de
energia. Sem o reajuste de janeiro,
o próximo aumento, previsto para abril, pode ser muito maior.
O seguro é cobrado desde março e já foi reajustado em 16,3% em
junho. O novo aumento deveria
acontecer agora porque o valor
dos contratos dessas usinas emergenciais é reajustado com as variações do dólar e do IGP-M.
O presidente da CBEE, Ricardo
Vidinich, não contestou a decisão
da Aneel. "A conta tem que zerar.
Se a Aneel avaliou assim, é porque
acha que a conta vai zerar [arrecadação será igual ao pagamento].
Eu tenho que aceitar", disse.
A futura ministra de Minas e
Energia disse que os contratos das
usinas emergenciais que compõem o seguro serão analisados.
"Essas usinas foram objeto de
muitas denúncias. Nós iremos
olhar devidamente essas denúncias." Segundo ela, o governo do
PT cumprirá os contratos "desde
que eles sejam legais".
Adiamento
Ainda ontem, a Aneel negou pedido de reajuste extraordinário
para as distribuidoras de energia
para repasse dos custos da compra de energia no leilão das geradoras federais.
Esse aumento deveria acontecer
em janeiro e agora só irá acontecer nas datas normais dos reajustes de cada distribuidora.
O repasse fora da data normal
de reajuste constava de medida
provisória que estava em vigor
quando os leilões foram feitos.
Em votação no Congresso, essa
possibilidade foi retirada do texto.
Combustíveis
A futura ministra confirmou
que o próximo governo irá usar
recursos da Cide (Contribuição
de Intervenção no Domínio Econômico -imposto dos combustíveis) para evitar que o preço ao
consumidor dos derivados de petróleo oscile por causa das variações da moeda norte-americana e
do preço do barril de petróleo no
mercado internacional.
De acordo com Rousseff, a política de preços no país deve levar
em consideração o fato de a população brasileira não ganhar em
dólar. Ela afirmou que o uso da
Cide não é um subsídio aos combustíveis, e sim "um mecanismo
de redução de volatilidade".
O uso da Cide para estabilizar o
preço interno dos combustíveis já
havia sido discutido pelo atual governo no CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) e seria
deixado como sugestão para o governo do PT.
Energia elétrica
A futura ministra de Minas e
Energia disse que o novo governo
pretende usar a "energia velha"
das geradoras federais para evitar
reajustes elevados na tarifa de luz.
A "energia velha" é mais barata
porque é gerada por hidrelétricas
que já estão pagas - ou seja, cujo
investimento para construção já
foi amortizado.
"É possível no Brasil formar
com a energia velha o mesmo mecanismo de colchão que permita
que você não tenha que elevar o
preço da luz", disse Rousseff.
A futura ministra se disse contrária à elevação do preço médio
da energia ao custo das termelétricas para viabilizar investimentos. "O que eu não concordo é
com essa política de, em vez de
desatarraxar a lâmpada, girar a
escada", disse a ministra, referindo-se a uma política de aumentar
o preço da energia mais barata
(hidrelétrica) ao mesmo patamar
da mais cara (termelétrica) para
tornar investimentos no setor
mais atrativos.
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