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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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Queda do risco é recorde no ano

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

O risco Brasil -termômetro da desconfiança estrangeira nos títulos da dívida do país- vai fechar o primeiro ano do governo Lula com uma queda percentual recorde. No ano, o indicador acumula baixa de quase 68%. No final de 2002, estava em 1.446 pontos. Ontem, chegou a cair aos 468 pontos, menor nível desde maio de 98.
Esse indicador, calculado pelo banco americano JP Morgan, reflete a percepção de segurança que os investidores estrangeiros têm em relação à capacidade de um país de pagar sua dívida externa. Quanto menor o risco, menor o receio de um calote.
No ano passado, com a tensão pré-eleitoral, o risco brasileiro subiu 67,5%, atingindo o maior patamar da história -2.436 pontos, em setembro.
"Em 2004, o Brasil terá de fazer o dever de casa para derrubar o risco para 300 pontos. A economia terá de crescer de forma consistente. O país terá de atrair investimentos e exportar mais. O governo reduzir sua dívida", diz Francisco Carvalho, analista da corretora Liquidez.
Para Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal, a queda do risco Brasil em 2003 foi também favorecida pelo ambiente favorável às aplicações em títulos de países emergentes, que ofereceram ganhos elevados no ano. "Os juros nos EUA devem subir em 2004, melhorando o retorno dos seus papéis. Isso pode provocar uma saída de recursos no mercado dos países emergentes."
Mesmo em queda, o risco brasileiro é mais que o dobro do mexicano, que recuou 32%. Também registraram baixa no ano os riscos da Turquia (55%), do Peru (48%), da Venezuela (47%) e da Argentina (12%), que lidera o ranking com 5.600 pontos.
Para medir o risco, o JP Morgan calcula o retorno médio de cada título da dívida do país. Neste ano, o principal papel do Brasil, o C-Bond, se recuperou da forte desvalorização no ano passado e chegou a atingir neste mês cotação recorde ao ser negociado acima de 98,375% do seu valor de face.
O risco Brasil chegou a ser usado neste final de ano como peça da propaganda do governo, que citou, em anúncios, a queda do indicador como sinal de otimismo na política econômica do país.


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