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Queda do risco é recorde no ano
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
O risco Brasil -termômetro da
desconfiança estrangeira nos títulos da dívida do país- vai fechar
o primeiro ano do governo Lula
com uma queda percentual recorde. No ano, o indicador acumula
baixa de quase 68%. No final de
2002, estava em 1.446 pontos. Ontem, chegou a cair aos 468 pontos,
menor nível desde maio de 98.
Esse indicador, calculado pelo
banco americano JP Morgan, reflete a percepção de segurança
que os investidores estrangeiros
têm em relação à capacidade de
um país de pagar sua dívida externa. Quanto menor o risco, menor
o receio de um calote.
No ano passado, com a tensão
pré-eleitoral, o risco brasileiro subiu 67,5%, atingindo o maior patamar da história -2.436 pontos,
em setembro.
"Em 2004, o Brasil terá de fazer
o dever de casa para derrubar o
risco para 300 pontos. A economia terá de crescer de forma consistente. O país terá de atrair investimentos e exportar mais. O
governo reduzir sua dívida", diz
Francisco Carvalho, analista da
corretora Liquidez.
Para Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal, a queda
do risco Brasil em 2003 foi também favorecida pelo ambiente favorável às aplicações em títulos de
países emergentes, que ofereceram ganhos elevados no ano. "Os
juros nos EUA devem subir em
2004, melhorando o retorno dos
seus papéis. Isso pode provocar
uma saída de recursos no mercado dos países emergentes."
Mesmo em queda, o risco brasileiro é mais que o dobro do mexicano, que recuou 32%. Também
registraram baixa no ano os riscos
da Turquia (55%), do Peru (48%),
da Venezuela (47%) e da Argentina (12%), que lidera o ranking
com 5.600 pontos.
Para medir o risco, o JP Morgan
calcula o retorno médio de cada
título da dívida do país. Neste ano,
o principal papel do Brasil, o C-Bond, se recuperou da forte desvalorização no ano passado e chegou a atingir neste mês cotação
recorde ao ser negociado acima
de 98,375% do seu valor de face.
O risco Brasil chegou a ser usado neste final de ano como peça
da propaganda do governo, que
citou, em anúncios, a queda do indicador como sinal de otimismo
na política econômica do país.
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