Lalo de Almeida/Folha Imagem

Balões coloridos lançados do alto do prédio da Associação Comercial de São Paulo para comemorar o fim dos trabalhos do mercado financeiro no ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem apostou na Bolsa viu seu dinheiro praticamente dobrar neste ano. A Bovespa chegou ao fim de 2003 com valorização acumulada de 97,3%, ganho muito superior ao das outras aplicações do mercado financeiro.
Em ano de juros nas alturas, aplicações como os fundos DI tiveram bom desempenho, com rentabilidade média de 23% no ano. Os fundos DI são compostos basicamente por títulos que acompanham as oscilações das taxas de juros.
Um exemplo em números: o investidor que colocou R$ 5.000,00 em uma carteira que segue o Ibovespa no último dia do ano passado tem hoje R$ 9.865,00.
No último pregão do ano, o Ibovespa -principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo- fechou com alta de 0,87%, para encerrar em um nível nunca antes atingido, aos 22.236 pontos.
A grande dúvida dos investidores é se vale a pena voltar a aplicar em ações em 2004. A avaliação de analistas é de que se a economia brasileira realmente crescer, haverá espaço para a Bolsa voltar a ser um investimento rentável.
"É difícil fazer um prognóstico para o ano que vem, depois de a Bolsa subir tanto. Mas se acabarem se confirmando as expectativas de que em 2004 a economia vai crescer algo em torno de 3,5%, a Bovespa pode subir uns 20%, 25% durante o próximo ano" afirma Gregório Mancebo, diretor da corretora Socopa.
Outras aplicações bastante rentáveis no ano foram os fundos abertos com recursos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) formados por ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras.
No ano, as ações ordinárias da Vale, que compõem os fundos abertos com recursos do FGTS, acumularam valorização de 64,7%. As ações ON da Petrobras subiram 59,3% no período.

Perdas
Já a grande decepção ficou por conta do dólar. Diferentemente do ano passado, quando subiu 53%, a moeda norte-americana representou prejuízo para o investidor que decidiu comprar dólares ou entrar em um fundo cambial. A moeda chegou ao fim de 2003 com baixa de 18,1% diante do real. Para comprar US$ 1,00 no fim das operações de ontem eram necessários R$ 2,902.
Para os mais conservadores que seguem com suas economias na caderneta de poupança, a rentabilidade no ano ficou em 11,1%. Apesar de baixo, o retorno da poupança ficou acima da inflação em 2003. O IGP-M ficou em 8,71% no ano.

Migração
"Com a expectativa de que os juros reais vão seguir em baixa no próximo ano, esperamos que recursos migrem das aplicações de renda fixa para o mercado acionário. Quem desejar um retorno adicional, vai ter de correr mais riscos", afirma Noriko Yokota, gestora de renda variável do Sudameris/ABN Amro Asset Management.
Neste ano, apesar dos ganhos elevados da Bolsa -foi o melhor ano da Bovespa desde 99, quando subiu mais de 150%-, os fundos de ações perderam recursos. Levantamento da Anbid mostra que os fundos de ações tiveram captação líquida -diferença entre os resgatado e as aplicações- negativa de cerca de R$ 1,4 bilhão no ano. Em dezembro, esse saldo estava positivo em R$ 424 milhões até o último dia 23.
Com a alta do euro diante do dólar, algumas pessoas começaram a apostar na moeda européia como investimento. Diante do real, o euro oscilou pouco.
Pela cotação média levantada pelo Banco Central, o euro encerra 2003 com pequeno recuo de 2,1%. Em dezembro, até o dia 23, os fundos cambiais que seguem o euro tinham ganho de 2,76%, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Apesar do crescimento dos fundos cambiais que seguem o euro, o segmento ainda representa parcela ínfima na indústria de fundos, com participação de apenas 0,02% no patrimônio total. Os fundos que acompanham o dólar representam 1,13% do total.


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